A noite estava fria e uma densa neblina cobria a mata fechada de árvores altas e frondosas.
Enobaria sentia o frio chegar até seus ossos, tremia tanto que era difícil se manter em pé, e seu rosto estava molhado do suor frio que lhe escorria.
Por mais que seu corpo se recusasse em prosseguir, ela tinha que fazê-lo. Tinha vindo de tão longe para ela mesma terminar com aquilo, e não era o frio e medo que iriam para-la.
Continuou a correr, seus pulmões protestando ao inalar o ar gélido. Era difícil acreditar que aquela floresta fosse tão quente durante o dia e em contrapartida daquele jeito a noite. Os feitiços de proteção ali eram antigos e poderosos, era necessário ser assim.
Além do frio, era tão fechada e cheia de armadilhas, tudo isso com o propósito de afasta-los. Eles. Os normais.
Chegou no pequeno rio que determinava o limite da Floresta de Shagh. Pequenos olhos e línguas estreitas e cumpridas espreitavam sobre as águas calmas e lamacentas. Os bichos só caçavam de noite, quando, na teoria, não haviam humanos. Mas viviam em bando e não recusariam banquetearem-se caso necessário. Só não gostavam da carne e por isso evitavam.
A garota adorava as aulas de Seres Míticos, mas não podia se distrair com kranees naquele momento.
Um farfalhar de plantas na outra margem a fez agaixar-se de trás de um tronco largo. Você consegue.
Espiou uma silhueta masculina alta. O homem atravessou a pequena distancia das margens adentrando no rio, ignorando as bestas marinhas que ali habitavam.
Mas de alguma forma os seres não se moveram, indiferentes ao estranho. As águas chegavam a metade do seu tronco desnudo. À luz da lua, era possível distinguir uma expressão impassível em seu rosto.
Agora.
Enobaria irrompeu das trevas com ambas as mãos em chamas. Ela tinha se guardado para aquele momento.
Um jato de fogo caiu sobre seu adversário, que permanecia calmo e inabalável. Ele levantou uma das mãos e fechou seu punho. Ao mesmo tempo o fogo se extinguira.
Ela estava surpresa com a situação, mas já havia estudado que não poderia esperar ele revidar. Jogou-lhe bolas incandescentes de chamas, mas não surgiam efeito algum no corpo alto e esguio do estranho, que a olhava agora com certo divertimento.
A garota começou então a entrar em desespero, estava claro que precisava mudar de estratégia. Cessou com seus poderes, e em um rápido movimento atirou duas adagas.
Com movimentos igualmente ligeiros, ele magicamente transformou as adagas em pó antes de acertá-lo. Era um feiticeiro, e isso causou certo impacto na garota, que recuou um passo.
Ele mordeu o lábio maliciosamente. Ela não esperava alguém como ele. Não tinha se preparado. Era impossivel.
Mas ela não teve muito tempo para uma quarta investida. Em um piscar de olhos ele levantou o braço e fechou o punho novamente. Enobaria estava então levitando com as mãos na garganta. De repente suas vias aéreas foram bloqueadas, e o ar não mais preenchia seus pulmões.
O estranho fez seu último movimento. Levou o braço para o lado e o corpo dela o seguiu. Ao abrir seu punho, ela caiu no rio.
E dessa vez o animais não foram tão gentis.
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