Quando é pra ser

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O ano estava acabando. Faltavam poucas semanas até as férias de verão. Débora e eu estávamos sentadas em nossas carteiras conversando sobre as provas finais. Eu não estou tão bem de nota, posso reprovar em duas ou três matérias caso não me esforce um pouco.

- Estou preocupada. Tenho faltado demais nas primeiras aulas. É capaz de me reprovarem por faltas. Além disso minhas notas não estão sendo das melhores.- Deb comenta.

-Te digo o mesmo. Se minha mãe souber que eu reprovei em alguma matéria, não vai me deixar viajar pra ver meu pai.- falo enquanto tento remover o esmalte das minhas unhas.

-Bom dia gente. - Rosalyn puxa uma cadeira e senta ao meu lado. - Preocupadas com as provas?

-Um pouco. - Respondo.

-Estou mais preocupada com as aulas que matei.- Débora chega a suar frio.

-Realmente foram muitas. Mas não se preocupa, acho que não vais reprovar não.- Rosalyn sorri e debruça em minha carteira.

A professora Amélia entra na sala animada e pede à cada aluno que se sente em seu lugar.

-Depois tenho que conversar com vocês. -Rosalyn avisa e sai em seguida.

Débora e eu nos entreolhamos curiosas e depois voltamos nossa atenção à professora.
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Rosalyn entrou em nosso colégio esse ano. No início ela havia sido muito bem recebida. Por todos. Sem exceção. Ela é uma pessoa maravilhosa. Sempre ouve, está disposta a ajudar a qualquer hora. Mas uma coisa que não possui é paciência, fala o que vem na cabeça e nunca deixa de ser sincera. Em pouco tempo viramos amigas, porém, como na maioria dos casos, Lyn (como apelidamos ela), começou a namorar com Kobby e se afastou.

Kobby também andava comigo. Ele estuda no Terceiro Ano. Nos conhecemos em um acampamento, quando eu tinha 13 anos e ele 14.
Me lembro muito bem... Era um sábado e estava escurecendo. Estávamos na trilha. Ele e eu no fim das filas. Quando de repente ouvimos um barulho e olhamos pra trás. Ficamos parados, perplexos, ao vermos um veado parado nos encarando. Em vez de gritarmos e chamarmos os professores para verem o animal também, ficamos em silêncio e começamos a dar passos pequenos para chegar perto dele. Mas como o animal era selvagem, se assustou muito rápido e foi embora. Isso acabou me decepcionando um pouco. Mas o pior foi depois, quando eu me virei pra frente e vi que todo mundo já havia sumido. Olhei diretamente para Kobby, assustada. Ele estava com o semblante mais calmo possível. "Vem comigo. Acho que consigo achar o caminho de volta." Ele disse (consigo lembrar até hoje). Enquanto eu o seguia, conversamos muito. Conheci Kobby de uma forma tão especial, que depois quando voltamos ao acampamento, ficamos conversando a noite toda, e resolvemos dormir juntos.

Depois desse dia, ele passou a ser meu irmão mais velho. Mesmo não falando tanto comigo depois do acampamento, sempre esteve disposto a me ajudar e defender. Porém, esse ano as coisas mudaram um pouco. Kobby passou a estudar mais. A gente quase nunca se vê, principalmente agora que está namorando a Lyn...

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Já estávamos na metade da terceira aula. Sociologia, com o Professor Magnus.
Eu estava sentindo alguns olhares do Peter em mim. É algo que me incomoda demais.
Não gosto quando me encaram ou ficam reparando em mim.
Como ele senta na fileira ao lado um pouco à minha frente, eu consigo ver ele virando a cabeça fingindo falar com Fergie que senta atrás dele, pra poder me olhar.

Tento não me importar com isso e começo a prestar atenção na aula. Até que dá certo. Bom... Por um tempo.
Uns dez minutos depois perco a paciência e começo a encará-lo também, mas com um olhar nada amigável.
Que cara chato! Não tem o que fazer não?