Ideia inicial retirada da apostila do sistema de ensino objetivo, na matéria língua portuguesa.
Apostila 4 – 2017:
Prática de Redação 22, página 283.
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Era final de tarde quando Alisson acabara de sair da faculdade. A universitária esperava seu ônibus para ir pra casa depois de um dia cansativo de estudos.
Não demorou muito para o ônibus chegar. Alisson entrou, acenou para o já conhecido motorista e foi para o mesmo lugar de costume se sentar.
Ao olhar para o banco ao lado, viu um livro de poesias de Ezra Pound, aparentemente esquecido.
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A mesma pegou o livro e começou a folheá-lo, e logo encontrou um bilhete entre as páginas. Ela pensou em apenas deixá-lo ali, mas a curiosidade falou mais alto e a garota abriu o bilhete e começou a ler. Logo de cara, percebeu que era um rascunho.
São Paulo, 13 de março de 2017
Meu amigo
Também estou preocupado há tempo com suas reações. É bem verdade que seus problemas são muitos, e graves, mas sua morte certamente não é a melhor solução. Entendo que você esteja cansado mas ainda há vínculos que o prendem à vida: pense nas mulheres que o amaram e naquela que ainda o ama. Pense nos seus amigos e na falta que você fará a eles – e principalmente a mim.
Pelo amor de Deus, não se precipite. Venha conversar comigo hoje, às quatro horas, em minha casa.
Fausto.
Depois de ler o bilhete, Alisson continuou revirando o livro, à procura de uma pista sobre o dono dele. Não encontrando mais nada, Alisson, frustrada com a situação, colocou o livro de volta no banco, da maneira como tinha encontrado.
Estava seguindo a viagem pensativa, sobre o bilhete e o remetente. Para dispersar os pensamentos, Alisson pegou seus fones de ouvido na bolsa e colocou uma música para se distrair. Ao olhar a hora em seu celular, viu que já passara quinze minutos das quatro horas, tal horário de encontro marcado no bilhete. Preocupada e sentida com a situação, Alisson desejou que tudo ficasse bem com o remetente do bilhete depois de conversar com seu amigo.
Alisson acabara por pegar no sono durante a viajem, mas uma brusca parada fez com que ela despertasse.
Um homem tinha pedido a parada do ônibus. O mesmo entrou com pressa, mas sem deixar de ser simpático e cumprimentar o motorista e passageiros.
Ele caminhou em passos largos até onde Alissonestava sentada, pediu licença para a garota e pegou o livro que estava ao seulado. O mesmo já caminhava até a porta do ônibus, mas Alisson o chamou a atenção:
-Fausto?!
-Pois não? –O homem retornou um tanto confuso, perguntando-se como a menina sabia seu nome.
-Seu amigo do bilhete no livro, ele está bem?
-Oh, sim. Conversei com ele agora a pouco durante meu intervalo no serviço, consegui reanimá-lo e tirar suas idéias suicidas da cabeça. Estou muito feliz por isso, mas agora tenho que voltar ao trabalho. Obrigado por perguntar mocinha, até logo.
-Por nada! Tchau!
Alisson esboçou um sorriso. Se sentiu aliviada em saber que hoje uma vida foi salva. Como Fausto disse na carta, Alisson também acreditava que tirar a própria vida não é a melhor solução para alguém com problemas.
O ônibus andou por mais alguns centímetros e parou novamente. Mesmo com os fones, Alisson pôde ouvir o barulho de carros freando do lado de fora, e assim que o ônibus parou, todos olharam pelas janelas. Alisson, curiosa, também olhou e percebeu que tinha acontecido um acidente. A mesma desceu do ônibus para ver de perto e quando conseguiu passar pelo aglomerado de gente, viu que o homem com quem acabara de falar tinha sido atropelado. Alisson entrou em choque.
Não demorou muito para os bombeiros chegarem, e logo que se aproximaram do corpo, constataram que o homem havia morrido.
A garota retornou para seu acento no ônibus e esperou até que o mesmo seguisse caminho. Alisson sempre ouviu falar sobre como a vida passa rápido ou como deve aproveitar a vida antes que seja tarde demais, mas nesse dia Alisson realmente compreendeu que não sabemos nada sobre o dia de amanhã, mas sabemos menos ainda sobre o restante de hoje...
