Tem mais alguém na casa

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Passos atrás de passos são ouvidos pelos amigos. Hanyel segurava a mãos de Ariane e Bianca. Estavam trêmulos. Algo não estava certo. As madeiras começam a ranger.
- Gente, o que é isso? - Bianca diz com total desespero em sua voz.
- Não sei. Vamos subir até lá. - Hanyel diz. Ainda de mãos dadas com as garotas, sobem as escadas. Ouvem passos vindo do quarto de Bianca, eles param. Bianca gira a maçaneta lentamente, alguém corre pelo quarto indo em direção ao quarto de Hanyel.
- Odeio essa casa. - Ariane diz.
Vão até lá, abrem a porta. Mas não há ninguém. Faz barulho no quarto de Ariane. Como se coisas estivem sendo quebradas. Dessa vez o quarto estava com a porta escancarada.
- Ariane me diz que foi você que a deixou aberta! - Bianca arregala os olhos para Ariane.
- I-Infelizmente não fui...
Ela para repentinamente. Objetos estavam quebrados no chão. O abajur estava piscando. A lâmpada estava cortando sua iluminação.
- Gente não sei vocês. Mas eu acho que não estamos sozinhos aqui. - Ariane diz se ajoelhando para juntar seus relatórios que estavam espalhados pelo quarto.
- Também cheguei a essa conclusão. - Bianca ajuda a amiga. Hanyel faz o mesmo.
Um vento forte balança a cortina branca do quarto de Ariane.
- Foi só um vento.
Falam em uníssono.
Hanyel sente um presença pesada no quarto, se levanta colocando as fichas de trabalho de Ariane sobre a escrivaninha. Olha para todos lados, não há ninguém.
- O que foi Hany? - Ariane diz ao se levantar e colocar os papéis sobre a escrivaninha.
- Senti uma presença nesse quarto. O ar está pesado aqui.
A pele da garota se arrepia.
- Vamos esquecer isso.
- Concordo com a Ari. Será melhor para nós.
Bianca coloca os relatórios sobre a cama. Hanyel olhava para o espelho. Uma sombra em contorno do espelho o deixa com um arrepio na espinha. Mas não diz nada para as garotas, não quer assusta-las ainda mais.

...

Ariane não havia conseguido dormir. A noite começava a dar lugar ao nascer arroxeado da madrugada, estava exausta. Passou a noite inteira tentando se focar nos inquéritos que devia entregar até a semana que vem.
Olha no relógio no criado mudo marcava 05:30. Se levanta e vai tomar uma ducha fria, a água cai em sua pele. Ela fecha os olhos, quando os abre vê um vulto na parede.
Ela se enrola na toalha, e desliga o chuveiro. O vulto parece se mover.
- Você está alucinando, Ariane. Você passou a noite inteira em claro. - Diz pra si mesma. Ignorando o vulto que logo some.
- Viu era só sua imaginação.
Ela sai do banheiro, se veste com um vestido preto básico social colado ao seu corpo. Se senta na cama e coloca seu sapato e em seguida coloca seu casaco. Prende seu cabelo em um coque, passa delineador nos olhos, e pó, e um batom vermelho vinho em seus lábios. Pega sua bolsa, e sua pasta e seus óculos.
- Espero que eu consiga terminar esses inquéritos.
Desce para tomar café, Hanyel e Bianca estavam na mesa.
- Bom dia!
- Bom Dia Ari! - Os dois falam juntos sorrindo para a amiga.
- Estou exausta. - Ariane abre a geladeira, pega o leite e se senta na mesa.
- Não dormiu novamente? - Hanyel pergunta.
- Não consegui pregar os olhos a noite inteira. Tenho que terminar os inquéritos o quanto antes.
- Você deve descansar Ari. Isto de fará muito mal.
- Não se preocupe. Já estou acostumada. Mas e você dormiram bem?
- Não muito. - Bianca toma um gole de café.
- Nem eu. Fiquei preparando as aulas de hoje até as 2 da manhã. Mas consegui dormir um pouco pelo menos.
Hanyel conseguiu dormir após ocupar sua mente com a aulas que tinha que preparar para o dia seguinte. Não parava de pensar no vulto que virá no espelho do quarto de Ariane.
- Bom gente. Estou indo. - Bianca se levanta da mesa, pegando seus materiais. - Vejo vocês mais tarde. Bom trabalho para vocês. - Diz sorrindo.
Ela deixa Ariane e Hanyel sozinhos.
- Hany você tem alguma idéia do que foi aquilo ontem?
- Não. Infelizmente não.
- Estava no banho hoje. E vi um vulto. - Ariane diz ao amigo, que a olha. - No começo achei que fosse minha imaginação. Mas sei lá algo me diz que não foi.
- Ari não se preocupe. - Hanyel pega em sua mão. - Você só está cansada. Não dorme a duas noites. - Hanyel não queria falar que também viu um vulto. Não queria deixa-la com medo ou preocupada.
- É. Deve ser.
- Sim. - Hanyel a beija na testa .- Não fique colocando coisas desnecessárias nessa cabecinha aí.
- Ok. Não colocarei. - Ela sorri.
- Então como anda o relacionamento com o gato do Leonard?
- Bem. Quase trasamos na minha sala.
- O quê? - Hanyel ri.
Ariane fica um pouco corada.
- Nem eu sei o que me deu. Quando dei por mim estava em seu colo.
- E como é seu membro?
- Hany! Isso é pergunta que se faça... Bem para um oriental é meio grande.
Os dois riem.
- Minha querida amiga. Você está muito pervertida.
- Ele é gostosão.
- Tenho que concordar. Sou a favor de vocês dois.
- Nossa. A gente ainda não está namorando.
- Ainda né?
- Quem sabe né?
Ariane se levanta, pega as chaves do carro e suas coisas.
- Lembre-se que você não pode transar no seu local de trabalho. - Hanyel diz rindo.
- Lembrarei. - Ela ri. - Vou indo. Temos que ir ao campo de inquisição hoje. Vamos fazer uma perícia no local.
- Bom trabalho. Espero que consiga alguma prova.
- Obrigado. Para você também.
Ariane o abraça e se despede dele.
Hanyel ia mais tarde pro Colégio. Tinha só as duas últimas aulas no turno da manhã. Ele sai para andar na floresta. Ele se perguntava se aquilo que ouviram naquela noite, era só suas mentes perturbadas por excesso de trabalhos ou se realmente era algum mistério a ser resolvido naquela velha casa de madeira escondida no meio da floresta.

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