Capítulo 4: A Visita (parte dois)

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"Morra eu e não vós, senhora! Morra eu, para que o vosso amor não viva só."

 Duas horas da madrugada e eu mal consegui dormir. Estava ainda acordada, porque o estranho comportamento do Carolas se fez ouvir.

- Vaya, Ide ver! _ Disse a Dio para mim, no seu portunhol. 

Mas por mais que fosse essa a minha vontade, eu não queria ir, pois sabia que a cave estava trancada e a mamã guardava a chave com que havíamos de a abrir. Eu não podia simplesmente tira-la, já que entrar em silencio (no quarto) era quase impossível de conseguir.

- Mamacita! - chamou ela com o seu sotaque espanhol.  - Quando uma porta  enfim se fecha, o que fica por abrir?

   - A janela! _  pensei empolgada, chutando o lençol.

De um salto saí da cama, calcei as chinelas havaianas, peguei no celular e com ele por um tempo na boca, saí pela janela sem muito drama. 

Foi fria aquela aquela hora e eu estava de shorts e camisa de noite. Queria ir embora mas eu sabia que tinha de ser forte. A nossa casa não era grande, para minha grande sorte. Foi preciso apenas uma pequena volta para a encontrar, ao lado de um estreito poste. 

A janela era assim pequena, perfeita para um pequeno animal e para mim não era um problema, era o meu estado natural. Quando entrei, meio as escuras, percebi que a cave era húmida e fria. O silencio a dominava como nos filmes de terror B que eu as vezes via.

Havia coisas por todo lado, eu pude sentir. Eram tantas e como esperado, dei com algo que me fez cair.  Eu bati com a cabeça numa das colunas que sustentavam o piso do andar superior. mas graças a Deus e a pensar de ter ganho um pequeno galo, não aconteceu o pior.

Logo me dei conta que perdi meu celular, fiquei de gatas e procurei até o achar. Era com ele que vinha iluminando o meu caminho e quando o achei, fiquei feliz por ainda funcionar. Ainda de gatas, liguei a lanterna do dito celular. Iluminei a frente e um susto fui levar!

- Meu Deus... _ pensei, deixando cair o celular.

Ali numa coluna, vi alguém a espernear. Vendado e amarrado estava incapaz de se afastar. Fora raptado, nem era preciso adivinhar, mas  eu sabia que o idiota do carolas nunca foi de raptar.

Eu mal conseguia acreditar. Aquela era uma visão que pouca gente teve o azar de testemunhar. E embora assustada, deixei-me levar. Quis saber quem ele era e depois o ajudar 

Baixei aquela venda com celular a iluminar mas... inesperadamente acabei por bloquear.

- Não... Isso não! - pensei, sem acreditar.

O celular caiu, logo tive que pegar e quando me levantei o rosto dele voltei a tapar. Foi com essa rapidez que saí por onde entrei sem hesitar, desejando ofegante lá nunca mais voltar.

...

As três da manhã, a Dio teve a lata de me acordar. Eu estava na cama, encolhida como um bebê recém-nascido, tentando relaxar. Estava assustada, pálida de medo, perdida em receios e nem nos meus pensamentos me sentia capaz de confiar.

Ela deitou ao meu lado como quando me cantava canções de embalar e encostando-se a mim, passou as mãos pela minha cintura para me aconchegar. Eu tremia histérica, eléctrica e o meu peito pulsava com força de for frenética, quase sem se conter e a  minha respiração pesada ameaçava a cada segundo de mim se libertar. 

- oye...  _ sussurrou ela aos meus ouvidos, tentando me acalmar. - Todo está bien.

Mas isso era mentira... Uma doce mentira!

Pequenos Contos de Paixão & Perigo: Ribeirinha MaiaOnde histórias criam vida. Descubra agora