Your Smile

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Já era quase uma da tarde quando Michael chegou ao restaurante apressado. Tinha pouco mais de trinta minutos para engolir alguma coisa e voltar para a faculdade, mas precisava falar com Simon, afinal, ele o tinha até mesmo visitado noite passada. Procurou pelas mesas até encontrar o homem de terno e óculos lendo alguns documentos.
- Boa tarde. – falou sentando-se junto dele.
- Boa tarde, Michael.
- Está esperando há muito tempo?
- Imagina, eu sei que você tem seus horários na aula, não se preocupe. Fiquei feliz que pode vir se juntar a mim no almoço.
- Ian me avisou que veio ontem lá em casa, mas eu tinha saído. Aconteceu alguma coisa com a empresa?
- Não, está tudo em ordem. Queria saber como estava. Tenho alguns documentos que gostaria que você olhasse depois, burocracias de sempre.
Estendendo-lhe a pequena papelada, Michael passou os olhos por cima das letras miúdas rapidamente, guardando-os numa pasta em sua mochila, e chamando o garçom para atendê-lo.
- Vejo que recentemente você tem ficado bastante energético, Michael. – comentou por alto quando o garçom deixou-os à sós – Há algum motivo para isso?
- Nada de mais, só não tive nenhum problema para ficar me preocupando.
- Entendo.
- Esses documentos que me deu, devo entregá-los quando?
- Se possível até segunda-feira, no máximo. Sei que isso pode atrapalhar os planos do seu fim de semana, mas eles são importantes.
- Darei meu jeito.
- Tenho certeza que sim.
- Simon. – falou encarando-o com o olhar firme – Quando vamos discutir de novo sobre a passagem das ações da empresa para o meu nome definitivamente?
- Ora, Michael, você sabe da vontade dos seus pais; eles me deixaram na incumbência de cuidar desses detalhes até que você alcança-se a idade desejada por eles.
- Eu faço vinte e três daqui a seis meses Simon, já está na hora de começarmos a falar disso.
- Não precisa ser impaciente, temos muito tempo ainda. Concentre-se nos seus estudos por enquanto.
Bufando, Michael tentou argumentar mais alguma coisa, mas seu celular tocou antes disso. Puxou-o do bolso vendo uma mensagem de Luke: estava procurando por ele. Merda! Tinha se esquecido de avisá-lo que sairia da faculdade no intervalo do almoço! Pôs a mochila no ombro guardando o celular e falando em seguida para Simon:
- Preciso ir, me esqueci que tinha combinado de almoçar com um amigo.
- Sem problemas, Michael, eu ponho seu pedido para viagem e deixo na sua casa mais tarde.
- Falaremos desse assunto depois.
- Certamente.
Tornando a beber de seu chá, Simon observou enquanto Michael saía pelas portas do restaurante, deixando um sorriso escapar dos lábios.
“Aquele garoto...” Pensou. “Está sendo mais útil a mim do que poderia esperar.”
No refeitório, Luke segurava a bandeja verificando as mensagens de seu celular esperando uma resposta de Michael. Tinham combinado de se ver depois da aula, onde ele tinha se enfiado?
- Bom dia, Lukey! – virou-se vendo o rosto alegre de Lea, seguida de Ash e Calum.
- Bom dia.
- Está esperando alguém? – perguntou Ash.
- Ah é um... Amigo meu... Ele disse que me encontrava aqui, mas sumiu.
- Vem almoçar com a gente! – continuou Arzaylea, sorridente – Faz tempo não comemos juntos.
- Realmente... Só nos encontramos nas aulas de economia. – comentou Ash.
- Decida-se logo Hemmings – interrompeu Calum – ou ficaremos com pouco tempo para o almoço. O loiro ergueu a cabeça procurando por Michael uma última vez, e bufou em seguida, sem sucesso, levantando-se e indo sentar-se com os amigos em outra mesa. Afinal, também tinha saudades de conversar com eles.
- Então, Lukey – começou a amiga a contar sobre seu dia – eu aprendi a fazer diversas receitas econômicas hoje! A Crystal está adorando!
- Você a está usando de cobaia? – brincou vendo Ash e Calum sorriem rapidamente.
- Ela gosta de experimentar meus pratos! Um dia vocês bem que poderiam passar lá em casa, e eu faria um monte de coisas para nós comermos!
- Como uma... Reunião? – indagou Ash.
- Sim, porque não?
- Se fosse uma coisa bem íntima, só entre nós... Não seria tão ruim assim. – completou Calum.
- O que acha Lukey?
- Uma ótima ideia. Podemos marcar quando todos tiverem um tempo livre.
- A Crystal fica na cidade por mais duas semanas, eu vou ver com ela.
Concordando com a amiga, continuaram o papo alegre, seguido dos comentários de Calum sobre como todas as suas aulas pareciam extremamente fáceis. Ash encontrava algumas dificuldades na parte de direito civil, mas fora isso estava indo bem, e Lea, bom, a amiga estava mais alegre do que nunca, fazendo todos os dias uma das coisas que mais gostava: cozinhar. Tinha feito ótimos amigos na sala também, e fora alertada pelos outros para tomar cuidado com aqueles que tentavam se aproximar dela com segundas intenções.
- Eu sei me cuidar sou forte! – respondeu á eles, mostrando os braços franzinos.
- Qualquer coisa, nós estamos aqui. – comentou Luke recebendo o sorriso dela em seguida.
Pouco tempo depois o grande sino no centro da faculdade tocava, chamando-os de volta para a classe. Deixaram suas bandejas sobre a mesa, despedindo-se uns dos outros, já combinando o melhor dia para a reunião.
No meio do caminho das escadas do prédio de engenharia, Luke ouviu passos apressados correndo até a sua direção, voltando-se para trás, e vendo Michael apoiar a mão na escada, arfando.
- Michael? – indagou surpreso – O que houve?
- Estava... Outro... Lugar... Tempo... Almoço...
- Calma! Vê se respira primeiro!
Puxando mais ar pela boca, ele recostou-se na parede tirando a mochila das costas, com o peito estufando freneticamente, e falou após alguns minutos:
- Tive de ir a outro lugar no almoço, e esqueci que tinha combinado com você...
- Ah sim. Tudo bem, não faz mal. Eu aproveitei para por o papo em dia com meus amigos.
- Hmm. Okay então... Na próxima eu tento avisar mais cedo.
- Vai embora comigo hoje?
- Só se for para te levar em casa de carro... Tenho uns assuntos para resolver.
- Assuntos?
- Problemas chatos de família; e como não quero estragar meu final de semana, pretendo terminar tudo hoje.
- Entendi. Nesse caso eu te espero no estacionamento. Agora tenho que voltar para a aula; e você também.
- Sem beijinho de despedida? – sorriu para o loiro, vendo-o parar, corando em seguida.
- Estamos no meio da faculdade! – disse, olhando a sua volta, até mesmo para o andar de cima, torcendo para que ninguém os tivesse escutado.
- Qual é, todo mundo ta nas salas de aula, eu to atrasado, você também... – subindo um degrau de cada vez, Michael foi se achegando para mais perto de Luke - Eu só quero um beijo... Por enquanto.
Ele sabia como pressioná-lo, e ao mesmo tempo como o deixar sem reação nenhuma. O loiro olhou mais algumas vezes ao seu redor constatando não ter ninguém ali por perto, e por fim desceu um degrau, apoiando a mão no corrimão, e com a outra puxou Michael por sua jaqueta lhe dando um rápido beijo.
- Agora eu tenho que ir! – disse em seguida correndo para o andar de sua sala, escutando uma sutil gargalhada de Michael.
Ele estava o irritando, mas ao mesmo tempo pensava que devia ser menos relutante com ele, afinal, depois do que Louis lhe disse, realmente tinha uma ideia muito superficial dele; se queria tanto assim conhecê-lo melhor, o primeiro passo era deixar algumas bobeiras como essa de lado.
Parada atrás de umas das pilastras do prédio, Arzaylea segurava a respiração, com a mochila no meio de seu peito, evitando se mexer o máximo possível. “Era o... Luke?!” Pensou olhando para o chão, e no instante seguinte, já tinha perdido aqueles dois de vista. Apertou o casaco de Luke em suas mãos; devolveria a ele outra hora... Quem sabe...
Sentou-se apressado em seu lugar, sendo encarado pelo professor enquanto o fazia. Ao terminar de se ajeitar, ele começou a aula, como de costume, e já podia respirar aliviado.
- Perdeu a hora? – perguntou Louis com a mão apoiada no rosto.
- Estava falando com o Michael.
- Ah ta explicado, vocês ficam bem animadinhos depois que fazem as pazes, né? – sorriu vendo o loiro corar, baixando um pouco a cabeça.
- N-não precisa fazer esse tipo de comentário no meio da aula...
- Como se alguém pudesse ouvir com a voz de taquara rachada desse professor.
Riu concordando com ele; essa era uma das aulas mais engraçadas, apesar da falta de paciência do professor.
