KATRINA | DYBALA ✨

Capítulo 42 - Aprenda a lição.

Quando a música chega ao fim, ainda estou meio deprimido, mas um pouco mais calmo. Talvez nada daquilo faça sentido agora, mas eu sei que fará um dia.
Eu errei em não escuta-la quando deveria e ela errou em mentir para mim, quando devia ter me contado. Fomos dois inconsequentes com o nosso relacionamento e eu tenho noção da gravidade da dor que isso nos levou. Agora estou... Meio incompleto, sem reação. E é fodido, porque eu nunca pensei que uma mulher iria conseguir fazer isso comigo. Fazer eu me sentir um... Nem há uma palavra capaz para definir. Péssimo, talvez?

Um tempo passado ao som do Linkin Park, tendo os gritos árduos do Chester e suas dores naquela letra, fodendo os meus tímpanos com a altura, faz-me ter sensação de preenchimento por um breve instante no meio de tanta coisa insana. Foi você. Apenas você é o culpado por tudo isso. Você.

Antes de entrarmos no ônibus, Sampaoli brigou comigo como eu já esperava. Ele me disse coisas, coisas um tanto... ruíns! Todos ficaram em silêncio porque sabiam que eu estava errado. Eu havia arriscado tudo. Porém, nem mesmo as palavras do seu arrependimento pela minha convocação foram úteis para me fazer sentir qualquer coisa, mesmo que uma mínima raiva. Como eu poderia ter raiva dele quando eu fui o incorreto? Decepcionei a todos ao meu redor. Sou um craque neste quesito.
De que importa pensar nisso agora também? No fim, a Argentina venceu sem mim. Messi fez o seu papel. E Katrina está em outra. Com outro.

Não era uma distância absurda do estádio para o hotel, mas desta vez estava demorando mais do que quando viemos. Eu estava cansado e queria me jogar na cama e ficar por lá até a hora de ir embora, mas, como me concentrar com tantos gritos?
Os caras estavam contentes esta noite, brincam e comentam uns com os outros sobre sair mais tarde para comemorar. Com o fone nos ouvidos, finjo não ouvir nada do que dizem e forço uma carranca meio foda-se para que não me incluam no assunto. Não quero falar com ninguém e nem que me venham com aquelas frases formadas para em seguida me chamar pra sair.
Estou cansado da comoção das pessoas e estou cansado de ser como o fuckboy que faz merda e ainda tem todos lá. Eu não mereço isso.

Sinto o peso do banco ao meu lado ser preenchido e nem preciso olhar para o lado para saber que Gonzalo foi quem sentou ali.

- Vai ficar tudo bem, parceiro. -ele aperta a minha mão, desejando-me condolências. Como se alguém tivesse morrido.

Olho para ele, relutante. - Não me diga algo que você sabe que não vai acontecer. -tiro os fones e os apoio em meu colo. - Eu fiz uma merda por impulso, uma atitude que fodeu a equipe e eu sei que você quer gritar comigo e dizer que eu fui um burro por fazer aquilo. Então se for isso, diga de uma vez e saia!

Ele ri. - Você ter noção que 'fez merda' é um avanço, mas, eu não vim aqui para brigar com você ou te crucificar. Sou seu amigo, acima de tudo, e tenho você como um irmão mais novo e é para isso que servem os irmãos. Para apoiar, mesmo quando eles relutam sua presença ou quando fazem merda.

- Então você não vai me criticar?

- Está brincando? Por quê eu faria isso? Não é de hoje que eu sinto vontade de socar o Sanchez. -retruca, fazendo-me dar uma fraca risada. - Mas o Vidal...Ah... Ele sim está no topo da minha lista! Dá próxima você precisa dar o soco nele.

- Ele é um babaca.

- Exatamente igual um bobão apaixonado que eu conheço. -viro para ele e dou-lhe um soco no braço. Não forte mas doloroso.

- Hey! Eu entendi isso!

Ele olha para mim, seguidamente para o Mercado e o Romero tagarelando com o Rojo dois assentos a nossa frente. - Beber não vai rolar desta vez, né?

Balanço a cabeça. - Não! Dessa vez não!

Sua pergunta foi como uma pequena referência a primeira convocação da argentina depois da morte de Antonela. Gonzalo e eu dividimos o mesmo quarto e ele me persuadiu a saírmos para beber e eu aceitei.
Nem gosto de muito de lembrar pois foi naquele dia que eu liguei para Katrina e decretei o início da destruição do que restava de mim.