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Acordo com alguém entrando no meu quarto, olho no relógio vai dar oito horas, acabei perdendo o horário de aula, embora eu não esteja muito disposta para ir a aula.
   
— Bom dia princesa — ouço aquela voz grossa que me faz sorrir.

Neemias está com uma bandeja de café da manhã, ele trás a bandeja até a minha cama, se senta na mesma e fica me encarando, ele está com um sorriso que está contagiando o ambiente melancólico e sem graça.

— O que é tudo isso? — pergunto curiosa.
— Café da manhã especial, para a princesa mais linda desse mundo — Neemias responde fazendo um carinho no meu rosto.
— Você deveria estar na escola Neemias, você anda faltando muito, vai reprovar de novo.
— É eu deveria, mas eu quero estar com você passo a passo, não vou te abandona e nem te deixar sozinha por um segundo.
— Você está sendo muito incrível, obrigada de coração.
— Você só vai sai daqui, depois de tomar um belo café da manhã reforçado.
— Tá, mais aqui tem comida para um batalhão.
— Eu vou tomar café com você princesa.

Neemias se senta na cama, começamos a tomar o café da manhã, estou me sentindo bem, mesmo com tudo que está acontecendo ao meu redor, ele me faz bem, estou observando ele, minha mente vagueia para essa madrugada, Neemias sendo todo fofo na ligação, acabo que nem percebo ao dar um sorriso genuíno.

— Que sorriso mais lindo — ouço a voz do Neemias.

Saio do meu transe e o encaro, ele está com um sorriso de lado e um olhar demonstrando que gosta de me ver sorrir.

— Tive um sonho muito lindo essa noite — respondo lembrando vagamente do sonho.
— Você pode me contar o seu sonho? — Neemias pergunta me observando.
— Foi mais uma lembrança do que um sonho — respondo — sonhei com a Esther no nosso primeiro dia de aula, acordei desesperada então fui orar você acredita em coisas sobrenaturais?
— Estou começando a acreditar.
— Eu estou confiando em Deus, eu sei que ele vai agir no momento certo.
— Se você crer, eu também creio minha princesa, agora toma seu café, você precisa estar bem forte.

Terminei de comer ele pega a bandeja e sai do quarto, vou me arrumar, hoje o doutor Sérgio vai dizer se vou fazer a radioterapia ou a quimioterapia. Após estar pronta desço as escadas e vou até a sala, meus pais estão sentados conversando com o Neemias.

— Estou pronta — falo e todos eles me olham.
— Então vamos minha querida — papai diz.

Vou até o carro Neemias abre a porta para mim, entro no carro ele entra logo em seguida, meu pai sai em direção ao hospital, não vou mentir estou muito nervosa, acho que tenho medo de que não dê certo, eu sei que não preciso temer porque maior é o que está comigo, mas sempre dá aquele friozinho na barriga.
Chegamos no hospital vamos até a recepcionista, faço minha ficha vou até a sala de espera, Neemias segura a minha mão e fica acariciando, ter ele ao meu lado nesse momento difícil esta sendo tudo para mim.

— Lia Green — doutor Sérgio me chama.

Me levanto vou até o consultório, me sento e doutor Fábio está com uma equipe a minha espera.

 — Lia — doutor Fábio fala — fica tranquila que tudo vai dar certo.

Me sento meus pais estão olhando para o doutor, ele esta olhando alguns papeis deve estar achando algo complicado, já que surgiu uma careta em seu rosto.

— Bom Lia — doutor Sergio finamente fala — eu revisei seus exames para ver se eu não estava sendo precipitado, realmente será a quimioterapia.
— E como vai ser essa quimioterapia? — pergunto.
— Iremos colocar um cateto perto da sua clavicula, você vai viver com isso, iremos fazer uma vez na semana a quimioterapia, se caso não dê resultado faremos um transplante de medula.
— Quais são minhas chances doutor? Seja sincero.
— Você é um caso raro de leucemia promielocítica, enquanto a vida a uma esperança.
   
Será que o doutor está me enganando? O que será que ele quiz dizer com isso? Então ele retorna a falar

— Lia estaremos aqui para te ajuda, você sabe que a nossa equipe fará de tudo por você, não se preocupe você esta nas melhores mãos.

Fico em silêncioz Neemias está ao meu lado, estou sem palavras então vem uma enfermeira e o doutor continua a falar.

— Lia queira nos acompanhar, vamos colher seu sangue para fazer mais alguns exames antes de você começar a quimioterapia.

Me levanto e sigo a enfermeira, eu estava bem agoniada com essa situação, passamos pela ala de quimioterapia infantil vejo um menininho sentado com um carrinho na mão, aquela cena me chama atenção vou até ele a enfermeira me encara, mas não diz uma só palavra, ele nem percebe que eu me aproximo.

— Oi — falo olhando pra ele.

Ele me olha  e logo abaixa a cabeça e volta a olhar para o carrinho.

— Posso brincar com você? — pergunto.

Ele continua sem responder então me sento ao seu lado, vejo uma lágrima escorrer no seu rostinho lindo.

— Não chora príncipe, me fala qual é o seu nome?
     
Com suas mãozinhas pequenas  ele enxuga as lágrimas, então olha nos meus olhos e continua sem falar.

— Então como é seu nome? Vai me contar?
— Me chamo Joshua — ele finalmente ele responde
— Que nome lindo Joshua eu me chamo Lia, por quê você está aqui sozinho?
— Eu gosto de brincar sozinho.
— E cadê os seus pais?
— Estão morando juntinho com o papai do céu.

Meu coração fica mais apertado do que já está, é inevitável não chorar ao pensar que ele está sozinho.

— Não precisa chorar Lia, a tia Cíntia e o tio Fábio cuida bem de mim aqui.
— Você quer ser meu amigo?
— Quero sim, você vai brincar comigo?
— Sim todos os dias.

Ele me dá um abraço apertado, pega o seu carrinho e sai sorrindo e saltitando, Cíntia entra na sala olha para ele e dá um lindo sorriso.

—  Vai com calma campeão — ela fala.
— Tá bom tia Cíntia — Joshua responde animado.

Ela vem até onde estou, Cíntia me olha e balança a cabeça e fala animada.

— Faz tanto tempo que não o vejo sorrir assim, obrigada Lia, mas agora vamos, se não o doutor vai ficar bravo comigo.

Sigo ela até a sala de exames fico sentada enquanto ela procura minhas veias.

— Como Joshua veio parar aqui? — pergunto.
— Joshua tem LMA, seus pais estavam trazendo ele pra fazer a quimioterapia, estava chovendo o carro derrapou e um caminhão bateu de frente com o carro, Joshua é um milagre, ele chegou aqui já estava sem vida, mas Deus deu a vida a ele de novo, nenhum da família quis cuidar dele, desde então ele fica no hospital.
— Ele não tem irmãos?
— Não, então cuidamos dele, aqui ele tem uma ótima assistência para crianças como ele.
— Alguém pode adotar ele?
— Poder pode, mas é difícil as pessoas não querem criança com doenças e etc.
— Cíntia eu sei o que ele passa, eu perdi um pedaço de mim a alguns meses.
— Lia, Deus sabe o que faz.
— Eu sei, estou confiando nele.

Diário de uma garota Cristã - Revisando...Onde histórias criam vida. Descubra agora