O horizonte já estava com aquela típica cor alaranjada do fim de tarde, e o pátio da faculdade se enchia com os pequenos e grandes grupos à procura de alguma diversão naquele fim de semana. Louis insistiu uma, duas, três vezes para Luke o acompanhar em outra festa, mas estava muito cansado para isso, e também já tinha marcado com Michael de pelo menos voltar para casa com ele; o que deixou seu novo amigo um tanto quanto desanimado.
Encontrou-o no estacionamento recostado na porta de seu carro com as mãos dentro da jaqueta e a cabeça jogada para trás; estava de olhos fechados, parecendo aproveitar o ventinho frio que passava por ele, movendo as mexas de seu cabelo pelo contorno das maçãs de seu rosto; dando-o um tom sereno. Já tinha notado antes, mas agora o observando melhor podia ver o quanto Michael era atraente; para um homem. Diversas pessoas no meio do caminho paravam para admirá-lo, tanto mulheres quanto outros homens, e de certa forma sentiu-se privilegiado por ele dentre tantos, estar com Michael.
- Vamos? – falou ao chegar ao seu lado, sem perceber o sorriso em sua face.
O maior abriu um dos olhos sem se mover, vendo-o, e sorrindo junto dele:
- Vamos. 
Entraram no carro começando a fazer o caminho até a casa de Luke. O loiro comentava do dia assim como Michael, sem tocar no assunto de Simon; não queria estragar o resto do dia com essas conversas entediantes... Assim como também não queria contar a Luke sobre esse detalhe de sua vida. Talvez outro dia, outra hora...
Quarenta minutos, e já estavam na frente da casa de Luke; estranho, dessa vez a viagem parecia ter sido mais rápida do que o normal.
O loiro soltou seu cinto, sentindo a mão de Michael segurar seu ombro. Voltou-se para ele, já recebendo um longo e demorado beijo, enquanto a outra mão do maior descia pela parte lateral de sua blusa.
Segurou a jaqueta de Michael puxando-o para mais perto, e aprofundando mais ainda o encontro de suas línguas, até pararem para respirar; com Michael ainda segurando sua cintura.
Luke afrouxou as mãos sobre sua jaqueta abaixando um pouco seu olhar. Queria que Michael se aproximasse mais dele, aos poucos, que o conhece-se melhor.
- Michael... – falou com a voz mais baixa.
- Fala.
- Você... Você pode ficar mais um pouco? Sei lá... Para comer alguma coisa aqui em casa?
- Quer mesmo que eu fique? – perguntou indo com a boca até o pescoço dele, dando-lhe um beijo, seguida das rápidas lambidas.
O loiro estremeceu com o toque tão sutil, apertando os dedos no couro da roupa dele novamente, tomando conta da sua fala mais uma vez:
- Só mais um pouco... Se você não puder...
Michael afastou-se para contar as horas; talvez pudesse ficar até as sete na casa de Luke, mas ainda tentava decifrar o que ele pretendia querendo tanto assim sua presença. Concordou com ele, tirando a chave do carro, e saindo dele. Luke já procurava sua chave dentre tantas se adiantando. Abriu a porta de casa, já avisando da visita.
- Ah, Michael – falou Jack da cozinha ao vê-lo – vai jantar com a gente?
- É só uma visita rápida, fica para a próxima. – falou vendo o garoto sorrir de volta á ele.
- Olha só, o bebe chorão. – comentou Ben, sentado na sala, com os pés em cima da mesinha de dentro.
- Olha só, o pirralho desbocado. – retrucou vendo-o rir. Sentou-se no outro lado do sofá fazendo companhia á ela e assistindo ao programa que passava na tevê. Luke juntou-se à eles pouco tempo depois.
- Que canal é esse? – perguntou o loiro.
- O de histórias sobrenaturais. – respondeu Ben.
- Vendo essas porcarias de novo?
- Não é porque você não gosta que eu devo te agradar.
- Oh, então você não gosta desses programas Luke? – perguntou Michael.
- Acho tudo fantasioso demais.
- Então não acredita nessas histórias? – já tinha o sorriso irônico no rosto quando disse isso, esperando pela reação do loiro, que não tardou.
Pensou em uma resposta de imediato, mas parou no instante seguinte ao se lembrar da própria história de Michael. Encolheu-se um pouco no sofá, sentindo-se um tanto quanto idiota depois disso, vendo-o segurar o riso, enquanto Ben, no meio dos dois, os olhava sem entender muita coisa.
Depois de um tempo, ele foi até seu quarto atender o celular, deixando os dois sozinhos na sala. Beliscavam alguns aperitivos de Jack enquanto passavam os canais da tevê sem muita coisa de interessante passando.
