Gabriel estava pronto, seu rifle estava municiado e destravado, seus olhos fixos no objetivo e a adrenalina impregnava cada fibra do seu corpo, fazendo emanar um calor palpável de todos os seus poros.
Seus irmãos de armas esperavam pela sua ordem, afinal de contas invadir a mansão de um ex-presidente com intenção de matar não era uma tarefa corriqueira para aqueles homens que juraram servir e proteger sempre sob os auspícios da lei, fosse essa falha ou não.
Um homem faz o que deve ser feito. E depositando sua fé nessa sentença que repetiam mentalmente o grupo de elite deu os primeiros passos em direção a entrada norte da propriedade onde congregavam naquele momento os chefes dos principais cartéis criminosos em atuação no Brasil.
- Vai ser foda, mas se conseguirmos, vamos limpar a sujeira toda. Disse Gabriel a si mesmo.
...
Inácio Pernambuco gargalhava de modo sonoro, enquanto contava aos seus companheiros de partido todas as bravatas sobre seu tempo no poder. O Polvo, como era chamado pelos seus cumplices e associados, bradava aos ventos suas histórias de subversão e corrupção, enquanto sorvia sua dose de aguardente e tocava as partes da adolescente seminua que servia os convidados na beira da piscina aquecida.
Seu riso era como o esgar de uma fera, pronta a devorar sua próxima vítima, sua cabeça desproporcional e sua mão mutilada só conferiam ao homem um conjunto mais asqueroso e assustador, que fora das câmeras eram ocultos por ternos caros e maquiagem pesada, na tentativa vã de parecer menos monstro e mais humano.
- E era assim companheiros, ou corria ou morria e se desse com a língua nos dentes a maldade era pegar as crianças deles e meter a peixeira no bucho, na frente do cabra mesmo e foda-se. E deixava a carcaça lá apodrecendo, para mandar o recado do que acontecia com quem fodia o partido.
Dizia Polvo com um brilho sinistro nos olhos.
Seu comparsa de longa data, Nelson Neves, mais conhecido como O Playboy Mineiro, tomou a palavra do amigo completando, enquanto aspirava a última carreira de Cocaína com um canudo dourado:
- E esse Paraíba, Aleijado e Feio para caralho ainda me bota a vagabunda mais desgraçada do partido dele para me fazer oposição, tá de sacanagem né Polvo. Porra, mandava a balzaca gaúcha da Gleisa lá que ainda dava para meter o piru, mas a Vilma foi foda.E todos os presentes, por embriaguez ou bajulação, juntavam suas próprias gargalhadas a cacofonia que tomou o lugar após a observação de Nelson.
Inácio percebeu que seu rádio tocava e atendeu preguiçosamente, do outro lado uma voz hesitante disse:
- Presidente, ouvimos tiros ao norte da área da piscina, se dirija a sala segura sem alarmar seus convidados, acreditamos que o pior esteja por vir.
Tentando disfarçar o medo e a covardia, Inácio arrastou seu obeso corpanzil para fora da água com a ajuda de suas acompanhantes e com o rosto pálido pediu que os presentes o aguardassem enquanto ia ao banheiro.
...
Gabriel sabia que era uma questão de tempo que a militância acampada do lado de fora do sítio percebesse que algo errado estava acontecendo, por isso sua operação deveria ser cirúrgica, sem alarde e com o mínimo de baixas possíveis entre seus homens.
Afinal de contas não desejava que sua missão se tornasse um show de horrores com toda aquela gente bizarra e subversiva correndo em pânico como os covardes que são.
Evoluindo de construção em construção, os Homens de Farda Preta dominavam a milícia mal treinada de comunistas esfomeados que faziam a segurança do local com pouca ou nenhuma dificuldade.
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Fazendo Corruptos sangrarem.
ActionEsse é um conto sobre um homem obstinado em fazer justiça que irá até as ultimas consequências na busca por retribuição de tudo que lhe foi tirado, fazendo sangrar um corrupto de cada vez.