Capitulo 05

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Observar uma pequena planta com um vaso preto ornamentado de enfeites era mais interessante do que encarar um homem com a fisionomia de trinta anos, apoiado em sua mesa de madeira e esperando que eu dissesse os números para contato dos meus responsáveis.

Como se existisse a possibilidade de transportar meus pais até aqui.

Revirei os olhos. Impaciente, comecei a retirar o restante do meu esmalte vermelho.

Passei rapidamente o olhar pelo local e definitivamente não conseguiria escapar tão fácil da delegacia.

- Ei! - voltei a encara-lo - Preciso ligar para seus pais.

- Eu já disse, eles não podem me buscar.

- Viajaram?

- Exatamente. - revirei os olhos

Ele encostou na cadeira de um modo relaxado , com suas mãos no bolso da calça.

-Bem, não posso prender você a noite toda. Não fez nenhum ato delinquente. Park Chung-Hee é muito protetor,por isso ele te trouxe.

Eu sei disso, acompanho o webtoon a dois anos, querido.

-Pode ir, antes que ele venha. - Apontou com a cabeça na direção da saída.

-Muito obrigado. - abaixei a cabeça, tinha que ser pelo menos educada.

Aleluia irmãos!

Agora o problema será sair do webtoon, pois não faço a mínima idéia. Não tenho dinheiro e nem casa, virei uma sem teto. Maravilha. Minhas roupas não eram apropriadas para aquele frio absurdo na Coréia do Sul , não irei morrer de fome e sim de hipotermia. O estacionamento do departamento de Polícia estava tão deserto que seria o local perfeito para aparecer um serial Killer, esse pensamento me causou arrepios, abracei-me e continuei caminhando até uma parada de ônibus que estava do outro lado da rua.

Sentei encolhida no banco, ao lado tinha uma placa com as paradas de ônibus, as palavras estavam traduzidas para meu idioma. Cada carro que passava na pista era um mais bonito que o outro , sentia inveja, afinal minha vida financeira não é das melhores, pois minha mãe sofre bastante para ganhar um salário mínimo e assim conseguir pagar uma dívida imensa que meu pai deixou após desaparecer.

O frio aumentou e cortou meus pensamentos,fazendo com que todos os meus músculos começassem a tremer involuntariamente. Da próxima vez lembrarei de carregar uma bolsa com um kit de emergência, ou seja, uma roupa extra para o frio caso volte de novo,mas nem sei se voltarei para a vida real.

Com toda certeza irei declarar minha morte por conta do frio, queria reclamar e soltar vários palavrões ao vento mais nem isso conseguia,pois minha boca tremia tanto que não permitia que uma palavra saísse corretamente.

Um carro preto parou em frente a parada de ônibus, quando abaixou o vidro o rosto de Chung apareceu, bem no fundo do meu coração tinha ficado feliz afinal o interior do carro aparentava estar quentinho, por outro lado, fiquei triste pois poderia me levar para a delegacia novamente. Ele sinalizou para que eu entrasse e não hesitei.

- Não acredito que você entrou.

Parei no momento que iria colocar o cinto de segurança. Olhei e fiquei com muita vergonha por ser estupida, provavelmente ele tinha chamado apenas para conversar.

- Desculpa. - me alto xinguei, mentalmente.

Ousei sair do carro, evitei contato visual para não sentir mais vergonha nessa situação, porém ele segurou minha mão , fiquei petrificada encarando seus dedos entrelaçados, meu coração deu um pulo pela ação inesperada.

- Estava apenas brincando. - Seu olhar foi direto para nossas mãos juntas, então soltou. - Pensei na possibilidade de você não ter responsáveis na cidade.

- Eu tenho... É só... Eles não estão aqui.

- Entendo. - Ele observava atentamente a estrada. - Algum lugar para passar a noite?

- Não. - Fui direta

Ele suspirou. Aparentava incomodado.

- Vou te levar para a casa da minha irmã mais velha. Acho que gostará de uma companhia mais nova.

Tinha até esquecido da sua irmã, que continua solitária depois que o irmão mais velho desapareceu, ele sempre cuidou dos irmãos e protegeu durante anos como um pai, pois a mãe não dava muita importância . Quando penso na história fico triste, porque lembra o sumisso do meu pai que não faço a mínima idéia se ainda continua vivo.

Toco em meu pescoço e não sinto o colar. Suspiro pesadamente. Eu o perdi naquele dia que tentei salvar o Chung-Hee , era bastante importante para mim , um amuleto que carrego para qualquer lugar.

Ao chegar retirei os sapatos na entrada e deixei no canto da parede. Sua irmã ,Park Seo-Hyeon, rapidamente nos recebeu com um sorriso, em suas mãos segurava um pano azul. Acredito que está preparando alguma comida, pois um cheiro delicioso preencheu toda casa.

- Estou tão feliz por receber visitas. - Seus olhos brilhavam- Estou preparando a janta, enquanto isso você pode colocar suas coisas no quarto do meu irmão.

Seus olhos pareciam procurar por alguma mala. Olhou para Chung-Hee que balançou a cabeça negativamente.

- Depois da janta irei te entregar umas roupas.

- Muito obrigado - curvei-me

- Não precisa me agradecer .- Ela balançou as mãos, um pouco envergonhada, e com um sorriso. - Chung irá te mostrar onde fica o quarto. Chamarei vocês daqui vinte minutos.

Ela correu em direção a cozinha.

Chung - Hee colocou sua mão sobre a nuca e caminhou em direção a uma porta preta. O segui sem dizer uma palavra. Seu quarto era muito organizado e simples, na qual tinha uma cama de casal encostado na parede, sobre a cômoda estava uma única foto com seus irmãos no sofá e com enormes sorrisos.

O silêncio se tornou estranho. Chung-Hee olhava tristemente para a foto, estava perdido em seus pensamentos. Sabia que a todo tempo tentava parecer forte na frente dos outros, mas no fundo ele estava despedaçado e furioso com a vida , a cena no webtoon em que ele procurava pelo seu irmão foi muito triste.

- Se precisar de alguma coisa pode chamar. - disse.

Antes de sair segurei levemente seu paletó. Ele baixou seu olhar para minha mão.

- Se quiser desabafar, estou aqui.

Ele fixou em meu rosto, especificamente para meus lábios. Posso estar irmaginando. Parecia que iria dizer algo mas desistiu. Estava começando a ficar estranho e no fundo me arrependi do que disse.

Porque diabos eu disse isso?! Estou ficando louca. Tenho que controlar o que digo.

- O jantar já está pronto.- Sua irmã apareceu na porta. Ela rapidamente olhou para minha mão que segurava ainda seu paletó.

A situação ficou desconfortável. Chung- Hee desvencilhou da sua irmã e saiu do quarto. Meu rosto parecia queimar da vergonha imensa, parecia que tinhamos sido pegos fazendo coisa errada, ao julgar pelos olhos desconfiados de Seo-Hyeon.


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⏰ Última atualização: Mar 06, 2019 ⏰

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