Esticando o pescoço para o lado, e estalando as costas Michael pode notar só agora um enorme pôster de uma mulher preso a uma das paredes.
- Quem é? – perguntou para Luke, apontando para ele.
O loiro olhou para a foto, ficando com as expressões mais serenas, até responder:
- Minha mãe.
- Ela é modelo ou algo do tipo? Por isso que nunca está em casa?
- Não, não é isso, ela... Ela faleceu anos atrás.
Michael voltou-se surpreso para Luke com a boca entre aberta e as palavras lhe faltando ao ver as feições tristonhas dele. Pulou um dos lugares do sofá vagarosamente para ficar mais próximo, apoiando os cotovelos em suas pernas, deixando as mãos penderem no ar.
- Sinto muito. – falou por fim; pois não sabia ao certo como agir agora.
- Tudo bem. – a voz dele estava mais calma e distante; mirava o pôster sem nem perceber.
- Você era bem próximo à ela? – perguntou Michael já esperando um fora dele, mas pelo contrário: o viu sorrindo com seu comentário.
- Eu a amava muito; ainda amo...
- Deve ter sido bem difícil... E ela parecia ser bem jovem também.
- Jovem demais... – parou por alguns instantes respirando fundo e voltando o olhar para Michael – Eu não gosto de falar disso, então cala a boca e presta atenção agora, ta?
Quieto, fez que sim com a cabeça após uns segundos. O maior o observava intrigado, vendo Luke procurar pelos irmãos ou por seu pai, ficando aliviado por não encontrá-los por perto. Baixou um pouco sua cabeça e era como se seus olhos enxergassem o nada.
- Quando eu era pequeno, mais ou menos com cinco, seis anos, eu fazia aulas de luta num dojô perto de casa. A minha mãe me levava e me buscava todos os dias, sempre feliz por me ver fazendo algo que eu gostava. Mas durante alguns meses daquele ano, uma série de assassinatos frequentes começou a fazer parte das reportagens diárias dos jornais falando de mortes recorrentes de mulheres na cidade, e como a polícia estava investigando o assunto; sem muito sucesso. Porém mesmo sabendo do perigo, ela ainda ia comigo sempre, todos os dias...
As mãos deles se apertaram sobre seu colo, antes de prosseguir:
- Até que um dia, no meio do caminho, chovia muito, e nós estávamos andando o mais depressa possível. Paramos em um parque para esperar um pouco... Um homem apareceu e disse que queria ir a algum lugar com ela, e depois apontou uma arma na minha direção, para tentar chantageá-la, ou algo assim. Assustada, minha mãe entrou na frente... Depois disso, eu não me lembro muito bem como aconteceu, mas... – cerrando os olhos, o loiro terminou por fim – Mas no instante seguinte eu só vi o corpo dela sobre mim, e o homem correndo pela chuva... Ele era o serial killer comentado nas tais reportagens, e até hoje... Ele não foi pego.
Michael tinha a testa franzida com um ar de tristeza ouvindo a história do loiro. Ele mesmo não sabia muito bem, ou melhor, não conhecia esse amor materno. De certa forma não podia confortar Luke, nem mesmo saber como ele se sentia; mas tinha uma dor no peito por vê-lo daquela forma. Os olhos já lacrimejavam, mas ainda assim ele não deixava nenhuma lágrima escapar.
Pousou a mão em seu ombro, chegando seu corpo para perto do dele, deitando sua cabeça em seu peito.
- Sei que você não gosta, mas... Eu preciso te abraçar agora.
Luke empalideceu com o repentino carinho dele, porém depois de sua frase não foi capaz de reclamar. Mesmo triste por ter se lembrado dessa história, ficava aliviado por ter conseguido contá-la a Michael. Fechou as pálpebras sentindo o calor de seu corpo, apenas aproveitando a sensação de alívio que ele conseguia emanar. Mas seus olhos não derramaram uma lágrima sequer; era como se fosse preciso, em respeito à sua mãe, jamais chorar por ela, e apenas se recordar do sorriso caloroso que sempre recebia ao vê-la.
Era estranho para Michael ficar assim próximo a uma pessoa, sem suas segundas intenções costumeiras. Apesar de querer muito estar a sós com Luke, saber dessa história foi um baque, pois não imaginava que o garoto havia tido uma experiência tão ruim quanto essa. E vê-lo tristonho dessa forma, era no mínimo, inconfortável á ele. Quase como se... Se tivesse uma necessidade de protegê-lo... De fazê-lo sentir-se melhor, mesmo não sabendo como fazer isso... Estranho... Era muito estranho mesmo, precisar sempre vê-lo sorrir...
