Meus olhos

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e ae galeraa

um capítulo meio filler, meio não-filler, pq é importante pro desenvolvimento dos personagens e tals

e uma att dupla pq eu amo vocês (e pra compensar o fato de eu ter sido um pedacinho de merda nos últimos tempos, hihihi)  ( ̄▽ ̄"")

☆*:.。. o(≧▽≦)o .。.:*☆

Acordo e abro os olhos lentamente. A primeira coisa que vejo é um par de grandes olhos castanhos me observando.

- Killu! – grita Gon – Até que enfim você acordou!

- O que você está fazendo aqui? – pergunto, meio sonolento e meio irritado ao perceber que Gon está, literalmente, em cima de mim.

- Hoje é seu aniversário – ele começa, inconformado – e você acha que eu não preparei nada para você?

- Desculpe, desculpe. – falo, rindo. Alguns segundos se passam enquanto eu espero Gon perceber que ele está me impedindo de me mover. Não dá certo. – Então... você preparou para mim... – falo, corando um pouco. Eu já mencionei o fato de que Gon está em cima de mim?

- Ah, sim! – ele diz, finalmente se levantando – Venha comigo!

Comemos o café da manhã bem rápido, devido à ansiedade do meu amigo, então saímos de casa correndo em disparada pela ilha. Ele me puxava pelo braço. Nós ríamos. Então paramos em frente ao porto. Lembro-me de quando fui ao porto de Kukurio com Illumi. Nenhum contato físico. Sorriso. Nem mesmo um olhar. Mas também lembro de quando cheguei ao porto da Ilha da Baleia e sorrio.

- É, de fato, um lugar muito bonito, e especial também. Foi onde nós dois nos conhecemos, lembra?

- Killu – ele me olha inconformado pela segunda vez no dia – pare de me subestimar.

Rio e viro-me de volta para o mar. Depois de alguns segundos, vejo uma lancha vindo na nossa direção. Não. Olho para Gon e ele assente, sorrindo.

- Eu... – ele começa, envergonhado – ia comprar uma lancha e chamá-la de "Killu". – arregalo os olhos – Mas, sabe como é, né? As ideias (minhas ideias, principalmente) demoram para vir, então só deu tempo de alugar uma, mesmo.

- Isso... deve ter custado uma fortuna! Você... faria mesmo isso por mim? – pergunto, extasiado, e ele me olha sério.

- Eu morreria por você, Killua.

Coro. Sim, é verdade que ele morreria por mim, assim como eu morreria por ele, mas eu nunca tentei dizer isso em voz alta. Fico olhando para ele por alguns segundos, então enfio minha cara em seu peito e envolvo seus braços nos meus. Porque só desse jeito eu conseguiria expressar minha gratidão. E que é recíproco.

- Mas foi meu pai que pagou tudo isso, claro, então não me idolatre tanto... ainda. – ele diz, com a voz abafada pelo meu ombro, e rimos.

Depois de um tempo assim, entramos na lancha. Ela era espaçosa, chique... era linda. E tinha até um frigobar! Comentei isso com Gon e ele riu de meu entusiasmo. O marinheiro nos perguntou se tínhamos algum destino específico e Freecs disse que íamos apenas dar uma volta pelo mar.

- Killu! – ele grita, sentado da proa – Você precisa vir aqui!

Subo uma pequena escada que me leva até ele e sento ao seu lado. O barco vai tão rápido que tenho que segurar a almofada na qual eu estou para não cair. Tudo o que vejo é o mar enquanto o vento sopra em meus cabelos.

Então, Gon segura minha mão. Sim, ele segura minha mão. Minha mão. Gon. E ainda faz tudo isso com muita serenidade. Como se fosse tão natural quanto a luz do dia segurar a mão do seu amigo sem motivo aparente. Ou será que é? Gon. Sinto seus dedos pressionarem os meus. Gon. Minha reação? Gon. Coro tanto que sinto minhas bochechas arderem. Gon. O que você está fazendo comigo, Gon?

