ELA É O CARA (COFFEE PRINCE)

Confundida com um cara... De novo!

Era a terceira vez que eu perguntava ao cliente o que ele queria pedir, e era a terceira vez que o mesmo me olhava, ainda sem nenhuma resposta e me perguntava o que eu indicava para que ele comesse.

- Como disse, e pela terceira vez vou dizer de novo, esse é o prato do dia, portanto deve ser o melhor, ahjussi! - eu disse, irritada, o homem mais velho me olhou com indagação e sorriu.

- Então acho que eu não vou querer nada, só um café mesmo! - ele respondeu. Eu fiquei um tempo parada, olhando para a cara dele porque ele me fez perder um tempão ali esperando que se decidisse para no fim me dizer que ia querer só um café? Eu poderia enfiar esse cardápio na boca dele, mas não estou nenhum pouco afim de perder meu emprego.

- Ok, ok, eu já trago o seu café então. - eu respondi a ele, que sorriu de maneira cordial. Me virei e fui até a cozinha do restaurante pegar o tão esperado café do senhor.

A vantagem de ele ter demorado tanto para escolher é que agora eu só precisava ficar exatamente mais 10 minutos e depois poderia ir para casa, pois o meu expediente acaba neste período de tempo.

Assim que entro na cozinha, o senhor Kwon olhou de soslaio para mim e começou a caminhar em minha direção. Ele deu quatro passos ao todo.

- Ah, (S/n). - ele disse, um tanto quanto preocupado.

- O que? O senhor recebeu alguma reclamação de mim outra vez? Sério, senhor Kwon, aquela mulher de hoje, ela mereceu o que eu disse, sério mesmo! Tem uma placa ali escrito para não trazer animais e ela trouxe um hamster! Ela queria que eu servisse o hamster! Ela me fez perguntar o que o hamster queria! Me fez dar um cardápio para um HAMSTER. Quem cria um hamster e traz no restaurante!? - eu disse, imaginando que a mulher que servi hoje mais cedo e que trouxe um hamster tinha reclamado de mim porque eu me recusei a servir o hamster como um VIP tal qual ela queria.

- Isso aconteceu mesmo? - o senhor Kwon respondeu, rindo, eu assenti.

- É, aconteceu. - eu respondi.

- Ah, sinto muito. Mas... Não é sobre isso. - ele disse, preocupado. Eu segurava a jarra de café que ainda não tinha servido ao senhor.

- O que é então? - eu perguntei, com receio.

- Hummm... Eu vou ser direto com você, ok? - ele perguntou, eu assenti olhando para ele com atenção. - Ultimamente não tenho conseguido controlar todas as dívidas do resturante e por isso, decidi que é melhor cortar parte do pessoal, por isso... - eu interrompi ele.

- Não preciso mais vir amanhã? - eu perguntei, já sabendo que essa era a continuação da frase.

- Sim. Gosto muito de como trabalha, mas eu realmente preciso cortar pessoal agora. Eu realmente sinto muito. - ele disse e me estendeu um envelope com o que eu tinha direito a receber. Coloquei a mão livre em um dos ombros do homem e sorri. Ele não tinha culpa de estar me demitindo.

- Ah, tudo bem, senhor Kwon! Mas eu voltarei aqui para comer, tudo bem? Como uma cliente da próxima vez! - eu disse a ele, que por fim abriu um sorrisão.

- Vou sentir sua falta, mesmo. - ele disse, dando um tapinha no meu ombro e sumindo por entre o escritório bem ao final da cozinha.

Eu apenas suspirei fundo e fui realizar minha última função como garçonete do restaurante. Fui até o senhor de antes e servi o café. Depois de fazer isso, me dirigi a parte destinada aos funcionários e tirei o avental do meu agora ex-emprego. Pendurei no armário e alisei ele. Gostava dele. Era bem sem graça mas eu gostava.

Baguncei os fios curtos dos meus cabelos e coloquei a bolsa de ombro que carregava sempre por cima da camisa larga que eu usava. Me olhei no espelho do banheiro do lugar antes de deixá-lo e sorri para mim mesma. Não acho que seria assim tão difícil arrumar outro emprego.