Assim que abro a porta do meu apartamento, vejo a minha mãe sentada no sofá. Ela levanta e me dá um abraço apertado, mal de deixando respirar.
— Oi mãe! — falo do melhor jeito que posso.
— Filhinha, você demorou!
— Demorei um pouco, mas nada demais...
— Vim aqui pra conversar... Como é que você está? E como foi o seu primeiro dia lá no escritório? Te trataram bem? E você comeu alguma coisa? Você tem mania de quando senta numa cadeira confortável e tem papel e lápis ilimitado, você esquece do mundo...
— Calma mãe, respira... Eu estou bem sim, o meu primeiro dia foi muito bom, e todos no escritório são bem legais. Eu almocei sim, e agora vou jantar alguma coisa.
— Você demorou demais para chegar em casa...
— Pois é... Acabei que me diverti mais do que eu esperava e acabei passando do meu horário... Mas acho que vai contar como hora extra, sei lá, algo do tipo — minto, mas pra acalmar a minha mãe.
— Mesmo que você esteja se divertindo filha, não pode deixar ser explorada filha, você tem talento, muitas pessoas tendem a se aproveitar disso.
— Sei disso mãe! A senhora me ensinou muito bem isso. Pode ficar com a sua consciência tranquila, que eu não vou ser explorada! E sei que se alguma coisa tiver errada, você vai falar tudo por mim.
— Claro que sim! Eu quebro a cara de quem tentar se aproveitar do melhor de mim!
— Obrigada mãe, isso é tranquilizante!
— Pois pode ir tomar um banho e relaxar, que eu vou arrumar alguma coisa para você jantar.
— Não precisa se preocupar com isso mãe!
— Vai logo filha! Eu estava precisando sair de casa um pouco, seu pai estava em tempo de me colocar doida organizando algumas pendências de uns congressos que vão acontecer em um dos nossos hotéis.
— Tudo bem então. Não demoro!
Vou tomar o meu banho sem pressa e depois coloco somente um blusão, que mal chegava a metade das minhas coxas e uma calcinha. Era minha mãe, ela não se incomodaria com as minhas vestimentas.
O cheiro do molho de bolonhesa dela faz o meu estômago acordar.
— Hmmmm mãe! Que delícia! O cheiro está ótimo! — digo dando um beijo em seu ombro e pego um par de pratos para que possamos jantar.
— Fiz um monte, você pode congelar e esquentar o suficiente para você. Vou separar nos potes e colocar logo no congelador.
— Deixa isso pra depois mãe, vem comer comigo. Aproveitar enquanto está quente...
— Não precisa se incomodar com isso filha. Não tinha planos para ficar para jantar. Por essa hora, seu pai já deve ter terminado a grande maioria do trabalho e deve estar se perguntando onde eu estou... — ela já pegou vários potes e começa a distribuir o molho neles.
— Chama ele também...
— Deixa pra uma próxima minha filha. Eu já fiz o que tinha que fazer aqui. Posso ir pra casa pra terminar de ajudar o seu pai. E outra, eu já tenho planos com ele para mais tarde, debaixo dele pra ser mais exata.
— Mãe! Credo! Muita informação! Não precisava saber disso...
— Até parece que você não sabe como você foi feita...
— Sei, mas não preciso desses lembretes. Vocês já esbanjam muito amor normalmente, não preciso de uma imagem de vocês nos finalmente...
— Nos finalmente não. Sexo. Você pode falar sexo filha, não é uma palavra feia.
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Tinta Viva
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