Ele continuou segurando minha mão enquanto eu me virei e olhei para ele em meio aos cabelos que batiam em meus olhos. A visão de Gon com os cabelos sendo impiedosamente jogados para trás pelo vento enquanto sorria à luz do sol da manhã quase me derruba. Por quê?, eu me perguntava, ao mesmo tempo que não me preocupava tanto assim em responder.

Eu não sabia o que estava sentindo naquele momento. Era bom, mas ao mesmo tempo era ruim. Bom porque eu gostaria que esse momento nunca acabasse, porque eu estava feliz. O momento em si é perfeito. E é por isso que é meio ruim. Eu me sinto meio culpado, como se não merecesse tudo isso. Será que eu, do jeito que sou, algum vez na vida, já deixei esse moreno feliz?

- Gon! – grito em meio ao vento e ele me olha – Eu alguma vez já te fiz feliz?

- Killu, eu vou te dar um soco na cara!

Ele ri e eu também. O que era para ser "uma volta no mar" acabou virando um dia inteiro, mas, ao que parece, Gon já tinha planejado tudo. Ou isso, ou o barco estava milagrosamente equipado com comida o suficiente para nós dois e o marinheiro. Passamos horas comendo, jogando cartas, conversando, ou apenas sentindo o balanço do mar.

O sol já estava se pondo. Eu, sentado em um dos pequenos sofás do convés, observava Gon, que estava sentado na proa. O dia foi extremamente cansativo. Minhas pálpebras já tinham começado a pesar e meus olhos já estavam quase fechando quando o moreno me chama.

- Killu! Venha aqui! Rápido! Preciso te mostrar uma coisa!

Me levanto e, cambaleando, devido ao balanço do barco combinado com o sono, vou até onde está Gon.

- Venha cá! – ele me chama.

Freecs estava sentado na ponta da proa, de costas para o mar, a cabeça apoiada na pequena grade que tinha lá e me encarava. Eu me sentei à sua frente, então ele se segurou na grade e se levantou. Fiquei olhando para ele por um tempo, então ele me estendeu sua mão. Sim, o momento foi constrangedoramente longo. Me levanto com seu apoio e ele segura minhas duas mãos para me dar equilíbrio. Tombo para frente e nossos rostos ficam constrangedoramente perto. Tão perto que eu consigo ver o reflexo dos meus olhos azuis nos castanhos dele.

- Killu – ele diz calmamente, me tirando do transe. – Você vai se segurar na grade e olhar para o mar. – ele falava cada palavra muito devagar e claramente.

- Mas... – digo baixo, mas alto o suficiente para que ele possa ouvir. – ela bate na minha cintura...

- Tudo bem. – ele diz. – Qualquer coisa eu vou estar aqui, atrás de você.

Com as costas inclinadas para apoiar as mãos na grade, eu me viro de costas para Gon. Então ele põe as mãos na grade, uma de cada lado das minhas e endireita as costas, fazendo nossos corpos se tocarem.

- Endireite as costas! – ele manda e eu o obedeço. – Agora solte a grade!

- O quê?

- Solte. A. Grade. – ele repete, palavra por palavra.

- Tudo bem... – e assim o fiz. Seu corpo pressionava o meu contra a grade, o que me fazia ficar corado como eu nunca fiquei antes.

- Agora abra os braços! – isso parecia a cena de um filme.

O obedeci. Eu já estava entregue a ele há muito tempo, afinal. Eu estava feliz. Não, eu estava muito feliz. Mais feliz do que eu já estive na minha vida inteira. Será que tudo isso poderia ser só felicidade? Sinto o corpo de Gon pressionando o meu. Ou seria algo a mais? Mas o que seria esse "algo a mais"?

Fechei os olhos. Então eu senti. Senti o vento combinado ao azul do mar e o balanço das ondas. Lambi meus lábios e senti gosto de sal.

O vento.

O céu.

O mar.

As ondas.

O sal.

O céu.

E Gon.

Gon.

- Gon – chamo – por que você me mostrou isso?

- Ah, isso? Killu, isso é o que eu vejo quando olho nos seus olhos.

Meu primeiro amigo. Minha última vítima.Onde histórias criam vida. Descubra agora