O loiro ergue o corpo deixando as mãos de Michael lentamente deslizarem por suas costas terminando o carinho voltando a ajeitar-se no sofá. Michael ainda o mirou uma última vez, olhando agora para seu relógio; sete e meia.
- Luke – falou já se levantando – preciso ir.
- Ah verdade, eu fiquei aqui falando, e te prendendo, foi mal.
- Não, foi eu quem quis ficar. – rebateu sorrindo em seguida – Mas agora preciso mesmo ir para casa.
- Tudo bem.
Caminharam até a entrada de sua casa, e foram conversando até a porta de seu carro. Michael já abrira a porta do carro, parando em frente à ela.
- Amanhã... De tarde, a gente se vê? – perguntou ao loiro.
- Okay. Eu adianto as coisas em casa de manhã.
Olhando para os lados, e até para a casa de Luke, Michael o puxou para perto num beijo de despedida, mas sem deixar de descer as mãos até a parte de trás do garoto; enquanto o distraía com sua língua lasciva, apertando aquela parte tão carnuda e chamativa dele.
- M-Michael! – exclamou empurrando-o.
O maior riu entrando no carro, ao passo em que Luke o encarava com as expressões sérias de sempre de quando fazia algo desse tipo com ele. Foi repreendido mais algumas vezes, antes de sair da vista do garoto.
Ah, saco! Agora passaria as próximas quatro horas, pelo menos, lendo aqueles documentos e registros entediantes da empresa... Sabia que era preciso, mas ao mesmo tempo, só conseguia ficar com o loirinho na sua cabeça. Aliás, ele estava presente agora na maioria de seus pensamentos...
Na cozinha, ajudando Jack com o resto do jantar, Luke atendia seu celular, enquanto tentava ao mesmo tempo mexer uma panela de arroz.
- Alô?
- Luke, sou eu!
- Fala chefinha. – brincou ouvindo as broncas da mulher do outro lado da linha.
- Preciso da sua ajuda amanhã na loja, pode ser?
- Amanhã? Que horas?
- Até a hora do almoço; vai chegar uma nova carga de produtos, e sozinha eu não dou conta.
- Bem... Se for só pela parte da manhã, acho que sim.
- Oh, finalmente arrumou o que fazer além de ficar dentro de casa?
- Cala a boca!
Ouviu mais algumas repreensões dela, desligando o aparelho em seguida. Bufou, desligando o fogo, e mandando em seguida uma mensagem à Michael: talvez chegasse mais tarde em seu encontro de amanhã. Encontro... Ta, ainda era esquisito pensar nisso quando se tratava de outro homem, mas era a verdade, afinal...
Já no templo, rodeado pelos diversos papéis e algumas xícaras de café, Michael lia os documentos, usando um par de óculos, que o irritavam profundamente, pois viviam caindo para a ponta de seu nariz, até ouvir o barulho de mensagem de seu celular. Ótimo; agora poderia passar mais tempo lendo aqueles registros sem se preocupar em deixar Luke esperando no dia seguinte... Nossa, estava se preocupando demais com o garoto.
As letras pareciam se multiplicar cada vez mais que aprofundava sua leitura, o estressando. Talvez uma diversão viesse a calhar nessas horas. Procurou rapidamente na sua lista pelo número de uma das suas diversas amigas, mas a face risonha do loiro passou na tela luminosa do aparelho no instante seguinte, fazendo-o o arremessar contra a mesa. Bufou retirando os óculos e esfregando o rosto compulsoriamente, jogando os cabelos para trás.
Nem mais conseguia se concentrar no seu trabalho. A todo o momento, pensava cada vez mais em Luke. Levantou-se indo até o banheiro; precisava de uma ducha fria para recobrar os sentidos. Como alguém conseguia penetrar assim na sua cabeça? Isso nunca tinha acontecido antes, nunca! Não sentira a falta nem a necessidade de alguém em nenhum momento de sua vida, porque agora tinha de ser diferente?
Deixou a água bater sobre suas costas, amaciando os músculos conforme ela escorria para as outras partes de seu corpo. Ainda assim permitia-se ver na sua frente, a imagem do ruivinho, como se ele o perseguisse.
- O que ta havendo comigo? – falou alto, para si mesmo, ouvindo apenas o retumbar das gotas do chuveiro caindo no piso do banheiro em resposta as suas diversas dúvidas.

Lucky Cat • Muke • LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora