4: Um confronto indireto

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Espero ele partir para cima, mas ele não vem.


- Se pelo menos vamos lutar, devo saber de quem irei ganhar, sou Wolfgang. Mas pode me chamar de Wolf.


- Anthony Strang. Tony.


Espero a primeira piscada de Wolf para me lançar em direção do adversário, estou a aproximadamente dois metros, em um pulo horizontal posso pega-lo mas preciso ser rápido. Ele pisca, eu pulo, mas antes mesmo de chegar perto dele ele desvia, ele sabe aonde estou, viro-me, como? Ele ainda está de olhos fechados.


- Você tem muito a aprender garoto.


Eu... Como... Ele me lesou.... Maldito.


Invisto em um ataque pesado com mais velocidade, ele desvia novamente, não posso ser tão devagar, e ele desvia novamente, e novamente, e novamente, por fim exausto, mudo de tática. Pulo a janela, a mesma que ele atravessou. Isso me dá vantagem em um aspecto, não preciso me segurar em um terreno externo, posso finalmente me movimentar como meu avô me ensinou, furtiva e rapidamente. Vejo Wolf pulando a janela.


- Então vamos ver quem é a presa garoto.


- Acho que não se deve enfrentar o caçador em seu território.


Ele ri. Gosta da minha metáfora. Mas eu sei todas as artimanhas desse jardim, e tudo está a meu favor. Me movimento furtivamente por entre a vegetação media, e sinto um vulto logo atrás, impossível.... Espere, ele é um lobo, nada impede de ele ser um ótimo rastreador, quem sabe o que fizeram com ele no C.T.12, manipulação genética não é tão difícil quanto parece, se ele tiver mutação sabe-se la o que ele pode fazer. Por via das duvidas, talvez ele tenha olfato apurado, corro para as flores perfumadas, que para minha sorte hoje desabrocharam, estão soltando um agradável cheiro adocicado, ótimo para disfarçar meu cheiro levemente poluído de fumaça. Isso cria uma confusão em seu faro, e na verdade é mais uma vantagem para mim. Jogo propositalmente uma pedra à minha direita, a uns dois metros, isso cria uma distração para eu atacar por suas costas, ele cegamente vai até a pedra, e por suas costas me movo sem o mínimo de barulho, dando um golpe ligeiro e forte o suficiente para um nocaute, ele cambaleia, mas cai, isso me garante a vitória. Arrasto-o até dentro de casa, amarro-o com uma fita qualquer da cozinha e prendo-o a mesa. Subo, ajudo Mari, que teve o tornozelo levemente cortado por um caco de vidro, Pan pega o spray de emergência em baixo da cama e borrifa-o em cima do corte, que fecha quase que instantaneamente, teve melhorias desde a última versão que Mari atualizou, está devastadoramente mais eficaz.


- Pan? Gostaria por favor? - Intimido-o


- Era dele que eu falava.


- Isso é um tanto óbvio.


- Mas por que ele te chamou de traidor? - Perguntou Mari.


- Para ser sincero, eu o deixei por um dia, precisava buscar medicamentos, e ele havia sumido quando eu voltei.


- Vamos, ele deve estar acordado.


Descemos as escadas, e vemos Wolf praticamente voar em Pan, agarra seu pescoço e começa a asfixia-lo. Puxo-o para longe, enquanto Mari soca seu estômago.


- Nunca mais quebre uma janela daquele jeito.


- Melhor ouvi-la!


Ele cospe um pouco de sangue no chão devido ao soco. Marina Estapeia seu rosto.


- Nunca mais cuspa no meu assoalho!


- Eu avisei.


- Verdade - Pan afirma.


Levamos o para a cozinha, onde ele começa a falar.



Memorias Wolf



Bem, a parte do laboratório Pan já deve ter contado, mas acho que não como fugimos. Há seis meses atrás Pan criou um plano simplesmente genial. Escapar na hora livre pelos esgotos, por que não havia fiscalização neles, e então facilmente saímos pelos esgotos, o problema começou quando estávamos a duzentos metros da saída para a liberdade, eu não havia fechado direito a tampa. Então um esquadrão, com mais de vinte soldados, nos atacou pelas costas, se eu tivesse um bastão como o seu Anthony, sem problemas eu teria derrotado todos, eu achei o bastão, mas só depois de atacar um soldado, o que me feriu, pelo fato dele ter sido mais rápido. Mesmo assim derrotei os guardas, e saímos.


- Liberdade - falei.


Pan sorriu, e eu caí. Depois disso me lembro de acordar em uma casa abandonada no meio da floresta, sozinho, com fome e ferido.


Então eu sai e comecei a procurar Pan. Para me vingar. Não se deixa uma pessoa naquelas condições sozinha.



Memorias Pan



Bem, na verdade o plano não foi tão inteligente, mas deu certo até um ponto adequado, logico que esses soldados foram um desastroso contratempo, mas eu carreguei você até aquela casa, por que imaginei que haveria alimento, mas não, então fui buscar alimentos e ervas. Mas quando voltei você havia sumido.



***



- Isso explica muita coisa - Digo


- Sim. Estamos todos numa boa? - Questiona Mari.


- Pode ser - Wolf


- Sim - Pan


Solto a corda que amarra as patas de Wolf, e ele lentamente se levanta. Se vira para mim e me dá a mão. Foi um comprimento sincero, posso afirmar isso.


- Agora quero saber de uma coisa, o que fizeram com você?


- Segundo o Pan, eles me deram algum gene de lobo.


- Bem irônico...


- Concordo, na verdade é uma sacanagem eles colocarem um gene canídeo em mim, principalmente pelo meu nome.


- A personalidade é quase igual. - Pan


- Cala a boca estupido.


Pan Ri.


Uma Questão de HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora