Meu silêncio foi um buraco negro sugando toda a luz daquele momento. Mas o que eu poderia dizer? Que eu a amo? Eu não sei se isso é verdade. Não sei mesmo. Vou mentir tentando agradar para quê? Se um dia for verdade, essas palavras vão saltar da minha boca sem que eu consiga segurá-las.
Além disso, não quero ser apenas mais um da lista de Bruna. Não vou simplesmente deixar que isso aconteça sem tentar fazer diferente. Felipe, Altair, Carlos Eduardo, o mocinho da novela das nove... Mais um namorado invejável. Mais um rolinho de uns dias. Fotos em revista. Badalação. Bafafá. E depois cada um para o seu lado.
Se vai dar certo, se vai dar errado, quem sabe? É tudo tão imprevisível quanto a mistura de nós dois. Resolvi pagar para ver. Sem a menor pressa. Só tenho um propósito: que seja especial. Porque é isso que ela é para mim. Especial. E é isso que eu vou ser para ela. Nem que seja a ferro e fogo.
Mas para isso, vou ter que segurar as pontas. O que está difícil pacas. Porque eu quero vencer a barreira que a sensualidade da Bruna oprime a qualquer homem e conhecer a verdadeira pessoa por detrás daquele corpo. Que corpo! Aaah! Tenho impressão que eu vou morrer tentando. Tentado de tanto desejo.
Quando eu pensei que ela ia ficar chateada com o meu silêncio, ela me deu o beijo mais quente de todos. Depois caminhou para o mar. Sereia. Não desistiria tão fácil. Bruna me desejava. E não estava acostumada a não conseguir o que queria nesse campo.
Ela mergulhava e me chamava. Roupa íntima, Bruna "Delícia" Drummond. Praia quase deserta. Eu me agarrei como a uma boia ao resto de razão que ainda havia no me corpo para não entrar naquela água. Fiquei apenas na borda, por mais que ela me chamasse.
Bruna não desistiria tão fácil. Eu a vi sair da água lentamente. Estava coberta por uma aura de malícia. Veio me beijar. A pele molhada dela fazia a minha quente estremecer. Meu Deus! Eu não sou um monge! Mas eu precisava resistir...
Sentamos na areia. Eu correspondi a cada beijo, mas não encorajei as carícias. E foram muitas. Até que ela ficou com frio. Eu pude enfim abraçá-la e aninhá-la em meu peito. O sol se pôs enquanto as ondas batiam nos nossos pés.
─ Você não me quer, Kadu? – Como o mar a nossa frente, o "eu" intempestivo de Bruna despejou essa onda de descontentamento.
─ Você acha realmente que isso é possível, minha Brunita? – Sussurrei no seu ouvido com todo o desejo que guardei a tarde inteira.
─ Então, por que... – Ela se virou para mim com o seu ar mais indignado. Nem deixei que ela terminasse a frase. Eu a interrompi com um beijo.
─ Só quero que entre a gente seja especial... – Ela ainda estava meio atordoada pelo beijo, pela resposta e pela dúvida que se alojara no seu coração desde que dissera que me amava.
─ Não preciso de velas, champanhe, morangos e Barry White para fazer de nós dois especial...
─ Essa é sua noção de especial? – Não pude deixar de rir. Ela ficou calada. Estava lindamente brava. – Hei, zangada? – Puxei seu rostinho trombudo em direção ao meu. – Eu sou um garoto da família tradicional, tá? Tenho direito a me preservar, ok? – Ela começou a rir.
─ Realmente. O que Dona Débora iria pensar...
─ Ia exigir compromisso. – Continuei na brincadeira dando beijinhos no pescoço dela.
─ E todos nós sabemos que eu só estou te usando. – Bruna disse isso rindo muito, mas o pior é que lá no fundo eu acreditava naquilo.
***
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Por Onde Andei
Teen FictionNo quarto volume da série Nando, pela primeira vez, temos a visão simultânea dos dois protagonistas: Bruna e Carlos Eduardo. Ela, atriz desde menina, não está acostumada a confiar nas pessoas. Resolve os seus problemas a sua maneira, nem sempre acer...