Capítulo 2 - Mão de terra

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" É difícil ser nós mesmos com uma grande perda."
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— Porquê temos que vestir preto Angel? — A garotinha loira pergunta a sua irmã.

— É o que se usa em funerais Nina.

— Papai e mamãe não gostavam de preto. — A garotinha insiste.

— Mas terá que o vestir da mesma forma.

A mais velha encerra.

A casa dos White estava tomada por uma grande tristeza. Todos estavam tristes.

A sua maneira.

— Angel o Logan chegou, já é hora de irmos. — Ben informa a sua irmã.

Os dois vão ao encontro dos outros.

Logan, o advogado da família os esperava na sala de estar.

Como os outros ele também estava de preto. A seu modo claro, com a típica jaqueta de couro e o óculos escuros. Mas ainda assim vestimenta preta.

Quando as crianças o viram todos correram para lhe abraçar e iniciou-se um grande coro de choro.
Logan não era apenas o advogado da família mas também um grande amigo deles. As crianças o chamavam por "tio Logan".

— Temos que ir. — Ele disse e o abraço se dissipou. Logan pegou a pequena Nina nos braços.

Noah estava muito calado. Ele não era assim.

É difícil ser nós mesmos com uma grande perda.

Todos entraram na limousine e seguiram rumo ao cemitério.

— Está escrito que viemos do pó e ao pó retornaremos... — O reverendo falava, porém aos que sentiam a dor da perda as palavras eram apenas ecos longínquos incapazes de serem compreendidos.

Foi um momento difícil aquele em que as crianças viram o corpo agora frio e pálido de seus pais cada um ocupando um caixão.

— George White foi um grande homem...

Enquanto o reverendo continuava a pronunciar os votos de morte, do outro lado,um pouco afastada das pessoas havia uma mulher elegante de óculos escuros...

— Quem é aquela? — Perguntou o mais velho dos filhos do falecido casal White.

— Eu não sei, devia ser amiga de nossos pais. — Angel responde o irmão.

A mulher imponente observava a cerimônia com tristeza.

Cada filho reagiu a sua maneira para a tristeza, entretanto no momento após as palavras fúnebres do reverendo, aquele terrível momento ao qual você cai na real e percebe que não é um pesadelo.

Os corpos foram juntos postos no buraco de terra.
A mulher de cabelo escuro se aproximou do buraco e encheu sua mão de terra e depois jogou-a no buraco ao qual agora jazia os caixões.

Os dois seriam enterrados juntos.

Foi um ato um tanto quanto estranho para não dizer inusitado já que a maioria das pessoas jogam flores. Mas de alguma maneira Angel decidiu fazer o mesmo que aquela mulher.

Lilly apenas vestiu uma roupa fúnebre e partiu para a sua cidade natal, não percebendo o mundo ao seu redor, quando algo muito grande acontece em nossas mentes, fechamos os olhos para o mundo real, ele passa a ser um grande borrão diante de nossas lembranças.

Então por alguma razão, quis jogar aquela mão cheia de terra, como uma espécie de forma de expulsar a dor.
E ela o fez e um a um seus irmãos lhe acompanharam. Lilly sabia que aqueles eram seus sobrinhos, eles eram o entrelace perfeito entre Sam e George.
Lilly começou a recordar algumas cenas, momentos da infância, quando temos a impressão de que estaremos ao lado de nossa família para todo o sempre, sentiu-se menina outra vez e sentiu vontade de correr para os braços do irmão mais velho, quis pedir desculpas, implorar perdão, mas sabia que isso era patético, pois agora já não adiantava, os dias deles acabaram e agora ela tinha que lidar com isso de alguma forma.

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(Revisado)

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