(...) E se tornou tão doce (...)

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  — É saboroso. - Ele dizia. — Com um gosto forte, mas ainda é saboroso. 

 E Wonpil simplesmente não conseguia crer nisso, pois como uma pessoa adoradora de tons claros e qualquer coisa doce, achava estranho o gosto do café preto puro e quase se tornava um louco quando DoWoon o servia com o café mais amargo do planeta. O fuzilava com o olhar, perguntando-se qual seria o problema do mais novo de nem ao menos colocar uma pequena colher de açúcar. 

 E ao contrário de DoWoon, seu estômago embrulhava ao tomar o café preto, mesmo adocicado ao seu gosto, imagina sem açúcar algum!  Na verdade, sua raiva durava em apenas dois segundos, nesse tempo que o mais novo o olhava e notava seu erro, pois ele tinha a plena consciência de que odiava amargos e azedos.

  — Se você não fizesse cara feia em cem porcento das vezes, veria o quão bom é. - Ele sempre dizia. 

 Duvidava. Duvidava da forma mais amarga como o café que DoWoon insistia em tomar. Duvidava muito, completamente. 

 Na verdade, evitava o café a todo custo, apenas o tomava em momentos extremos, quando precisava se manter acordado a todo custo ou quando simplesmente estivesse cansado e precisava de alguma energia. Aquele amargor lhe dava essas coisas e sempre que observava o mais novo o tomar, pensava que fosse pelo mesmo motivo, porém DoWoon se mostrou um adorador de café preto amargo. Quanto mais amargo, melhor. Ele o tomava quando acordava, antes de almoçar e e algumas vezes durante as tarde e claro, meia hora antes do jantar. Ele simplesmente vivia para tomar seu café amargo e quase morria quando não o tomava.

 E claro, quando o mais novo se sentia irritado, o café amargo o acalmava... Quem diria, não é mesmo?

 E com o tempo, Wonpil aprendeu a apreciar aquele sabor odioso nos lábios, nos lábios do mais novo, que o selava sempre depois de o tomar. Ele o beijava, deixando que sua língua provasse o sabor na boca do mais novo e se deixasse amar aquele gosto forte, mas que se tornava adocicado nos lábios dele, em sua língua. E queria acreditar que aquele fosse o real sabor, o sabor que nunca conseguiu sentir sozinho, apenas nos lábios dele. 

 Se sentia um traidor de seu próprio paladar, ao qual fazia cara feia a cada gole em um pretinho básico, mas adorava como a textura amarga ficava na língua dele, leve e doce. 

  — Você odeia e eu o provoco. - Ele dizia, ele alegava e o seduzia. 

 O sabor se tornava uma especiaria adocicada naquele local e simplesmente era viciante. Wonpil não conseguia se conter, não conseguia deixar de o beijar quando o mais novo começava. Ele o provocava, mesmo que fosse sem querer.

E quando menos esperava, acabou por gostar e se viciar.

Não no café preto amargo.

E nem no café preto adocicado.

Fora nos lábios de Do que descobriu como tornar algo amargo no mais puro doce. Fora nos lábios de seu precioso namorado que aprendeu a amar o café preto, por mais forte que fosse. 

AdocicadoOnde histórias criam vida. Descubra agora