Capítulo 71

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Malu

Quando mamãe abriu seus braços e me deixou ir meu coração ficou menor , bem menor mesmo que meu tamanho e isso traduzia em um choro copioso conforme o estranho me encaminhou do corredor até seu carro quando enquanto batia em suas costas e gritava por mamãe .
- Solta - Gritava estrangulada como podia pois uma sílaba era quase um gemido de dor .
- Você agora vai comigo . Eu sou teu pai - Mas era tudo tão confuso .
Até aquele momento da vida , que era tão curta , sempre tive em mim o pensamento de que William era meu pai e não ia mudar porque um homem mal disse que era meu pai .
E eu não ia fazer nada para mudar o que pensava se não ia tentar me confundir mesmo não conseguindo porque se ele fazia minha mãe sofrer eu não acreditava em nada dele .
Me colocou no banco de trás do carro e me coloquei de joelhos no banco virada para trás enquanto via pelo vidro o carro se afastar buscando um último olhar de mamãe que nunca veio .
Ela estava destruída , eu igual .
Também confusa , estava .
Mal me deram chance de saber mais do que era meu pai e que tinha de ir .
- Bem vinda a sua nova casa - Avisou assim que descemos em frente a um prédio grande e frio demais .
Impessoal demais .
Tal como os apartamentos , vim a descobrir logo depois .
- Cleche - Relembrei assim que fitei o relógio perto da porta da cozinha .
- Que creche ? - Perguntou coçando a própria cabeça , viria a saber posteriormente que era uma mania sua .
Cruzei os braços e me emburrei.
Esse homem que se dizia meu pai não sabia absolutamente nada sobre mim nem sobre minhas coisas .
- Quelo minha casa - Me pus a chorar naquele instante me dando conta de que não poderia chamar minha mãe  durante as manhãs e envolve - la entre meus braços e que tampouco poderia tomar o chá das seis com William .
Foi inevitável não chorar naquele lugar estranho de costumes estranhos .
- Não chore . Olha toma isso e compra alguma coisa que queira - Me Estendeu uma nota mas a rasguei .
Do que adiantava para alguém como eu que só desejava no mundo ter minha vida como era a meia hora atrás ?
- Você acabou de rasgar dinheiro ? Meu dinheiro ? - O vi irritado de repente e me encolhi instintivamente mas como herdado pela minha mãe não fui capaz de baixar a cabeça e o olhei de baixo para cima .
- Estlessato - Dei língua e ele mais alterado me mandou ao armário onde me trancou e puxei os joelhos próximo do peito deixando cada lágrima de saudade escorrer .
Saudade , sim apesar de ter visto minha mãe a pouco tempo pois em seu acalento me sentia tranquila e amada .
Enxuguei o rosto para dar lugar a novas lágrimas e escutei um ringtone de algum rock muito mais velho que eu .
Logo depois um alô .
- Michelle ? - Indagou e me confundi ainda mais correndo na direção da porta .
- Você não pode me ignorar simplesmente . Eu tenho a menina como queria mas ela não fez menção de vir até mim como você disse que viria ao me contatar de novo . Fora que corro risco estando aqui - Falou .
- Então você garante que ninguém vai descobrir sobre nossa forte ligação ? - Perguntou.
- Não sobre ser "casados" tonta . Sabemos o que isso significa , me refiro a pior verdade de nossas vidas e que nos une com morte - Morte ? .
Não tive mais a chance de escutar pois ao que parece ele desligou o telefone e fiquei no meu canto tão restrito em ar inclusive o conhecendo e me familiarizando . Sabendo que muito posteriormente se tornaria o lugar que mais conheço daqui devido ao tempo que passei entre as jaquetas e camisas de Ivan .
Até o dia que inclusive encontrei uma arma sua .
Me assustei muito nesse então .
Foi o pior dia que fiquei trancada aqui porque pensei muito enganada que sua mulher seria mais condecendente já que era loira como um anjo .
Mas era igualmente perversa já que incluisve apertava meu braço e me esqueceu quase um dia inteiro aqui fazendo com que o choro fosse inevitável e a fome também .
Não conseguia dormir , não brincava e era constantemente ameaçada com  voltar ao armário e implicitamente com a arma atrás da caixa de sapato .
Eles poderiam fazer mal demais .
Meus dias só eram melhores e coloridos quando podia ver minha mãe ou falar o pouco que fosse com William .
Mas nem de tudo podia falar , dizia coisas meias e até mentia amedrontada prometendo a mim que não diria jamais para não ver minha mãe chorar também .
Ela era uma guerreira , eu o seria também .
Tudo o que queria era ser metade do que ela é então eu só fingia estar bem para não te - la preocupada mesmo que a longo prazo fosse o pior para mim ...
" - Eu acabo com ela e começa por você ..."

Diria que se bem prestarem atenção esse pov da Malu é cheio de spoiller do babado todo .
Como podem perceber optei por uma linguagem mais cuidada afim de que melhorasse o compreensão de vcs fosse melhor .
Esse pov não existe na história como originalmente quase terminei de escrever mas o acrescentei mediante a sugestão de _Mendes__Army_ , espero que tenha ficado claro um pouco de como foi para Malu de forma bem sucinta esse período .
Confesso que decidi não dramatizar viu ? não basta o quanto triste para Mai então simples , escrito hoje mas espero que tenha valido!

Maktub - O escrito pelo destino jamais será apagado ...Onde histórias criam vida. Descubra agora