I'm fine • namgi

save me

Oi, corações ♡

Eu escrevi essa fic há algum tempo e, bom, eu não me senti muito motivada a postar na época. Mas agora eu decidi publicar porque eu acho que é o momento certo pra isso.

Não se esqueçam de comentar e de votar, tudo bem? Isso me motiva bastante a escrever. E indiquem, se possível, por favor!

Espero que gostem ♡ 

☁

"O banco da estação subterrânea de trem era frio. O vento que passava pelos túneis bagunçava meu cabelo e arrepiava minha pele - mas era, de certa forma, bom. Era infinitamente bom porque a sensação que eu tinha era de pureza.

Era sempre assim.

Meu nome é Kim Namjoon e eu sou um desgraçado.

Bastavam dois ou três acontecimentos infelizes, meia dúzia de palavras não muito atraentes, alguns muitos pensamentos um tanto autodestrutivos e lá estava eu, novamente, jogado nos bancos da estação de trem. Como um objeto abandonado.

A comparação com o objeto abandonado é, todavia, um tanto engraçada. Eu era meu próprio dono e eu mesmo me abandonava ali, depois de me sentir abandonado pelo mundo. E eu me abandonava ali numa esperança de que, observando as pessoas e seus trajetos maçantes - e por vezes ébrios - eu me encontrasse perdido entre um movimento de pernas e outro.

Era bom.

Estar sozinho.

Mas era um tanto quanto difícil, no começo, quando eu chegava; só me perder no meio da multidão, depois de me forçar a sair da minha própria cabeça, demandava certo esforço.

Então era assim.

Eu observava, me sentindo tão distante, as pessoas à minha volta falando sobre suas vidas e suas coisas fúteis. Eu via meu pai se esforçando cada dia mais e correndo atrás de um objetivo inalcançável de sustentar eu e meu irmão mais velho. Via minha mãe, distante, se afogando de um modo nojento em merdas que, para mim, não tinham valor nenhum. Eu via meus amigos juntos, conhecendo pessoas novas, indo a lugares legais, usando roupas legais e eu pensava que, porra, eu nunca seria parte daquilo.

Porque eu me sinto tão fracassado. Eu me sinto porque eu sou preso a uma luta diária que mescla o meu estudo e o meu tédio de mim mesmo. Eu me sinto um sanguessuga que, observando seu hospedeiro perder as forças e morrer, aguarda qualquer bactéria decompô-lo vivo. Porque eu olho o meu reflexo todo santo dia e eu penso que nunca, em toda a minha vida, eu vou me sentir bem com o que eu vejo.

E então eu corro para cá. Às vezes, com uma garrafa de cerveja em mãos. Eu vejo os últimos raios do sol entrando pela escada que leva à parte externa. Eu vejo as pessoas saindo de seus trabalhos e indo para suas casas, cansadas, entediadas de tanto correrem sem rumo só para morrerem depois. Eu vejo as pessoas da minha idade entrando nos trens e encontrando outros jovens, às vezes sem dinheiro algum, apenas saindo pela noite em busca de alguma história legal de se contar daqui vinte anos.

E eu fico ali, a noite inteira, tentando observar a beleza nas coisas simples. Como aquele chiclete colado na lateral da lata de lixo. A tinta apagada do chão da estação. As luzes brancas pendidas do teto, as vozes, as roupas esvoaçantes e o começo de noites que, para alguns, são inesquecíveis, mas para outros, como eu, são só noites.

Dessa vez, porém, foi diferente. Porque entre um trem e outro que se afastava, indo em direções opostas, eu observei você, ali, sentado do outro lado da plataforma.

Você vestia jeans pretos e rasgados, algum sapato também preto, uma camiseta de mangas longas e listrada e uma jaqueta azul. Algumas mechas azuis se destacavam em meio ao seu cabelo escuro, balançando com o vento do túnel.