I - Zedhek

35 2 2
                                    

Apesar de ser meu aniversário, não tinha nada de bom para acontecer hoje.

Provavelmente meus amigos iriam trazer alguns pães e vinhos caros (claro que seria roubado dos pais de Daniel) para ficarmos vadiando em algum canto depois, mas não compensava o fato de que agora eu era obrigado a servir na guarda do rei depois das aulas.

Não fazia muito sentido ele ter tantos soldados se não tinha um inimigo real a não ser que manter as Cxarës longe contasse. Com isso o castelo era o edifício mais bem guardado. Por que se importar com a população primeiramente não é mesmo?

Eu não me importava muito em perder o meu tempo livre, afinal eu iria receber para tal, mas trabalhar no palacio era coisa de louco.

A princesa Johanna era uma tarada que adorava carne fresca para satisfazer seus desejos sexuais ou para fazer outras coisas pra ela, caso contrario ela fazia daquilo um inferno. Ela era bonita, mas com um péssimo caráter, eu não me submeteria.

Bernard já havia feito 17 mas como ele já trabalhava no Mercado não mudou em nada a vida dele. Se eu tinha inveja? Com certeza, além de pobre, eu não tinha experiência em nada e tinha que ir onde só os vagabundos terminavam. Mas eu ficava feliz por ele, é claro. Ele era meu amigo, afinal.

- Zeddy, querido, levanta pra comer alguma coisa.

Minha mãe apareceu na entrada do meu quarto, sorrindo com as rugas ao redor dos olhos. Ela era a melhor pessoa, e eu tinha tanto orgulho disso.

- Mas eu tenho mesmo? Tá tão bom aqui.

- Hoje tem prática na escola, se lembra? - ela disse chegando mais perto e me dando um beijo morno na testa -, levanta logo, tem uma surpresa pra você na cozinha.

Ainda relutante, levantei da cama e me arrumei para sair. Era outono, por isso trajei o casaco e as botas de couro tão corriqueiras.

Usei o banheiro antes de descer os degraus de madeira que rangiam a cada toque da pequena casa, a única coisa que meu pai deixara.

- SURPRESA!

Os seis estavam parados ao redor da mesa quadrada e uma enorme baguete sobre a mesa. Era impossivel não rir com a tentativa de surpresa deles.

- Continua rindo, soldado, e o pão vai esfriar - provocou-me Lorrany.

- Haha, eu até agradeceria, mas tenho que ir despejar sua mãe e irmã da casa, desculpa, a pedido do rei, babaca - joguei de volta a ofensa.

- Cara, isso foi pesado - Gabriel prostestou a favor da namorada. Talvez tenha sido maldade minha mencionar a situação instável que a família dela estava para manter a casa. Mas eu sabia que a Lorrany levaria na esportiva, a nossa intimidade era de anos.

- Seu otário, vem cá e me dá um abraço - Lorrany envolveu seus braços ao redor do meu pescoço - Feliz aniversário, Zezinho, temos alguns presentes.

- A baguete já é mais que suficiente, obrigado galera.

- Daniel não pode vir, sabe como estão as coisas agora, mas ele mandou isso - Evelyn me entregou uma grande caixa -, é um casaco novinho, bonito né? - e realmente era, com excessão a alguns pontos que tinham cores berrantes, alguma esquisitisse de algum estilista.

- Caramba, eu adorei. Preciso agradece-lo depois.

- E a gente resolveu adotar um hanbid em grupo, e você terá a honra de nomea-lo já que o dia é seu- Gabriel trazia nas mãos um pequeno coelho alado, que me encarava com um olhar sereno.

- Gente? Eu adorei! só não consigo pensar em nada agora... - peguei o pequeno animal com cuidado em minhas mãos, que estava bastante receptivo aos meus carinhos.

RenegadosOnde histórias criam vida. Descubra agora