Quarta Carta

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  Você está bem ?

Não gosto dessa pergunta, ela é vazia e retórica, e não faz a menor diferença eu responder sim ou não.

Três meses após perder meu pai eu conheci um rapaz na lanchonete, ele era muito gentil, romântico e inteligente.
Me tratava com carinho e delicadeza, me dava presentes e tudo mais.

Eu me sentia segura com ele, eu o amava incondicionalmente, ele me fazia tão bem, tudo tinha começado a mudar, estava tudo dando serto.

E pela primeira vez eu posso dizer.

Eu estava feliz.

Passamos 11 meses juntos.
Os melhores onze meses da minha vida.

Até que um dia, aconteceu uma coisa que eu não esperava.

Ainda estava trabalhando na lanchonete, e tinha entrado um garoto um pouco mais novo do que eu.

Ele era bem educado e nunca fez mal a ninguém.

Eu estava saindo do meu expediente com algumas sacolas, acabei tropeçando e ele me segurou pela cintura,e  me ajudou a pegar as coisas que caiu.

Mas aquele moço a qual eu estava namorando viu apenas a parte em que ele estava me segurando.

Eu não o tinha visto, me despedi do jovem que tinha me ajudado e fui em direção ao ponto de ónibus, onde fui surpreendida pelo meu namorado.

Ele me deu uma carona pra casa, ele entrou e permaneceu calado, o que era de se estranhar, porque ele erauma pessoa super ativa.

Ele perguntou quem era aquele rapaz, o que eu estava fazendo com ele, e quando eu expliquei o que tinha acontecido ele me chamou de mentirosa.

Eu não me lembro de muita coisa depois disso.

Só dele vindo pra cima de mim, e começando a me bater.

Eu tentava de todas as maneiras possíveis sair dali, mais ele era mais forte que eu.

Ele parou quando viu que eu não conseguia mais me mover.
Achando que eu estava morta, me deixou ali, e eu nunca mais o vi.

Estava toda machucada e ensanguentado, não acreditei que o homem que eu mais amei, pudesse fazer igual aquele homem que eu chamava de pai.

Assim que ele saiu com medo de que ele voltasse, me arrastei com muita dificuldade até minha bolsa, peguei o telefone e disquei emergência.

Uma moça atendeu e pedio para que eu ficasse calma que uma ambulância estava a caminho.

Fiquei ali por mais quinze minutos, até ouvir o barulho de sirenes ao longe.

Depois não me lembro de mais nada.

Acordei no hospital, uma médica pedio para que eu ficasse deitada e não me mexe-se muito.

"Ainda há mostros por ai, só que eles não estão mais em baixo das camas."

Cartas De Uma SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora