Chloe acordou e bruscamente fora á procura de seu celular afim de ligar para ela. 2 semanas, porra. Eu a amo, não amo? Como isso tudo aconteceu? Eu deixei acontecer, não deixei? Sonhou com ela de novo e dessa vez fora pior que todas as outras, conseguira sentir o cheiro envolvente dela de novo. A ferocidade que as unhas dela cravavam nas suas costas, sim. Ela conseguiu sentir de novo. Mas, Beatrice, leitor, não poderia ser considerada como ex-namorada de Chloe. Para te falar a verdade, Beatrice fora o escândalo que ocasionou todo o resto. Foram felizes para sempre e final. O problema é que, o que vem depois da felicidade? Chloe não gostou de descobrir porque, além de descobrir da pior maneira, ela descobriu sozinha. Com um toque, arremessou-se para fora da cama pensando no que iria comer, mas o celular anunciava que em 30min ela teria uma prova de psicánalise. Eu nem vou nessa aula. Eu odeio essa professora. Pegou qualquer coisa que tinha em cima da mesa e colocou dentro da calça rasgada. Indo em direção ao campus, tirou a barrinha de cereal e deixou pra trás um papel e um número anotado. O celular marcava dez horas da manhã e 20 mensagens não lidas, Chloe pensou até em responder, mas a verdade era que não ligava para aquelas pessoas. Eu gosto de ser sozinha. Eu gosto de ser independente. Eu sinto a falta dela.
Na aula de psicanálise I acontecia a prova trimestral mais aguardada por Anastasia, a querida da professora Summer. Com a boca tremendo e a face pálida, Anastasia colocou a caneta preta entre os lábios carnudos e rosados, pensou em como adoraria ter um Google em tudo na sua vida. Ah, que maravilhoso seria. A sala toda estava em silêncio quando um barulho ecoou pela sala, Anastasia não havia se alimentado, a noite fora muito agitada e acordara muito atrasada, mas não era possível que esse barulho saísse dela. Ao levantar os olhos para onde o barulho vinha, percebeu que estava olhando para menina de jeans rasgado e cabelo longo. A menina. Os olhos escuros estavam olhando fixamente para o chão, a voz gaguejou algo que ninguém da sala escutara. A porta mal aberta bateu novamente na parede gélida, alguém resmungou algo que parecia ter sido um xingamento e a menina da noite passada tinha um pouco de dificuldade em passar por tantas cabeças abaixadas. "Pegue a prova, assine aqui, você terá duas horas para finalizá-la. Que surpresa te ver aqui, Chloe", murmurou por fim a professora. Ana conseguiu ouvir. Esse é o seu nome, afinal. Bonito, mas não me parece com ela. Por que será que ela não me ligou de volta? A verdade era que elas já tinham, sim, se conhecido. Noite passada Chloe sussurrou absurdos no pé do ouvido de Anastasia. Coisas que te deixariam fora de si, leitor. Anastasia esperava ansiosamente pelo olhar de sua misteriosa amiga, mas quando seus olhares se cruzaram... Não pareceu que ela se lembrava. Eu pensei que... Acorda. Vai continuar a prova, esqueça isso. Foi uma noite. Caos, lembra? Foi isso que ela te disse, você concordou. Não pode reclamar.
O relógio lembrava Chloe de que faltavam apenas 15 minutos até o final da prova, mas até o momento apenas um pensamento pairava por sua cabeça: a menina desleixada dos cabelos ondulados. Anastasia. Depois de muito tempo tentando lembrar o seu nome, tirou de uma memória perdida seu nome. Não combina, ela tem o rosto de Jane. A menina dos olhos azuis escuros estava concentrada na prova, a perna balançando embaixo da carteira entregava o nervosismo. O all-star amarelo surrado e a mochila velha deixaram Chloe curiosa, mas não tanto quanto o mistério que pairava sobre aquele anjo.
Assim que a prova fora finalizada, Anastasia esperou todos saírem da sala para tirar suas dúvidas com Summer, mas estava inquieta pois Chloe continuava na sala e não parecia querer sair. Ao dar um passo a frente, ouviu uma garganta sendo limpada e uma voz familiar pronunciar seu nome. Ao virar, deparou-se com longos cabelos negros e olhos escuros diante dela. Merda. "Pois não?", perguntou com desdém. Chloe pensou que a menina estivesse doida. Grossa. "Eu preciso falar com a professora, será que tem como você me dar licença?" Era só o que me faltava ser tratada com grosseria agora. Será que ela não lembra mesmo de mim? Anastasia não sabia onde enfiar a cara e no reflexo pegou sua mochila e fora embora. Simples assim. Os cabelos na altura do ombro e negros batendo em sua nuca, a boca tremendo e o coração apertado deixaram a inocente Anastasia tonta. Na frente de todo o campus de psicologia, Anastasia Foster começou a chorar. Como morava no campus e sua casa era próxima, foi soluçando até o apartamento 269, acolhida por vários estranhos, Ana só precisava de um abraço.
Ao chegar no seu apartamento, se é que dá para chamar aquilo de apartamento porque parece mais um cubículo, atirou-se no seu sofá e esperou até que Janis viesse ao seu encontro. Quando a pequena bola de pelo pulou em seu colo tudo melhorou. Anastasia Foster, meus caros leitores, não era uma menina qualquer. E nem queria ser tratada igual uma. Anastasia Foster tinha personalidade. Ela gostava de certezas, os enigmas nunca foram o seu ponto alto. Eu era uma merda em detetive, for God sakes. Depois de completar o ensino médio, Anastasia mudou-se para França para cursar o ensino superior. Eu queria me reiventar quando vim para cá, por que raios continuo fazendo os mesmos erros? Teve uma namorada em Califórnia, mas como todos os romances, a chama apagou e a vida seguiu. A única lembrança que tinha destes tempos era Janis, um livro e um disco. Com os pés quentes embaixo do cobertor, Anastasia pensou no quanto seria difícil levantar e tomar banho, mas do mesmo jeito, levantou-se e preparou sua roupa para sair. Eu deveria ter mais amigas. Eu deveria ter amigas.
YOU ARE READING
SPRING and all the other seasons
Mystery / Thrillerprimavera substantivo feminino 1. estação temperada e amena, entre o inverno e o verão [No hemisfério sul, estende-se do equinócio de setembro ao solstício de dezembro; no hemisfério norte, do equinócio de março ao solstício de junho]. Partindo da...