O passarinho sem asas.

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Era uma vez, em terras pouco distantes, e à pouco tempo atrás, um menino, ou melhor, um pássaro! Um passarinho de coração tão doirado como a penugem, mas coitado! Nascera sem asas a pobre e frágil criatura ... Os seus dias eram monótonos, passados no alpendre da sua casa, sentado numa cadeira de baloiço. Triste criatura que, além de privada das suas asas, possuía umas patinhas já fracas e débeis como se um velho fosse, e não podia caminhar ... No entanto, mesmo com toda a sua má sorte, o pequeno passarinho sentia se feliz e grato. Grato com o que perguntam vocês? Com a dádiva que recebera! O dom de sonhar, imaginar e da esperança. O seu sonho era poder voar bem lá no alto junto de todos os outros pássaros. Imaginava-se a voar livre, ao sabor do vento e sem destino, e esperava um dia, os seus sonhos alcançar.

A mãe, pobre mãe! Moça bela de má sorte, sozinha num mar de infortúnios com um pequeno pássaro sob a sua algibeira que ainda dependia dela.

Os dias eram longos como os de um verão, apesar de ainda à pouco tempo ter se dado o afloramento da primavera.

O pequeno passarinho, como de costume,estava sentado na s  ua cadeira a visar o horizonte quando chega uma visita. Um homem de gabardina preta. Pelas suas memórias, o pequeno já sabia que homens de gabardina preta eram portadores de más notícias. E assim foi. O pobre bate a porta ignorando o passarinho ali no alpendre. A mãe que vem abrir a porta, com a sua fala doce e meiga convida o homem a entrar. O pequeno, cá fora, fica a escuta e como esperado, ouve a mãe dentro de casa a chorar com as novas que o homem trazia. Eram sobre o seu pai, que à muito partira para a guerra. O homem, assim como entrara, também à saída ignora o pequeno. A mãe vem também a porta. Esta ao encarar o passarinho abraça o com todas as suas forças. O pequeno não precisava de palavras para compreender a situação. O seu pai não voltaria nunca mais da guerra. Grande guerra que devorava milhares de vidas humana e despedaçava famílias.

O passarinho chorou como e óbvio. Afinal quem é o humano que fica indiferente ao anúncio do falecimento do seu progenitor? Mas ele era forte. Já da sua mãe não se podia dizer o mesmo. O seu mundo era movido pela esperança de que um dia seu esposo volta se da guerra. A mãe coloca o passarinho na sua cadeira de rodas e pela primeira vez em muito tempo ele saiu daquele alpendre para fora de casa. Subiram a uma enseada. O passarinho olhou o horizonte.
- Vamos voar mãe?
Esta mantém se muda. A mãe solta uma lágrima e voam.

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