Um

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Eu tenho medo. Meu coração será revelado entre minhas mãos. Meu coração está sobrecarregado, é triste. Por favor, espere um pouco mais e espere por mim. Você e eu não podemos ficar juntos agora. Eu quero apressar o relógio. Mas no futuro, que é onde você estará*


James

Sentei na maca da minha sala, e mudei o celular para o outro ouvido. Deborah sabia ser cansativa ás vezes.

— Eu já disse que não tenho tempo de ir. — Repeti pela milionésima vez.

— É o aniversário de dois anos da sua sobrinha caçula, você não pode faltar.

Suspirei cansado.

— Mana, eu te amo, mas já fui, em o quê? Dez aniversários de um ano.

— Esse é o décimo idiota. Da Mariah, sua sobrinha mais nova.

— Deus abençoe o médico que fez a laqueadura se não seriam mais dez. — Falei.

— Não seja malcriado James, você ainda é o pirralho do meu irmão mais novo.

— Tenho vinte e oitos anos, um emprego que gosto e que me mantem bem ocupado. — Tentei ser mais uma vez, mostrar a voz da razão para a minha teimosa irmã. — Se eu fosse para Flagstaff em cada aniversário de algum membro da família eu teria de ir aí ao menos uma vez a cada duas semanas.

— Acontece que não é qualquer aniversário, é o aniversário de dois anos da sua sobrinha, dois anos só se faz uma vez. — Insistiu ela.

— E três anos só se faz uma vez, quatro, cinco, vinte... enfim Deb, eu não poderei ir, lamento. — Talvez um pedido de desculpas a fizesse enxergar a voz da razão.

— Tudo bem. — Ela suspirou. — Seria tão mais fácil se você trabalhasse no batalhão aqui da cidade, ou no hospital do Tio Logan. — Lamentou ela.

— Eu não vou voltar e você sabe! — Eu já estava perdendo a paciência com Deborah, só mesmo Alejandro para aguentar minha irmã.

— Você precisa superar o que houve com Vivian meu irmão.

— Agora já chega Deborah. — Aquele foi o meu limite. — Preciso trabalhar, dê um beijo nos meus sobrinhos e enviarei um presente a Mariah.

— Mas James...

— Até logo. — Desliguei o celular e senti uma vontade enorme de joga-lo contra a parede, mas então lembrei que teria de comprar outro e o meu dinheiro suado iria para o lixo se eu quebrasse o aparelho, então quando o coloquei sobre a mesa e Deborah ligou novamente apenas desliguei o aparelho.

Fazia cinco anos desde que abandonei Flagstaff, cinco anos desde Vivian; e desde então mesmo meus pais colocando dinheiro em minha poupança nunca toquei no valor. Queria ser independente, assim como a história que minha mãe me contava, que meu pai antes de eles casarem foi para o Kansas atrás dela e viveu a vida de forma independente, sem o dinheiro da família.

Ter uma família muito rica era uma benção e uma maldição minha mãe me disse. Se você deixar o dinheiro subir à cabeça e achar que tudo para você será fácil é uma maldição, mesmo com muito dinheiro tínhamos que ser responsáveis e que o dinheiro não era tudo na vida.

Eu era muito parecido com minha mãe, nunca dei muita bola para o dinheiro da família, sempre vivi minha vida despreocupado e ninguém no batalhão sabia que eu vinha de uma família rica. Isso era bom, tinha medo de ter amigos que se aproximassem de mim apenas pelo dinheiro.

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