O show da Garota Safada estava sendo um sucesso. Casa lotada. Precisei até ajudar no bar. Sem problema nenhum. Depois as coisas se acalmaram um pouco, a galera começou a dançar e pude curtir um pouco com a Bruna no meio da multidão. Eu nunca fazia isso e estava me divertindo para caramba dançando com a minha namorada no "anonimato".
Vez em quando, alguém nos reconhecia, vinha cumprimentar, tirava uma foto. Mas não era a imprensa, não eram os holofotes. Era parte do trabalho dela, eu aceitava de boa.
Eu só não contava com a intervenção de um velho amigo. A Garota Safada era conhecida nossa de longa data. Já fizemos shows a perder de vista em todas as casas. E agora, que estavam no auge do sucesso, o vocalista, amigo de farra do Caê, não ia deixar de tirar onda com o empresário que ele conheceu ainda moleque.
─ Kadu, menino, você está aí? – Parou o show do nada. – Fiquei sabendo que você está de trelelê com a artista da televisão...
Lógico que meus funcionários não iam deixar essa passar. Miltão da iluminação logo me achou no meio da multidão. Jogou um canhão de luz em mim e na Bruna.
─ Ah! Você está aí! – Wesley Safadão veio até a beirada do palco e espremeu os olhos para ver melhor. – Eita, menino, que a danada é bonita mesmo! Segura, Kadu! – Voltou para o centro do palco, ajeitou o microfone. O canhão de luz continuava apontado para mim. – Kadu, meu amigo, essa próxima é para você. Presta atenção: e vê se aprende. – Começou a cantar. – É melhor chorar por amor do que nunca ter amado/ Eu não quero sofrer arrependido por não ter tentado/ Eu deixo você fingir que me ama,/ Me dê momentos de felicidade/ Mesmo que depois a alegria se transforme em saudade.
─ Nós vamos ficar aqui só ouvindo a música com toda essa gente olhando para nós dois como se estivéssemos em um aquário? – Ela disse quando a batida do forró começou.
─ Tenho uma ideia melhor. – Eu a beijei e comecei a dançar sob o aplauso de todos. Incluindo o Safadão no palco.
Bruna era uma pluma nos meus braços, obedecia a cada uma das minhas vontades. Ela melhorara muito como dançarina, parecia que tinha nascido para aquilo. E, entre nós dois, era sempre assim: uma explosão. Encaixe perfeito. Girávamos pelo salão mais e mais rápido.
─ Eu vou pagar pra ver até onde esse amor vai dar/ Só tente lembrar, enquanto durar/ Eu vou te amar intensamente. – Bruna mexia os lábios acompanhando a música.
─ Se acaso acontecer, amanhã você me deixar/ Não vá se culpar, já tô preparado/ Que na vida nem tudo é pra sempre. – Eu também cantava na minha mente, pensando em toda a verdade que aquela música continha.
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Por Onde Andei
Ficção AdolescenteNo quarto volume da série Nando, pela primeira vez, temos a visão simultânea dos dois protagonistas: Bruna e Carlos Eduardo. Ela, atriz desde menina, não está acostumada a confiar nas pessoas. Resolve os seus problemas a sua maneira, nem sempre acer...