Capítulo 1: Lembranças e amarguras

29 5 1
                                    


Era uma manhã suave como as outras, a diferença é que eu sentia a falta dela mais do que nunca, ali no mesmo lugar onde ela era a minha companheira de todas as manhãs, durante anos e anos... acordava e via ela ajoelhada na cama, intercedendo pelos nossos filhos, e depois levantava e fazia aquele café que só ela sabia, tudo se tornou tão ofuscado, as manhãs custavam brilhar...

***

Já faz dois anos que Angeline se foi, e meus filho me ligam e dizem que devo encontrar uma outra companheira, contudo sei que aonde quer que eu vá, jamais encontraria alguém pra me amar e me respeitar como Angeline...

Fui até o cume de nossa fazenda onde dava de avistar o sol nascer, as aves voando de seus lugares aonde passaram a noite, ao longe o cantar do galo se ecoa, e assim sucessivamente ao redor nas casas dos sitiantes vizinhos, meu cavalo tropeiro corre de um lago para o outro todo radiante ao ver os raios de sol na terra, quando estou ali no campo observando as plantações, juntamente com Star, cachorra que nossa filha Micaeli havia presenteado no natal, sento no chão, enrolo, e ajeito um cigarro para fumar, Star está com um olhar sereno e triste, vem até a mim e deita no meu colo, enquanto acaricio-a, lagrimas escorrem dos meus olhos, perco o equilíbrio e a emocional que por anos estava escondendo dentro de mim, me ajoelho jogando o cigarro aceso ao lado e grito com todo o oxigênio que restava no meu pulmão olhando para o céu calmo e sereno acima de mim: "PORQUE SENHOR? PORQUE A MINHA ANGELINE?", os soluços toma conta de mim, desabo para trás, enquanto engasgo com meu próprio choro, me sinto um inútil, flashes de memórias me arremetem ao enterro de Ange, quando chegamos ao cemitério e após descerem o caixão me ajoelhei à beira da cova, e a minha amada ali, dentro daquele buraco negro no chão e as suas ultimas palavras ecoando em meus ouvidos...

Pego um bocado de terra na mão, em ato simbólico, e digo: Ange, eu me equivoquei ao dizer aos nossos filhos que você levou uma parte de mim com você, porque sinceramente, ( lagrimas escorrem e cai dentro da cova, começo a soluçar, meus filhos se aproximam e me seguram pelo braço, quando termino a frase) você levou o resto que havia em mim!...

***

Fiquei ali horas daquela manhã, deitado naquele campo, o sol não estava tão quente, a manhã ia se iniciando e estava um tanto ofuscado, com um clima virado para fazer frio, o vento soprando a brisa no meu corpo ali jogado, o céu cinzento e algumas nuvens brincando de entrar na frente do sol vez em quando...

lembranças escoavam na minha memória, me arremeteram no tempo de jovens quando nos conhecemos, ela era tão linda e jovem, e eu cheio de energia, com espírito de adrenalina correndo nas veias, fazíamos grandes aventuras, lembrei de certa vez quando estávamos namorando eu trazer ela ali no mesmo lugar que agora me encontrava, ela havia feito um bolo e havia trago um lençol onde sentamos e observávamos toda aquela grandeza, na fazenda que pertencia o meu pai e agora me pertence, crio forças e me assento novamente olhando em volta aquelas mesmas montanhas azuis que insistiam em continuar quando a própria visão já não conseguia observar tamanho espetáculo. Naquela tarde, ela estava com um vestido azul claro com vários desenhos de bicicletas e livros, seu cabelo solto, seguia o rumo do vento, seu perfume, aquela fragrância, sua voz é tão familiar que parece soar aos meus ouvidos como que se fosse a exatamente vinte e sete anos atrás, dizendo: Bene, olhe, aquelas montanhas, Hey olhe ali a altura daqueles pássaros, lágrimas tornam a jorrar pelo meu rosto, o vento soprando tão forte, que me lembrei quando levávamos o irmão mais novo dela para soltar pipa...

Perdi a noção do tempo que estive ali, agora o sol já enegrecido, trovoadas e relâmpagos nas altas montanhas anuncia que a chuva está por perto, chamo Star, mas acho que ela já retornou para casa e eu nem havia percebido, lembranças me fizeram ficar afogado ali em cima daquele morro de minha fazenda, me esforço para chegar em casa antes da chuva, mas a energia de jovem já havia se esgotado a alguns anos, descia com cuidado pois o equilíbrio já não era mais o mesmo, e a chuva caia sobre mim, levando as lembranças e aumentando o recipiente de rancores e dores que a vida tinha acumulado para mim!

resolvi tomar um banho, foi quando eu notei, que já eram 15:00 horas da tarde!

O Caminho da RazãoWhere stories live. Discover now