Além da inquisição

Passos

Hanyel já chegara em casa e estava a consertar a porta doa fundos.
- Alcance-me um prego, por favor. - Disse para Ariane.
- Sabe... eu acho melhor tirar esta porta e colocar outra. - Ariane diz ao pegar um prego. - Toma!
- Obigado! - Hanyel começa a martelar.
- Você não acha?
- Tenho que consertar esta até comprar outra ou você passaria uma noite aqui sem a porta dos fundos?
- Há! Eu?
- Sim!
- Não, eu tenho medo deste lugar. Olha... é tudo fechado, não temoa vizinhos...
- As mesmas coisas que existem aqui, também vagam pelas cidades.
- Pode até ser, mas eu não fico sozinha aqui de jeito nenhum.
Hanyel termina de consertar a porta, ele se encosta na parede e observa Ariane.
- Vamos até a floresta?
- Vai tentar falar com ele?
- Tentarei! - Disse Hanyel ao prender o cabelo e pegar a caixa de ferramentas.
- Vamos! Quero ver se acho algumas amoras.

Hanyel vai até seu quarto no segundo andar e pega incenso e velas, ao descer na cozinha, pega maçãs e um pequeno pote com mel. Iria levar uma oferenda ao seu Deus e pai... Cernunnos.

- Bianca ainda não chegou!
- Deve estar vindo. Não iremos demorar, não é? - Ariane pergunta ao pegar um casaco.
- Não! Será rápido... como sempre.
Os dois fecham a casa e e seguem para a floresta.
- Tens medo deste lugar, mas confesse... ele é lindo, não? - Hanyel joga uma pedra no lado.
- Sim, não posso negar. É lindo.
- Onde mais poderíamos encontrar um lugar assim? Uma bela casa, com um lado, cercado de belas árvores...
- E no fim do mundo! - Ariane diz rindo.
- Sim, hahaha... no fim do mundo.
Eles adentram a floresta, Ariane estava segurando o braço de Hanyel, como sempre fazia quando entravam na floresta. A grande floresta com árvores imensas, era extremamente linda e assustadora. Em meio ao verde dos arbustos e amoreiras, sombras se fixavam até mesmo nos dias onde o sol reinava esplêndido.

Hanyel e Ariane diminuem os passos. Estavam chegando no local onde eram o professor fazia suas oferendas. Um amontoado de enormes pedras achatadas e brancas, que formavam uma espécie de escadaria e em cima, um belo piso.
- Espero que hoje ele lhe responda. Vou pegar algumas amoras. - Ariane beija a testa do amigo.
- Obrigado! - Diz ao soltar a mão dela.
Hanyel sobe lentamente os degraus de pedra. Ao chegar no último degrau, ele para. Não se atrevia a subir até em cima, pois dizia que ali era o lugar único e especial de seu Deus pai.
Ao se ajoelhar diante sa última pedra, deixa no piso as suas oferendas e espera por um contato.
- Pai... peço sua ajuda... não estou nos meus melhores picos de saúde, ajude-me, diga-me o que devo fazer. - Disse com os olhos fechados.

                                       ...

Bianca chega em casa. Com o carro já na garagem, ela entra na casa.
- Olá! Demorei, mas cheguei! - Disse ao deixar as chaves na bancada.
Bianca tira sua bolsa e coloca na poltrona.
- Nossa, estou acabada... quem é o infeliz que prende os professores fora do turno, para uma aula de como escapar de um incêndio? - Bianca ri ao ir para a cozinha. - Eu sei fugir de um incêndio!
Ela abre a geladeira, verificava algo para comer.
- Quem é que toma todo o leite e não avisa? Eu hein, como vocês tomam leite! - Bianca diz olhando as escadas. - Ei! Tem alguém aí?
Uma porta bate no andar de cima.
- Ainda bem! Pensei que estivesse falando com as paredes!
Bianca fecha a geladeira e vai preparar um café.
- Como eu ia dizendo... - Ela começa a falar quando ouve passos descendo as escadas. - Tivemos um curso em caso de incêndio. É obrigatório, mas é um saco.
Os passos param.
- Que merda, vocês não falam comigo! - Bianca vira-se e olha a escada. - Ué? - Não via ninguém.
Não deu muita importância, continuou a fazer seu café, quando ouve alguém subindo as escadas correndo.
- Ariane? - Ela deixa a chaleira no fogão. - Hanyel?
Vai até o pé da escada e observa para ver se alguém aparecia. Ela acende o fogo apenas com o olhar. Bianca começa a subir a escada. Cada passo dado, a madeira rangia.
- Merda de casa! - Disse.
Ao terminar de subir as escadas, verifica os quartos para ver se encontrava Hanyel e Ariane, mas não encontrou ninguém. Passos descem a escada novamente.

                                    ...

Ariane havia colhido algumas amoras e agora esperava por Hanyel. Ele abre os olhos e suspira fundo.
- Nada...
- Hany...
- Ele uma hora ou outra, irá falar comigo... eu tenho certeza!
- Então vamos logo, já está noite.
- Vamos! - Hanyel desce os degraus e sai com Ariane de volta para casa.

Ao chegar em casa, vêem a chaleira no fogo.
- Bianca já chegou! - Ariane diz para Hanyel.
Bianca em seu quarto angustiada, ouve as vozes deles e desce correndo.
- Onde vocês estavam? - Pergunta procupada.
- Na floresta, trouxe amoras... o que houve?  - Pergunta Ariane.
- Quem estava subindo e descendo a escada?
- Ninguém, Bianca. Nós nem estávamos aqui. - Hanyel diz ao comer algumas amoras e ir desligar o fogo.
Bianca fica preocupada, seus olhos demonstraram medo.
- Bianca? - Ariane se aproxima da amiga.
- Tinha alguém aqui ma casa...
- Como assim? - Hanyel olha sério para Bianca.
- Tem mais alguém aqui em casa! Bateu a porta lá em cima e estava descendo as escadas e quando eu subi la em cima... continuou...
- Calma Bianca, não tem ninguém! Calma! - Ariane abraça a amiga.
- E... e se eles voltaram? E se eles voltaram, Hanyel? - Bianca fala desesperada.
- Calma, Bianca. Só estamos nós três aqui em casa. - Hanyel falou ao puxar Ariane e Bianca para a sala. - Só estamos nós três.
Logo passos rápidos sobem a escada e bate todas as portas dos quartos do segundo andar.