Capítulo I
Bem vindos a Niceville
Mesmo quando você não sabe para onde vai, ajuda saber que você não está indo sozinho. Ninguém tem todas as respostas. Às vezes, o melhor que podemos fazer é pedir desculpas, e deixar o passado no passado. Outras vezes, precisamos olhar para o futuro e saber que, mesmo quando achamos que vimos de tudo, a vida ainda pode nos surpreender, e ainda podemos surpreender a nós mesmos.
— Gossip Girl
Eram tímidos os raios de sol que surgiam no horizonte longínquo, banhando o mar da Flórida, onde as ondas quebravam silenciosas na Praia Central. Ali perto, pessoas caminhavam pelas calçadas da Princes and Kings, uma das avenidas mais movimentadas e conhecidas da cidade. Algumas delas paravam para um rápido café no Dulcis, o ponto certeiro para se encontrar com os amigos. Outras tiravam o dia para as compras, lutando para adquirir uma peça da nova coleção da Dior ou um par de sapatos da Tod’s. Isso graças aos diversos Outlets que circulavam pela cidade.
Quando a galera se reunia, conversavam sobre a noite agitada nos Porões, onde as bandas de rock costumavam tocar. É claro, não deixavam de comentar sobre as sessões de escândalos regada a muita bebida e sexo que rolava nos Pubs e nas baladas eletrônicas.
Era nada mais que uma linda manhã em Niceville, um pequeno município situado no condado de Okaloosa.
Mesmo não sendo uma cidade tão grande, Niceville era conhecida por seu encanto natural, misturado à excentricidade de seus residentes. Não era a toa que alguns turistas, sempre quando podiam mudar sua rota, faziam de tudo para poder visitá-la.
Mas vamos para não muito longe dali, onde um Porsche Cayman verde escuro deslizava pela autoestrada, atravessando os demais carros à sua frente com facilidade. A voz gutural de Chad Kroeger, vocalista da banda Nickelback, solava um de seus clássicos num instrumental acústico, dando um toque diferente à canção.
— Não me diga que vai chorar! – Matt parecia gritar devido ao som alto do carro. Tentava chamar a atenção do garoto assentado no banco do carona que, por sua vez, tinha os olhos perdidos na vastidão ensolarada e a mente que vagava em pensamentos distintos, presos a ele ao decorrer de sua vida. Sorriu sem muito entusiasmo para o outro. Parecia que tinha acabado de acordar, ou de voltar de uma festa arrasadora, com direito a muita tequila e outras bebidas mais fortes. – Ei, pensei que estivesse animado!
— E estou. – Adam esticou mãos, braços e os músculos do corpo, ao mesmo tempo em que abria a boca e deixava um bocejo lhe escapar. No minuto seguinte, foi dominado pela canção que lhe invadia os ouvidos. – Essa música é muito linda.
— Never gonna be alone... – Matt cantarolou, olhando para o outro através dos óculos escuros. Um sorriso desenhou-se em seu rosto ao ver Adam revirar os olhos. – Não me deixe na seca.
— From this moment on, if you ever feel like letting go…
— I won't let you fall... Never gonna be alone!
— I'll hold you 'til the hurt is gone.
— Olha só, até que você não canta mal.
— Sei que você está sendo puramente sarcástico.
— Eu não disse nada. – Matt levantou as mãos do volante por um momento, fingindo inocência. Sabia que Adam não levava jeito nenhum para canto. – Gosto dessa banda. Hoje em dia com tanta poluição sonora é difícil achar grupos bons com músicas boas.