Esboço - Parte 2

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Preciso continuar a causar boas impressões na empresa, então tenho que comprar pelo menos algumas roupas que são digamos "da moda". Não sou muito adepta a roupas de marcas e muito menos de comprar mais roupas do que posso usar. Sou adepta do confortável.

Por isso mesmo que sei que tenho que comprar umas peças mais "apresentáveis" para trabalhar. Por mais que eu tenha muita confiança nos meus desenhos, não quero passar uma imagem de desleixada ou qualquer coisa assim.

Sei muito bem que eu tenho um corpo bonito, mas minha mãe diz que eu me escondo com as roupas que eu insisto em comprar para mim. Fazer o quê se essas roupas que são "da moda" apertam? Nada melhor do que um blusão folgado e uma calça surrada e igualmente frouxa? Assim ia ser difícil mudar o meu guarda-roupa.

Então eu preciso de alguém para me ajudar a escolher algumas coisas. São em momentos assim que eu sinto falta de ter uma amiga da minha idade.

Nem por um decreto eu pediria ajuda ao Gustavo para escolher as minhas roupas. Ele acabaria escolhendo algo colado demais ou indecente pro meu gosto. Mesmo sem querer muito, acabei pedindo ajuda para a minha mãe.

Já estava chegando perto do horário do almoço e aquela já era a terceira loja em que entrávamos.

— Mãe, eu já disse pra senhora que eu posso pagar! – reclamo com ela pela terceira vez enquanto ela fica na minha frente e estende o seu cartão de crédito para a vendedora que assiste a cena com um sorriso.

— E eu insisto em fazer isso Tessa, onde já se viu? Se uma mãe não puder comprar roupas pra filha única dela, quem pode?

— Mas eu tenho dinheiro mãe!

— Nunca disse que você não tem dinheiro, sei muito bem dos investimentos que você fez, mas deixe-me fazer isso filha...

— Você disse que ia me deixar pagar as minhas compras na próxima loja!

— A mamãe mente pra você somente quando isso for pra te fazer bem minha filha. Você vai entender quando você resolver me agraciar com netinhos...

— Pode esperar sentada por isso mãe. Nem namorado eu tenho.

— Já disse que você está perdendo tempo deixando o Gustavo na amizade... Se não fosse completamente apaixonada pelo seu pai, até mesmo eu tentava alguma coisa...

— Mãe!

— Eu sei filha. Estou brincando. Acho linda a amizade entre vocês dois... Ele vem pro shopping também? Estou com saudades daquele rostinho bonito, faz um bom tempo que não aparece...

— Vou falar isso pra ele.

— Leve-o da próxima vez que for jantar com a gente...

— Certo!

Minha mãe sorri para a mulher que entrega para ela as sacolas com as roupas que tínhamos acabado de comprar.

— Sei que você gastou muito com aquela sua mudança desnecessária da nossa casa filha, me deixe fazer isso por você.

— Não foi desnecessária mãe. Eu gosto de ter o meu próprio espaço. Além disso, agora eu não preciso enfrentar mais de uma hora de trânsito infernal pra chegar na faculdade ou no meu estágio... Fica bem mais perto.

— Nisso eu tenho que concordar filha. Mas seu pai sente muito a sua falta. E eu também.

— Sei disso. E eu também sinto a falta de vocês, mas acho legal já ir testando pra ver como eu me viro sem ajuda... E você pagar por tudo isso não ajuda no meu crescimento!

— Todos precisam de ajuda em algum momento...

— E eu sei que vocês vão me ajudar sem nem pensar duas vezes quando eu precisar, mas no momento eu não preciso.

Tinta VivaOnde histórias criam vida. Descubra agora