O amor verdadeiro é aquele que surge de repente, quando menos esperamos.

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— Está com fome? — John se virou para mim, enquanto me guiava em direção a um restaurante.

Minha boca foi ao chão quando ele perguntou isso. Não que eu não estivesse com fome, mas esperava que ele fosse me levar em um lugar de tirar o fôlego. Ouvi uma risada e virei o rosto, repousando o queixo sobre meu ombro apenas para ver a curva do seu sorriso. John estava atrás de mim. As vezes, quando o via sorrindo de uma maneira tão descontraída e espontânea, embora acontecesse poucas vezes, meu coração começava falar uma língua que desconhecia.

Eu não sei onde, mas eu li que, depois de momentos de fatalidade emocional, uma boa gargalhada desbota o mal-estar e desbloqueia o caminho para a prosperidade. Dessa sensação de placidez mental própria pela felicidade alheia surgiam nossas endorfinas, potentes catalisadores dos bons sentimentos.

Rir e sentir que os outros também podiam fazê-lo eram atos que funcionavam como um verdadeiro oxigênio psicológico para nosso cérebro, porque a vida, depois de uma boa risada, assumia outra cor, deixando a mente mais clara e com menos bloqueios. As dores eram menos intensas quando maquiávamos nossa vida com alegria. Conseguíamos neutralizar o efeito dos nossos hormônios do estresse — por exemplo, o cortisol — e reduzíamos nossos sentimentos e pensamentos negativos desnecessários que nos impediam de seguir em frente.

No início de tudo, eu estava com raiva. Estava carregada por uma emoção que não me levariam a lugar nenhum. Contudo, passar aquele tempo ao lado de John me fazia esquecer dos problemas da minha vida. Aos poucos, eu sentia que estava me desapegando de tudo o que um dia eu tinha considerado de importante.

— Não vamos almoçar. Pelo menos, não agora. — John caminhou em direção ao carro que nos havia trago e abriu a porta para eu entrar. — Entre. Aposto que não vai querer andar sob esse sol.

Não mesmo.

Entrei no carro sem pensar duas vezes.

Logo John entrou.

— Avenida Pasteur, 520, Urca — John deu a localização para o motorista, em português.

O motorista assentiu e deu partida no carro.

— Urca? — Tentei pronunciar a palavra de modo que não ficasse com o sotaque italiano, mas não consegui. Pronunciei errado.

— Urca — John repetiu lentamente para que eu conseguisse reproduzir, tentei mais uma vez e consegui do jeito certo. Ele sorriu. — É, um lugar muito bonito. Você vai ver.

O motorista dirigiu por mais alguns minutos. Não passou muito tempo, mas eu não perdi um segundo. Passei os minutos olhando pela janela admirando a vista. Além de ser um lugar bem lindo, era um lugar com uma grande diversidade de mulheres. Negras, brancas, morenas, mulatas, loiras, ruivas; magras e gordas; baixinhas e altas — era interessante e diferente. No norte da Itália, a maioria das mulheres era brancas de cabelos lisos e olhos marrons, azuis ou verdes. Mas no sul, por exemplo, o povo era mais escuro.

— Vamos? — John me chamou, mostrando-me que já havíamos chegado.

Assenti.

Ele desceu primeiro e estendeu a mão para me ajudar.

— Já esteve aqui?

— Algumas vezes.

Quase saltei de felicidade quando vi que andaríamos no famoso bondinho do Rio de Janeiro. Fiquei encantada e já quis correr para saber como era. Desde que descobri, tinha vontade de conhecer. Eu queria conhecer tantos lugares que não sei como ainda não tinha feito isso, talvez fosse a adrenalina que era minha vida antes daquilo que me impedia.

Insensato Desejo | Série Dono do Meu Desejo #1Onde histórias criam vida. Descubra agora