Para completar a sensação de desconforto, hoje era o dia do ensaio para a revista. Ele saiu cedíssimo. E eu não o censuro, provavelmente teria feito a mesma coisa depois da palhaçada que armei ontem. E eu não tive cara de ir para a escola. Dessa forma, nos veríamos apenas no estúdio.
Cheguei mais cedo que ele. E nem me preocupei em saber se vinha ou não, se lembrava ou não do compromisso, porque quem agendou o ensaio e o cachê, da parte de Carlos Eduardo fora Dona Débora. De modo que era mais fácil o mundo acabar do que ele faltar.
Fiz cabelo. Penteado de festa sempre dá trabalho. Então, levou quase duas horas a parte da arrumação. Depois, figurino. Pelo que entendi, seriam quatro roupas. Quatro longos. Modelos para quinze anos e formaturas.
Eu começaria com o tradicional vestido cor-de-rosa. Esse era todo trabalhado com pedrarias e bem estiloso, tinha umas transparências no bordado da cintura, bem colado ao corpo e depois abria no saião balão que as debutantes tanto gostavam. Meio princesa, meio gatinha.
Comecei a tirar as fotos sozinha. As fotos que mostravam os detalhes do vestido. Até aí, não tive notícias de Kadu. Então, ele entrou. Discreto como sempre. Elegante como sempre. Smoking. Ramalhete e rosas cor-de-rosa na mão. E eu me senti exatamente como as garotas que sonhavam com um vestido daquele. Uma debutante esperando seu príncipe.
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Por Onde Andei
Ficção AdolescenteNo quarto volume da série Nando, pela primeira vez, temos a visão simultânea dos dois protagonistas: Bruna e Carlos Eduardo. Ela, atriz desde menina, não está acostumada a confiar nas pessoas. Resolve os seus problemas a sua maneira, nem sempre acer...