Entrelaçados Por Um Fruto

Capítulo 1

GEOVANA ON

Era cedo quando abri meus olhos. Olhei pela janela e estava nublado, estávamos passando por dias frios, acabei esquecendo de ligar o aquecedor esta noite, o que me fez soltar um suspiro profundo seguido de uma careta quando meus pés entraram em contato com a madeira fria do chão do quarto. Olhei por cima de meu ombro e vi meu amado dormindo. Ele é tão lindo. Voltei a deitar-me e me aconchegar no seu corpo quentinho, fechei os olhos novamente por alguns segundos, mas o barulho ensurdecedor do despertador me alertou que era hora de levantar-me.

Acabei por encarar aquele chão gelado, já estava atrasada para minha consulta ginecológica, finalmente tomei coragem para colocar o DIU. Corri para o banheiro, nunca agradeci tanto por tomar um banho quente. Por sorte, na noite anterior já tinha deixado minha roupa separada junto ao sapato que usaria no dia. Apanhei minha mochila do dia a dia, colocando-a sob o ombro. Voltei ao quarto apenas para dar um beijo no Raf, mas ele já não estava mais deitado na nossa cama. Fui correndo até a cozinha, e como imaginei, ele estava lá fazendo café.

"Ah! Como amo esse cheirinho de café!" - Disse já me aproximando dele e deixando um selinho no seu ombro. - "Mas que pena eu estou sem fome e atrasada! Vou comer apenas esse pãozinho." - Peguei as chaves do carro e saí correndo antes que ele retrucasse, me fizesse ficar e comer algo, o que acabaria me atrasando mais.

Devido as noites frias do Canadá, as pistas estavam congeladas, o que dificultou minha chegada a clínica. Assim que cheguei fui logo atendia, a recepcionista explicou que muitas mulheres cancelaram suas consultas devido o frio. Que também dificultou meu sono por não ter ligado o maldito aquecedor. Cochilei enquanto a minha médica ginecologista preparava tudo para a introdução do meu DIU, eu estava nervosa, mas o sono tomou conta de mim.

"E então, querida, pronta para finalmente realizar seu sonho?"

Escutei a voz de fundo e logo despertei - "Hum... Ah! Sim, doutora! Estou preparada!"

"Você sentirá um pequeno incômodo, certo?" - Concordei. "E... Prontinho! Mês que vem você volta aqui para examinarmos e ver se está tudo bem, certo? Tchauzinho!"

Mal tive tempo de abrir minha boca e a médica já saiu voando da sala, talvez tivesse com mais pacientes para examinar. Enquanto dirigia pela cidade em direção a escola que eu trabalhava me peguei pensando em o quão rápido o DIU foi inserido no meu corpo, se soubesse que teria sido assim, eu teria vindo antes resolver esse problema. Cheguei no meu trabalho em menos de cinco minutos, e esse era um dos porquês eu nunca desistiria de fazer consultas com essa doutora. 

DRA. FERNANDA ON

Assim que Geovana, fui para outra parte da clinica examinar a próxima paciente. Quando abri a porta me deparei com uma surpresa, Isabella.

"Isabella!" - falei tentando não transparecer a supresa- "O que faz aqui?"

"Olá Fernanda" - disse e me lançou um sorriso falso. - "Pedi que descongelassem o ultimo esperma do Lucas. O aniversário dele está chegando e quero presentear ele assim!"

Engoli seco. E agora? O que eu faço? Inseminei minha paciente com a última amostra de esperma do meu irmão! Pisquei algumas vezes e sorri fraco em seguida, pedi licença e saí do consultório para pensar em alguma saída. Depois de alguns minutos pensando, tive a idéia de insemina-lá com água. Voltei para a pequena sala com um copo plástico com água na mão, já preparando-me. Respirei fundo e sorri para Isabella.

"E então... Está pronta para finalmente realizar seu sonho?"

🐻

        GEOVANA ON

Semanas passaram desde que coloquei meu DIU, e sinceramente, nunca estive tão arrependida! Desde então passei mal todos os dias! Suponho que meu corpo esteja rejeitando-o ou algo assim. Depois de mais uma vez interrompendo as aulas e acabar indo para casa devido aos fortes enjoos e vômitos, conversei com minha mãe e ela acabou convencendo-me a ir ao hospital. Não sou muito fã de hospitais, mas aceitei ir mesmo assim pois já não estava mais aguentando essa rotina de: acordar, vomitar, comer algo e vomitar em seguida.

Mesmo com o sistema de saúde gratuito, o Canadá é um país bem eficiente. Os funcionários dos hospitais são sempre gentis e bem-humorados, sem contar na agilidade no atendimento. Assim que chegamos, já fui logo atendida, me levaram para um quarto, onde me entregaram um potinho para que eu fizesse xixi e já tiraram um pouco do meu sangue. Confesso que fiquei um pouco assustada com a quantidade de sangue que tiraram. 

       Após cerca de 10 minutos jogando conversa fora, ouço batidas na porta. Logo reparei no teste de gravidez nas mãos da enfermeira. Antes mesmo que ela me entregasse já fui questionando-a: "Pode me explicar o que significa esse teste nas suas mãos?"

"Ué, filha. Eles precisam fazer todos os exames, é coisa de médico." - minha mãe falou e concordei. "E então? Qual é o problema da minha filha?"

"Parabéns, mamãe! Você está grávida!"

"Viu? Eu disse que... Espera aí! Quê?"

"Ai meu Deus! Você está grávida, filhinha! Que alegria! Não acredito que serei vovó! Você nem me contou que estavam tentando engravidar, Geovana"

"Isso é impossível! Eu coloquei DIU mês passado! Repita esses testes, deve ter algo errado!"

"Mas senhora..." - A enfermeira tentou explicar mas interrompi.

"Por favor."

Mais três testes foram feitos e todos deram positivo. Isso não pode estar acontecendo! Eu e Rafael sempre nos protegemos... e também tem o DIU. O maldito DIU. Rapidamente peguei minha bolsa e liguei para a clínica de ginecologia. A secretária atendeu, pedi pra falar com a doutora Nanda, mas ela estava em uma consulta e não poderia me atender. Mas isso não ficaria assim! Agarrei minha bolsa e após agradecer a enfermeira que me atendeu, puxei minha mãe pela mão em direção a clínica. Eu mereço uma boa explicação e mais exames.

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Eita, e agora? Ainda hoje eu posto o próximo.
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