Capitulo 36 - Adeus?

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Certifiquem-se de que estão lendo detalhadamente os capítulos, por que estamos na reta final e eu já tenho tudo pronto, então os capítulos serão postados um pouco mais rápidos que antes.





Sinto-me presa num túnel, gélido e desesperador; dividido em tons cinzentos com pequenos borrões tristes e escuros

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Sinto-me presa num túnel, gélido e desesperador; dividido em tons cinzentos com pequenos borrões tristes e escuros. Ficar naquele lugar tira o meu dom de respirar, como se eu estivesse tão sufocada a ponto de desfalecer a qualquer momento.

Estou presa nesse túnel há quase vinte minutos. Perdida em pensamentos sombrios desde o instante em que Paulo saiu, batendo a porta com atrocidade atrás de si, vestido apenas no uniforme da Juventus que mal teve tempo de trocar.
Agora estou aqui, sem fazer ideia para onde ele foi, desesperada demais para saber o que fazer. Sem nem mesmo conhecer alguém nessa cidade.

Ding-dong.

A campainha do quarto toca e me levanto as pressas da cama para ir até lá. O cartão-chave de Paulo ficou jogado em cima da cama e talvez ele esteja mais calmo agora.
Talvez eu tenha a chance de explicar-lhe o mal entendido. Acabar com todo este drama angustiante e não mentir nunca mais.

A porta com tons dourado e prata desliza delicadamente a minha frente, mas ao invés dos olhos esverdeados que eu esperava, olhos escuros e oscilantes estão me encarando numa mistura de pena e tensão. Eu devo estar feito um caco para ele me olhar assim, mas, nem mesmo sei como fingir agora. - Eu trouxe o seu jantar, senhora. -o homem diz.

- Ah. -eu retruco, meio grogue, meio decepcionada. - Ã... Obrigada.

Ele empurra o carrinho com comida para dentro do quarto e me encara por um breve segundo. Vou até a mesa de cabeceira e pego uma nota de vinte da carteira de Paulo. Era invasivo, mas era a única coisa que me restava ali.

- Não! -o rapaz diz, num quase sussurro. Está cauteloso demais e penso se não existe algo errado em seu olhar. - Eu não posso aceitar. Hm... Na verdade, eu vim lhe entregar algo.

Enfia as mãos nos bolsos do uniforme muito bem passado e detalhadamente limpo, tirando de lá um pequeno amontoado de papel claro e me entrega.

Uma passagem.
Dinheiro.
Um cartão com dois horários diferentes.

- O que significa?

Ele balança a cabeça, levemente temente. - O senhor Dybala me pediu para entregar isto a senhorita. Um carro virá buscá-la às sete e vinte para levá-la até o aeroporto em segurança.

Levanto a cabeça, desnorteada.

- Onde ele está? -fricciono as mãos no braço do rapaz antes mesmo que eu me dê conta do que estou fazendo. - Por quê ele enviou isto?

Ele está sem reação, meio falho, meio vergonhoso. Está fazendo uma daquelas caras que você prepara quando vai dar uma notícia ruim para alguém.

- Ele pelo menos vai voltar?

- Ele pagou a conta do hotel e, mandou-nos fechar a estadia no instante em que a senhora saísse. Antes de seguir para o carro particular, me chamou num canto e deixou isto para que eu entregasse a você pessoalmente. -fecho os olhos. - É apenas o que eu sei. Desculpe, senhora.

Engulo a bile formada em minha garganta, e quando abro os olhos, voltando a encarar o funcionário, percebo que o meu rosto está úmido. - Eu tenho de ir. -ele retruca. - Melhoras, senhora.

A porta é fechada numa par de segundos e logo eu estou na cama, chorando feito uma criança sem refúgio.

Você é intensa demais com os seus sentimentos, filha. Mas não pense que isso é ruim, por quê não é. Deus te deu um dom, que é o amor em excesso. Por um lado, é meio assustador por quê eu sei que um dia irá sentir algo com tanta intensidade, tão extremamente forte e tempestuoso e, explosivamente vasto, que, pode acabar machucada, mas quem nunca se machucou? Pode demorar um tempo, mas a ferida vai sarar.

- Eu queria tanto que vocês estivessem aqui!

Aperto o travesseiro e enterro o meu rosto nele, deixando que a intensidade suavize em lágrimas.
Eu o amo tanto, e, fiz tantos planos e... por quê toda vez que eu acho que vai dar certo, tudo desanda?

Meu pai saberia o que me dizer agora. Enfiaria os seus dedos em meu couro cabeludo e acariciaria o meu cabelo até que eu adormecesse em seu colo até que a dor estivesse dormente, deixando-me de lado por um breve instante; E mamãe faria um daqueles cafés tão forte ao ponto de acalentar os ossos unindo-se com todo aquele efeito reverso da adrenalina e a cafeína e...
Eu não tenho ninguém agora.

A única pessoa que eu pensei que havia sido enviada por Deus para suprir a minha solidão, se foi, levando consigo o meu coração e a minha paz e a minha alegria, deixando tudo cinzento mais uma vez.





A bolsa de um homem esbarra no meu braço e quase me faz cair no chão "Eu te machuquei?" Ele pergunta, mas já estou machucada antes mesmo da sua mala me encontrar. "Eu estou bem." Eu digo, andando lentamente no saguão recém limpo.
O cheiro de alvejante de kiwi misturado ao odor de café e as panquecas com perfumes diferentes me faz querer vomitar enquanto vou caminhando até a sala de embarque.
Prendi o meu cabelo num rabo de cavalo e passei um pouco de rímel para tentar me sentir melhor, numa tentativa falha pois acho que estou como uma morta-viva depois de ficar acordada durante toda a noite chorando e suplicando e martirizando-me, e...
Estou prestes a entrar num avião de volta para Turim, tendo de adaptar-me na minha antiga vida e acho que será um pouco mais difícil viver naquela cidade sabendo que um pedaço meu foi deixado aqui, em Roma.

Quando sento-me na poltrona fofinha e aconchegante, sinto que sou traidora com meu próprio eu em aceitar uma passagem de primeira classe do mesmo cara que me deixou sozinha numa cidade que eu nunca estive antes. Um cara que me abandonou e que ao menos teve coragem de me olhar nos olhos e dizer que ia embora.
Um cara que deixou uma marca meio lilás em meu pulso por que não foi homem o bastante de me escutar. De deixar-me explicar.
Alguém que preferiu ir embora, deixando nós, a nossa história e tudo o que vivemos para trás.

Durante toda a noite acordada eu parei para pensar um pouco em tudo o que aconteceu e percebi que antes de amar alguém eu tenho de amar a mim mesma. Pôr-me em primeiro lugar e não deixar que nada ultrapasse o meu sentimento por mim mesma.

KATRINA | DYBALA ✨ Onde histórias criam vida. Descubra agora