25º Capítulo

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Com muito esforço, o meu corpo consegue mexer-se e tranquilizar Victória com um pequeno sorriso, sendo esta a juntar os nossos lábios.

Lentamente, prendi uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha e num impulso pergunto:

- Isto é real?

Tinha que ter a certeza que isto não era um sonho, mais um sonho entre os tantos que tenho noites e noites seguidas e que teimam por me enganar, por me fazer desejar continuar adormecido para sempre.  Os seus olhos fecharam-se lentamente e o seu rosto recebeu um pequeno sorriso. Vick aproxima-se de mim e sussurra-me de igual modo:

A sua face inclina-se um pouco e volta a aproximar os nossos lábios e, desta vez, fui eu a tomar iniciativa por começar outro beijo, beijos estes que nunca irei-me fartar. Deixei-me envolver neste beijo apaixonante que nos cobria os dois, era banhado pelo desejo e pela ingenuidade, dois sentimentos que, supostamente, são polos opostos e que não combinam. Mas isto é só lógica.

Neste momento não quero saber da lógica para nada, não quero ter de pensar no certo e no errado, quero apenas sentir o momento e aproveita-lo, quero apenas concentrar-me nos movimentos subtis dos lábios da mulher que me dominava.

- Isto não está certo… Mas ninguém precisa de saber.

Os nossos corpos afastaram-se, assim como os nossos olhares. Os nossos não, mas sim o olhar de Victória e logo senti a força do desconforto que pairava entre nós. Foi algo súbdito, algo espontâneo, tão espontâneo como o nosso primeiro beijo.

As mãos pálidas de Victória passaram pelo seu cabelo e as suas costas estavam agora viradas para mim. O seu suspiro foi audível, o que me fez provocar um terror que me invadia e aos poucos e poucos sugava-me as forças.

Finalmente, palavras saíram da sua boca. Isto foi um erro, bastante imoral, segundo Vick.

A alça da larga e branca t-shirt descai pelo ombro de Vick e a minha atenção solta-se para este pequeno movimento e, então, ela volta-se parcialmente para mim num lapise de segundos, fazendo que os seus olhos fulminassem de algo anormal nela, a sua figura era de um ser sobrenatural, perfeito mas ao mesmo tempo sedutor e perigoso, capaz de acabar com qualquer homem que se atrevesse a se apoderar dela. Apesar de tudo isso, não me fez afastar dela, pelo contrário, senti uma vontade gigantesca de voltar para junto dela e toma-la nos braços.

Ela estava a provocar-me, isso era certo. Esta provocação era tão normal vinda dela, Victória era do tipo de rapariga que provocava e seduzia, para depois deixar-nos sem nada, a ver navios- como o povo diz.

Ela move-se em pequenos e graciosos passos até ao quarto, com os seus braços a balançarem junto ao seu corpo. Ela demora um pouco, o que já me deixa irrequieto e com uma vontade gigantesca de seguir-lhe, mas contenho-me com uma dificuldade imensa e fico parado, especado para o nada, feito um idiota.

A voz de Vick fez-se ouvir pela casa quando me chamou a atenção ao perguntar se ia demorar muito.

Então lembrei-me que tínhamos combinado dormir na mesma cama, como é que isto iria ser? O que vai acontecer?

Victória estava já deitada na cama, abafada com apenas a cabeça destapada e os seus braços que cruzavam-se por cima do seu peito e o seu olhar estava sobre mim, sentia-o enquanto direcionava-me para o outro lado da cama.

Não ia acontecer nada, dava para ver. A cama estava dividida por uma barreira de almofadas que determinavam o meu lado e o seu.

Nos seus lábios desenhavam-se um pequeno sorriso maléfico, talvez, mas um tanto perverso. Não de uma forma sexual, mas de uma forma divertida, de gozo, de uma ponta de maldade, pois saberia o que eu estava a pensar quando ela me chamou para a cama.

o nosso erro || l.tOnde histórias criam vida. Descubra agora