“Se você não pode mostrar uma prova que está vivo, isto pode ser então a mesma coisa que estar morto.”
Vivi Ornitier. Uma existência bastante intrigante. Muitos o conhecem como o pequeno garoto estranho. É difícil compreender a ignorância do ser para tudo que não dominam ou conhecem. O desconhecido é sempre mais temido do que um inimigo declarado.
- Mamãe, o que ele é? – Perguntou uma criança na rua.
- Não sei, apenas fique longe dele.
Alguns arriscam mais, mas suas palavras pouco poderiam interferir na mente daquele garoto, que era puro e inocente. Aparentava ter apenas nove anos, mas na verdade tinha seis meses de vida.
- Lá vem ele... Essa coisa estranha andando pelos becos... Diferente dos humanos, ele possui uma aura negra cobrindo sua pele exposta, olhos amarelos brilhantes e a habilidades misteriosas. Ele tem um pequeno tamanho, mas um grande mistério! É um alienígena! – Disse um mendigo qualquer na rua. - O que importa... O que importa é continuar vivendo, não é? Sabe o que é viver? É ter histórias para contar. – Continuou.
Embora tivesse pouco tempo de vida, Vivi já tinha muita história para contar, mas não necessariamente sabia que possuía.
Tudo começou quando o mesmo caiu de um barco voador de carga em uma floresta próxima a Treno, ele estava dentro de uma caixa. As razões para isso acontecer estavam obscuras, mas Vivi já tinha a aparência de uma criança de nove anos.
Na beira de um pequeno penhasco estava um ser com roupas que possuíam símbolos de dragão, um bigode preto e uma aparência redonda e branquela. O mesmo estava pescando e reclamava constantemente de estar com fome.
- Acho que peguei algo! – Disse aquele ser ao ver que sua vara de pescar tremia.
Ele havia pescado um pequeno corpo, aparentemente um bruxo, com roupas azuis e um chapéu engraçado. Certamente não esperava por isso. Após alguns minutos sem reação, resolveu dizer.
- Você não precisa ter medo...
Ele pensava em comê-lo na primeira oportunidade, mas reclamava que o bruxo era muito pequeno e precisava crescer. Então, para tal e somente com este objetivo, resolveu cria-lo.
- Irei criar você tudo bem? Irei chama-lo de Vivi. Vamos comigo, Vivi.
Seis meses passaram em um piscar de olhos. Vivi estava brincando no espaço vazio que a caverna onde morava aquele ser possuía.
- Vovô Quan, Vovô Quan! – Disse o bruxo.
- O que foi dessa vez? – Reclamou Quan.
- Conte-me uma história? Estou entediado... I-Isso se não for incomodar o senhor.
- Tudo bem. Lá vai.
Quan. Este era o nome daquele ser. Quan era um exímio contador de histórias e passava a maior parte do tempo falando de comida, cozinhar e dormir. Era preguiço, porém muito sábio e paciente.
- Seis meses se passaram desde que adotei ele e este garoto não cresce.
Talvez não tão paciente. O objetivo principal no momento era comer Vivi, pois não via muita utilidade na convivência com aquele bruxinho. No começo da relação entre os dois, Vivi quase não falava. Era apático e silencioso. O garoto só começou a adquirir feições a partir de um tempo, pois Quan se esforçava muito para que Vivi se sentisse confortável.
- Vovô, conta algo bem criativo. Você é o melhor! – Vivi o exaltava com frequência.
Quan também era mestre de cozinha e sabia tudo sobre alimentos. Ele tentava ensinar à sua pupila, Quale, que o importante era ter uma grande imaginação, mas percebeu que isso não se ensina e chegou a abandoná-la só porque a considerava fraca demais neste ponto.
- Tudo que você me ensinou parece legal... Um dia conseguirei achar essas coisas que você diz, vovô?
- Certamente irá, Vivi.
O bruxo nunca havia saído da caverna, pois Quan temia perder sua tão esperada refeição. Tudo que Vivi sabia sobre o mundo era fruto da imaginação de seu avô adotivo, então muito era distorcido, pois Quan adorava enfeitar suas histórias com detalhes inexistentes.
- Coma na mesma intensidade que vive.
E dava conselhos estranhos. Embora fosse um pouco louco, o mesmo percebeu que não comeria mais Vivi e antes que pudesse chegar a maiores conclusões, veio a falecer. Isso foi um choque para Vivi, que se perguntava quando o mesmo iria voltar para lhe contar mais histórias e dar conselhos. Desamparado, ele teve que pensar em sair da caverna. Era simples pelo fato de ter que dar alguns passos até à saída, mas ao mesmo tempo era difícil por não saber o que o esperava do outro lado.
Vivi precisou de sete dias para conseguir sair da caverna e ir para a cidade ao lado, Treno, mas precisou também de mais sete dias para decidir que queria viajar para conhecer o mundo que seu avô tanto falava. Ele decidiu começar por Alexandria, que era famosa por suas peças de teatro e que Vivi ouvira algumas menções de Quan sobre isso. Não demorou muito e o garoto estava em solos Alexandrinos, pronto para começar a mudar sua vida para sempre. Ele era desajeitado, pouco sabia sobre os sentimentos das pessoas, sobre as atitudes e também era inocente em vários aspectos. O que essa aventura poderia lhe trazer de tão bom? Não sabia, porém via nesta viagem uma forma de se manter próximo ao seu avô. Com um ticket na mão para uma peça chamada “I want to be your canary” e alguns segundos de coragem insana, era o começo de uma nova forma de se viver.
Fin
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Vida
FanfictionUma interessante interpretação da visão limitada de mundo de um dos personagens mais queridos do Final Fantasy IX.