Eu pensava que namorar Bruna seria minha perdição, que entraria numa espécie de montanha-russa emocional sem fim, preso entre brigas, encenações, beijos fenomenais e birras infantis. Mas, pelo contrário, era tudo muito tranquilo. Por incrível que pareça, era tudo muito certo, como se cada coisa estivesse exatamente em seu lugar.
Pelo menos, era assim que eu me sentia com ela em meus braços naquela praia. Era o certo e eu estava muito seguro de mim quanto a isso. Bruna, com todo o seu caos particular, me dava uma plenitude. Como um marinheiro que olha para o mar e sabe-se incapaz de controlar tanto poder, mas, que ao mesmo tempo, tem a certeza de que é capaz de lidar com qualquer coisa que dele venha.
─ Estou com fome... – Nem percebi que ela acordara.
─ Que ótimo! – Não pude deixar de sorrir. – Pois vamos comer...
Levei Bruna numa barraquinha de praia aonde eu vinha com meus pais logo quando chegamos do Rio Grande do Sul. A comida, uma delícia. E a tranquilidade do ambiente somada a hospitalidade das pessoas seduzia meus pais. Assim com me seduz até hoje.
Bruna comeu com prazer o peixe frito. Notadamente, os remédios e o tratamento estavam fazendo efeito. Bruna estava serena. Aceitava aos poucos que sua relação com a imagem deveria ser ao menos saudável.
Eu também comi até me fartar. Tudo muito gostoso. Depois voltamos para a areia. O vento embalou nossos beijos. Que beijos. Mesmo debaixo da sombra, a temperatura subia sem que eu pudesse dar conta.
Os cabelos dela soltos ricocheteavam no meu rosto e cada toque era uma lembrança sutil de que havia ainda muita Bruna para descobrir. Meu corpo inteiro estremecia.
─ Kadu... – Ela praticamente sussurrava meu nome. Aquilo me enlouquecia por completo. Um arrepio subia pela minha espinha e chegava à nuca eriçando os pelos do pescoço.
─ Bruníssima... – Respondi num suspiro com o rosto dela nas minhas mãos. Puxei-a para mais perto de mim para mais um beijo carinhoso.
─ Você não está com calor? – Ela me perguntou maliciosa.
Calor? Se eu estava com calor? Eu estava em brasa. Posso até ser o "bom-menino-filhinho-da-mamãe", como Bruna gosta de me acusar. Mas eu não sou de ferro. E uma mulher daquelas, ao alcance dos meus braços... Eu já estava no meu limite. Ao menos, eu achava que estava. Bruna tinha ideias diferentes.
─ Estou morrendo de calor.
─ Vem pra água, então!
Bruna simplesmente foi tirando a blusa. Deus sabe que eu acompanhei cada movimento daquele tecido com toda a minha atenção. Ela estava com um top preto de ginástica e a simples visão do seu corpo já me fez estremecer. Mas, não bastasse isso, desabotoou a calça do uniforme. Sem cerimônia, ficou somente com sua calcinha de malha preta, como se estivesse de biquíni.
Não conseguia tirar os olhos de nenhum detalhe de cada uma daquelas curvas. Bruna parecia bastante satisfeita com meu exame, deu até uma rodadinha.
─ Você quer me enlouquecer? – Perguntei quase sem voz, estarrecido com tanta beleza.
─ Louco, Carlos Eduardo, você seria se deixasse Bruna "Delícia" Drummond escapar... – Ela me abraçou. Nossa! Como eu gosto desse jeito atrevido dela.
─ Louco. Burro. Idiota. Bobo. Mané... – Ela começou a rir enquanto tirava a minha camisa.
Bruna me abraçou pelas costas. O toque do seu nariz no meu pescoço era ao mesmo tempo carinhoso e excitante. Ela passava a mão pela minha tatuagem.
─ Eu adoro esse tigre. – Disse no meu ouvido.
─ Eu adoro você. – Com um único movimento, eu a puxei para frente num abraço. Ela sorriu para mim e eu a beijei com carinho.
─ E eu amo você. – Seus olhos encaravam os meus com uma verdade que até me assustou.
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Por Onde Andei
Novela JuvenilNo quarto volume da série Nando, pela primeira vez, temos a visão simultânea dos dois protagonistas: Bruna e Carlos Eduardo. Ela, atriz desde menina, não está acostumada a confiar nas pessoas. Resolve os seus problemas a sua maneira, nem sempre acer...