O Pensamento ficou diferente.

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Awsome party this night.

Enquanto os outros estavam num quarto de hotel do lado contrário do corredor a fumar erva e a ser "fixes" nós os 5, divertimos-nos à nossa maneira. Stick lights, chantily, cartas e doritos. Os nosso laços de amizade estavam cada vez mais emaranhados.

Eram 6:00 da manha. Uma rapariga já dormia, os outros dois rapazes dormiam no chão, um com as costas cortadas de um prego perto da janela. Só sobravamos nós as duas. Ela tinha insónias não conseguia adormecer como sempre. Eu, sentei-me do lado de fora do parapeito da nossa janela do quarto andar do hotel, estava frio mas até sabia bem, a observar o nascer do sol na cidade do Porto e a lembrar-me do quão boa foi a noite. Era o nosso último anos juntos. A nossa última viagem juntos. As turmas iam ser diferentes para o ano e os cursos também. Aproveitei o máximo que pude.

As gaivotas já estavam a sobrevoar também os parapeitos das janelas do hotel.

- Não dormes ? - Perguntei eu.

- Não consigo, as insónias não me deixam. - Respondeu-me ela.

- Então já vou aí ter contigo. - Eram duas camas, os rapazes dormiam no chão e eu ia partilhar a cama com ela. Já estava a começar a tremer de frio, eram 6:45. Saltei para dentro do quarto de hotel mas deixei a janela aberta para entrarem os primeiros raios de sol e chegarem à minha cama. Puxei o cobertor para mim.

- Faz-me conchinha, não consigo adormecer. - Disse ela virada de costas, a olhar para a parede em vez de olhar para mim, fez efeito. Eu fiz voluntariamente, também não lhe puxei os lençois, não me importei de saber que ia adormecer com frio desde que ela não o tivesse. Agarrei-a, e observei ao pormenor a respiração dela, o cabelo, a forma como se estava a enrolar nos lençois. Dei-lhe festas no cabelo até reparar que a respiração tinha acalmado, ela tinha adormecido; então eu podia adormecer também. Os primeiros raios de sol entravam e nós estavamos ali. Assim. Daquela forma. Parecia a coisa mais normal do mundo, era normal.

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Acordei 30 min depois. Abri os olhos e ela já não estava na cama, nem os rapazes no quarto. Aliás, já toda a gente estava em pé menos eu. Só queria dormir mais um pouco mas sabia que tinha que ir tomar banho; voltar para o meu quarto; preparar tudo para o segundo dia de viagem pelo Porto e tratar bem da minha diabetes, se chegasse a casa e mostrasse que não conseguia estar fora 3 dias com bons valores de glicémia as coisas não iam correr bem, adeus confiança.

Corri rapidamente para os professores não repararem qua andamos a correr de um lado para outro de manhã e entrei no meu quarto. Alguém tinha dormido na minha cama, mas com o meu consentimento. Era uma rapariga e um rapaz, se fossem para a mesma cama não ia correr bem. Pedi champô emprestado à minha colega e fui tomar um banho rápido e com a água bem quente.

Desci a correr para não perder a hora do pequeno almoço. Encontrei uma mesa onde estavam todos os que tinham dormido comigo na noite anterior e sentei-me onde não havia cadeira, mas podia-se sempre arranjar mais espaço para uma pessoa. Olhei para todos, disse bom dia e não escondi o riso quando me lembrei das figura parva de todos estes que estavam sentados à mesa na noite anterior. Olhei para ela. Não era preciso falar do que se tinha passado, nós percebiamos os nossos olhares.

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Já eram férias de verão e a saudades eram muitas ! O que é que eu podia fazer... os meus pais não me deixavam sair à noite mas eu arranjava as minhas formas e combinei com ela encontramos-nos quase no final do ensaio da banda. Se os meus pais soubessem iam-me matar mas não interessava, ia estar com ela.

Recebi uma mensagem no whatsapp a dizer que ela estava a adorar a banda a tocar e que me conseguia ver, o meu coração disparou, sentia o corpo todo e não sabia o que é que havia de fazer. Saí mais cedo, tinha milhões de ensaios por ano, agora depois das aulas vê-la era uma raridade. Sendo má mas é verdade fiquei interiormente chateada por vir uma amiga minha atrás. Mas não podia fazer nada, eu faço os possíveis para ser boa pessoa para toda a gente, e até era uma junção de três pessoas malucas, por isso, não correu mal :p

Entramos à socapa no parque dos hoteis Villa Gallé que estão fechados do lado de fora, eu confiei nela porque ela costumava fazer isto quando os pais iam para o bar. Passamos por dentro do hotel como se fossemos clientes e fomos para o parque. Woo, mais aventuras com ela.

A seguir fomos para a praia da Baleia. Era meia noite. Os meus pais telefonaram a perguntar que raios é que eu estava a fazer e eu disse que vinha para casa de boleia, que não era mentira nenhuma, eles só não precisaram de saber o que é que eu estava a fazer na altura, supostamente.

Depois de uma conversas um pouco picantes entre nós as três, totalmente normal, não é que eu já não soubesse os gostos dela mas foi interessante na mesma ter uma conversa tão aberta. Atirámos algas umas às outras e a amiga que veio comigo teve que atender a um telefonema. E eu e ela ficámos sozinhas no meio da praia escura. E como costume da nossa brincadeira eu fiz-lhe uma rasteira, atirei-a à areia molhada e pus-me em cima dela. E num toque que eu vez de ser para assediar foi mais fofo que outra coisa, não me consegui controlar, dei-lhe festas na barriga.

Quando a amiga que veio comigo acabou a chamada olhou para nós:

-Quando é que acabam a brincadeira ? - Disse com um sorriso malvado mas que levamos a brincar e nós subimos para paredão. Ela viu que tinha 3 chamadas não atendidas da mãe no telemóvel, a mãe enquanto estivemos na Ericeira teve que ir ao hospital por causa de uma infeção. Mas veio busca-la na vinda. Enquanto andávamos até ao carro, ela disse-me:

-Gostei da forma como tocaste na minha barriga - Deu-me uma palmada no rabo, nada que nunca fizéssemos, é todo o santo dia e deu-me a mão. Fomos de mãos dadas até ao perímetro visual da mãe e depois soltamos as mãos. Não sei o que é que aconteceu mas nunca falámos sobre isso, era uma coisa normal para nós. Na altura eu já duvidava de mim. Desde a viagem do Porto que duvidava de mim.

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Não a consegui ver muito mais durante o verão cara na cara, mesmo assim falávamos quase todos os dias. Quando as aulas começaram a primeira coisa que fiz foi abraça-la. Almoçamos comida chinesa, porque adorávamos. Fomos nós mais duas amigas, uma delas que também tinha dormido na viagem do Porto connosco.

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Os testes começaram. A escola era nova, os amigos era novos, e os cursos diferentes. Mas fazíamos os possíveis para nos encontrarmos nos intervalos. Eu andava em modo radar para a encontrar.

Pequena História de Como a Dor do Amor ComeçaOnde histórias criam vida. Descubra agora