P.O.V. Regina
"Eu beijei uma mulher!"
Fiz todo o caminho até a minha cabana com um sorriso bobo no rosto e a lembrança viva do toque suave de outra boca na minha. Boca essa que era de outra mulher. Eu parecia não acreditar no que tinha acontecido, e por vezes balançava minha cabeça de um lado para o outro como se aquilo fizesse as ideias, a essa altura todas bagunçadas na minha mente, fossem cada uma para o seu lugar. Inutilmente, é claro, pois o movimento junto com o vento calmo que batia no meu rosto por conta da velocidade da bicicleta só me mostrava o quanto aquilo era real, e não um sonho ou um universo paralelo.
"Eu beijei uma mulher!"
Eu não conseguia pensar em outra coisa, e quando literalmente me joguei de bruços na cama, a imagem da loira que tomou meus lábios naquele banco de madeira da sua varanda invadiu com tudo os meus pensamentos. "Não, eu não beijei uma mulher. Eu beijei Emma Swan", pensei ao rolar no colchão e encarar o teto de madeira. Eu não tinha só beijado uma mulher, porque era injusto qualificá-la apenas dessa forma. Emma conseguia ser tantas coisas dentro de uma mesma pessoa. Era linda, cheirosa, compreensiva, engraçada, teimosa. Tantas coisas que o adjetivo "mulher" era a ultima coisa da lista, mas não que deixasse de ser algo que eu achava importante. Eu estava me sentindo como uma adolescente após o primeiro beijo, e no fundo era exatamente isso que aconteceu. Tirando o fato claro de ser uma adulta, eu tinha tido meu primeiro beijo lésbico. Esse termo me fazia lembrar de Kristin e Jasmine, minhas amigas desde a pré escola. Quando estávamos no colégio, a loira certo dia chegou elétrica a aula dizendo que tinha feito algo incrível, mas que só contaria no intervalo. Não sei Jasmine, mas eu não conseguia prestar atenção em mais nada por ter ficado curiosa e quando finalmente Kristin contou que sua coisa incrível era ter beijado outra garota, eu quase a estapeei de raiva. Jasmine só sabia rir e dizia a entender, pois se comportou igual quando a mesma coisa aconteceu com ela. Não acreditava que tinha perdido uma das aulas mais importantes para o fechamento das notas de tanta curiosidade, para no fim ter ouvido uma besteira daquelas. Lembro da loira dizer naquela ocasião que quando eu desse meu primeiro beijo lésbico ficaria tão eufórica quanto elas, e teve a cara de pau de se oferecer para ser a primeira garota a me beijar. Logicamente não aceitei, e fiquei bem uns três dias sem falar com as duas, sendo dois desses dias um final de semana que fui com meus pais para a casa de campo. Pois se eu tivesse ficado na cidade, com certeza essa "briga" terminaria bem antes.
Agora olhando para o teto acima da minha cama e lembrando o quanto Kristin me encheu o saco naquela época para que eu experimentasse a sensação, eu entendia seu entusiasmo. Realmente foi uma experiência única e claro que a minha vontade era ter continuado com aquilo. Pensar em como seria ter Emma me beijando pra valer naquela varanda fez meu corpo se arrepiar no mesmo instante, mas apesar de todo o desejo que aquela loira maldita me fazia sentir eu travei. Afinal já fazia um tempo que eu não tinha contato íntimo com alguém, e nunca tinha feito aquilo com uma mulher. Então acabei deixando a insegurança falar mais alto, mas mascarei aquilo como se eu fosse uma pessoa paciente e precisasse ir com calma. Ledo engano, porque se Emma pudesse ler pensamentos, ela teria de mim o que quisesse se tivesse insistido. E imaginando tudo que poderia ter acontecido eu adormeci.
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sou•nós
Roman d'amour"Eu fugi de casa e do inferno que minha vida se tornou. No meio da minha fuga, me deparei com um paraíso na terra chamado Storybrooke. Apesar de estar determinada a não formar laços afetivos na nova cidade, não consegui cumprir esse objetivo ao conh...