Garota Solitária

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Quando a morte me foi apresentada

Conheci a garota triste,

Uma garotinha assustada em seu mundo,

uma casca vazia.

Ela habitava não muito distante de todos,

Estava tão perto de mim e eu nunca a tinha visto,

Ninguém nunca a vira.

Eu me perguntava como ela podia ter vivido tanto tempo sem eu conhecê-la.

Era uma garota tão só,

Tão triste que nunca deixava de chorar,

Alagando o mundo com suas lágrimas.

A escuridão crescia ao passo que seu cantinho de luz diminuía

E a garota tentava manter-se no pouco que lhe restava.

Mas não havia luz em seu mundo.

Suas lágrimas escorriam desesperadas.

A garota gritava e chorava,

Pedia por socorro e implorava,

Mas ninguém vinha abraçá-la.

Em seu mundo não havia mais ninguém.

A garota era tão só que sua dor assumira uma forma humanoide.

Há tanto tempo a garota triste tivera muitos amigos,

Mas eles eram ocos, Cascas sem alma que ignoravam sua dor.

Riam quando ela queria chorar. Era tão difícil fingir que estava bem,

Doía mais que os cortes em seus pulsos e coxas.

Parecia haver passado tanto tempo,

Mas em seu mundo não existia o tempo.

Risos ecoavam até ela,

Mas a felicidade ela esquecera,

Eram apenas murmúrios desconhecidos do vento.

Com uma fria lâmina seu peito a garota abrira,

E seu coração pulsava fora do corpo,

Para estar mais perto das pessoas,

Mas ninguém a alcançava. Ninguém a via.

Às vezes a avenida que ela estava se enchia de pessoas,

Chorando sangue ela pedia ajuda e se colocava na frente deles,

Gritava por socorro, Mas em seu mundo não havia som.

Queria tanto que alguém a visse,

Que a ajudassem,

Mas em seu mundo apenas a solidão a buscava.

Suas lágrimas há muito secara

E sangue a garota chorava.

A tristeza era uma doença sem cura.

O veneno de sua alma pura.

O mais próximo do amor era a amargura.

A torrente de sentimentos ruins dominava seu coração

E a monção de tristeza controlava a sua alma.

A garota estava presa numa tempestade de dor.

A garota queria fugir de tudo,

Mas saída em seu mundo não havia.

O frio a congelava,

Um abraço a garota triste queria para fugir do frio,

Era tudo que a garota precisava.

Um abraço aqueceria seu coração exposto.

Seus sentimentos bons estavam abandonados.

Há tanto tempo que enraizavam no chão,

De onde floresciam os sentimentos ruins.

Coitada da garota triste,

O fim ela encontrou,

Da vida ela desistiu.

Um revolver aos lábios levou,

O gosto da pólvora não era tão amargo quanto sua dor.

A arma disparou e o fim levou,

A felicidade encontrou.

Mas que dó da garota triste.

Em seu mundo fim não há,

Em seu mundo a felicidade não existe.

Com uma lâmina fria os pulsos ela cortou,

Mas de suas veias sangria não houve.

Pelo pescoço se dependurou,

Mas a corda arrebentou.

O coração ela arrancara

E muito longe atirou.

Coitada da menina triste,

Nem a morte a desejava.

Em seu mundo a morte não existe.

Cansada de procurar pela felicidade,

Exausta de olhar em todos os cantos sombrios atrás de amor,

No chão a garota triste se atirou.

Seu grito pela primeira vez soou,

Suas lágrimas voltaram em prantos,

E a escuridão ao redor dela se fechou.

Apenas quando os olhos ela fechou,

Seu salvador ela pode ver,

Aquele que correra atrás dela desde sempre.

Um corte no peito ele tinha,

E as duas mãos estendidas ele mantinha.

Na direita, a palma estava virada para cima a fim de ajudá-la a se levantar,

Na esquerda o seu coração segurava.

Para ambos dividirem.

E num abraço a dor terminou.

Coitada da garota triste.

A garota triste que sou eu.

E a felicidade ela finalmente reencontrou...

Músicas, Canções e Devaneios de Uma Garota DepressivaOnde histórias criam vida. Descubra agora