Por Onde Andei

Carlos Eduardo - Você vai mesmo continuar com essa garota?

─ Meu filho, você vai mesmo continuar com essa garota? – Sabia que ela não conseguiria ficar calada. Estávamos somente os dois no escritório acertando os últimos detalhes do próximo show.

─ Mãe, a senhora vai insistir com esse assunto? – Levantei o olhar da planilha que estava conferindo.

─ Meu amor... – Dona Débora insistia. – Eu sonhei tanto mais para você. – Veio para perto de mim. – Essa menina é problema, Kadu.

─ A senhora tira isso da onde?

─ Eu sinto. Todas as vezes que eu os vejo juntos, eu me angustio. Vai logo me dando uma dor no coração. Um aperto.

─ Dona Débora, o que é que tem por detrás dessa intuição? – Não pude deixar de sorrir. Mamãe sempre foi dada às chantagens emocionais.

─ Não estou brincando, Kadu. – Minha mãe se irritou.

─ Eu só queria saber o porquê de você implicar tanto com a Bruna?

─ Oras, ela é uma menina abusada, agressiva, mandona...

─ Exatamente como a senhora. – Levantei meu olhar por cima dos óculos.

─ Carlos Eduardo!

─ Não me leve a mal, mãe. Bruna é tudo isso mesmo. E mais tantas outras coisas desagradáveis. – Cansado da ladainha, tirei os óculos e esfreguei meus olhos. Mamãe pareceu gostar das palavras. Respirou aliviada. Seu cenho mudou novamente quando tomei fôlego e continuei. – Mas também é determinada, divertida, companheira. Exatamente como a senhora.

─ Aquela menina nunca será igual a mim... – Resmungou.

─ Aquela menina tem nome, mãe. Ela se chama Bruna. A minha namorada. – Encerrei a brincadeira e voltei ao trabalho ainda com o sabor da palavra namorada na boca.

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