1. Malditos Isópteros!

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Desde que eu era pequena, minha mãe era obcecada com listas de rotina. Ela acreditava que existia um horário até mesmo para escovar os dentes, e colocou isso em prática na minha vida.

Eu não era e nunca fui muito inclinada a obedecer a rotinas, nunca conseguia acordar no horário, estudar quatro horas por dia ou comer apenas em horários certos. Depois de alguns anos ela desistiu de tentar me fazer seguir os horários, e talvez fosse por isso que eu comecei a segui-los.

Depois de um ano e meio era mais fácil: acordar às 6am, correr pelo bairro por meia hora, voltar para me preparar em um dia na escola, aonde eu seria torturada pelo resto do dia.

Com o tempo, minha rotina havia sido moldada e podia até dizer que minha mãe me dava um olhar orgulhoso quando eu abria a porta de casa às 6h30am e ela preparava o café. Às sete horas eu me sentava em frente ao lado do meu pai, que me entregava um jornal extra sem mesmo tirar os olhos do seu.

Era uma boa rotina, e funcionava com todos nós enquanto tomávamos café em quase completo silêncio, apenas comentando ocasionalmente sobre alguma notícia da quarta cidade mais fria do mundo.

International Falls podia ser considerada um ovo, mas um ovo que havia sido colocado no congelador para o resto de sua vida. Não que ovos tivessem vida.

Quer dizer, eles tinham dentro de si, a não ser que fossem os de fábricas em que os pintinhos já estavam mortos...

- Rose!

A voz de minha mãe me fez abaixar o jornal no qual eu nem prestava mais atenção. Meu pai havia feito o mesmo, e pela cara desaprovadora dos dois eu estava perdida em meus próprios por tempo demais.

Lucas e Meredith Allen me encararam esperando que eu dissesse algo.

- Bom dia? – tentei e meu pai bufou. – Desculpe, eu só estava pensando sobre o roubo no jardim do Sr. Jones. Notaram que o roubo de gnomos tem crescido bastante?

- Rose... – começou minha mãe. – Estamos tentando chamar sua atenção há tempos. Precisa prestar mais atenção.

Suspirei.

- Eu sei. Desculpe. – falei. – O que queriam falar?

Os dois se entreolharam preocupados. Eu franzi o cenho pelo que aconteciam. Meu pais sempre foram muito diretos, sem muita embolação em qualquer coisa; isso fazia o movimento suspeito.

- O que aconteceu? – eu perguntei preocupada.

- Fui demitido. – meu pai respondeu e eu o olhei surpresa.

- Quando? – eu perguntei com a voz esganiçada e minha mãe não segurou o olhar reprovador.

Se acalma, mulher!

- Ontem. – ele continuou. – Hoje é meu último dia na empresa.

Não éramos ricos e nunca fomos. O trabalho do meu pai vinha sendo a única forma de renda nesse último ano desde que mamãe teve que sair do emprego dela e desde então as coisas vinham sendo meio apertadas, mas agora com meu pai sem emprego ficava em um beco sem saída.

- E agora? – eu segurei a língua ao pensar em sugerir que eu arranjasse um emprego. Isso atrapalharia minhas notas e todas as atividades extracurriculares que eu tinha depois da aula.

- Pensamos que seu pai deveria voltar para a Califórnia por um tempo e trabalhar com seu irmão. – minha mãe falou, fazendo com que eu olhasse para ela. – Wilston já topou, seu pai vai amanhã.

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⏰ Last updated: Nov 27, 2017 ⏰

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O Garoto no Quarto da FrenteWhere stories live. Discover now