Conflito

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Estava chovendo, os postes iluminavam a rua escura escura, Hanyel saíra do colégio e fora até a cafeteria.
- Que chuva! - Diz ao fechar seu guarda-chuva na porta da cafeteria.
- Olha quem está aqui! - Disse Lilian que estava a terminar de atender uma senhora. - Aqui está seu troco, volte sempre.
- Bom fim se tarde, professor! - Disse a senhora.
- Olá dona Maria. - Ele solta um sorriso. - Lilian... como está?
- Muito bem, e você, meu amigo? - Lilian o abraça.
- Estou muito bem, obrigado por perguntar.
- Está molhado, dê-me seu casaco, colocarei para secar. Sente-se, volto logo.
Hanyel acente e senta-se próximo ao balcão, logo Ruth aparece, estava a recolher algumas xícaras.
- Voltares a frequentar seu antigo lar, meu amigo? - Diz Ruth ao deixar as xícaras no balcão.
- Mas é claro! - Hanyel a abraça. - Estão todas vocês hoje?
- No momento não. Carmen acompanhou Brianna até o mercado para comprar algumas coisas que pedi. Não quis deixar a nossa caçulinha andar sozinha nesta cidade que está ficando cada vez mais perigosa.
- Brianna sabe se defender, mas sabe como são as coisas agora... se usar seus dons em público, pode ser presa. - Lilian diz ao sair de uma porta ao lado da cozinha. - Aqui está seu casaco, meu bem.
- Obrigado, Lilian. - Hanyel veste seh casaco. - Me digam uma coisa...
- Sim? - Disseram juntas.
- Aquele homem... ele...
- Kardoff, o nome dele é Antônio Vaz Kardoff, ele estava com feitiço de encobrimento.
- O que? Ele...
- Não conseguimos ver quem ele era realmente, pois estava com um feitiço de encobrimento mental, feitiço forte, porém eu achei uma brecha. - Falou Ruth ao pegar as xícaras e ir para a cozinha. - Venha até a cozinha, amigo. Feche a  loja, Lilian.
- Sim, irmã! - Lilian ergue a mão, a porta se tranca e as cortinas fecham as janelas.
Hanyel entra na cozinha, logo Lilian. Ruth deixara as xícaras na pia e volta a falar com o amigo.
- Ele tem relação com a A.O.M., é um general. Até pouco tempo estava no Ártico, em uma base. Foi o que pude ver através das rachaduras do feitiço.
- Mas... - Lilian tira o avental. - Desconfiamos que esta rachadura no feitiço, foi algo proposital.
Hanyel apenas analisa o que dizem.
- Feitiços de encobrimento são difíceis de fazer e quando são realizados, não contém falhas. Quem fez, estava com o propósito de quê ele fosse vasculhado.
- Então, temos uma bruxa ou um bruxo querendo algo conosco.
- Sim, Hanyel. Sua intuição não falhou aquele dia, aquele homem não era nem um pouco confiável. - Ruth puxa uma cadeira.
- Eles voltaram e estão querendo vocês! - Lilian disse a Hanyel. - Querem você, Ariane, Bianca e quem mais estiver envolvido com vocês.
- Malditos! - Hanyel moe os dedos.
- Você deve se proteger e proteger as garotas! - Ruth levanta-se. - Os inquisidores ainda se mantém vivos e eles estão atrás de...
- Brianna... Carmen... - Lilain diz paralisada.
- O que? - Hanyel levanta-se.
- Não consigo sentir as mentes delas!

-

- Carmen, ele vai nos encontrar!
- Calada, Brianna, eu não irei deixar ele tocar na gente. - Carmen diz ao se abaixar junto a irmã atrás de uma lixeira.
A chuva caía, as garotas completamente enxarcadas, estavam ofegantes com medo do homem que estava as procurando.
- Avise Ruth, Lilian...
- Desconectei nossas mentes por um momento, elas estão nos procurando, agora estamos conectadas novamente.
- Por favor, meu pai Loki, nos proteja deste homem. - Brianna pedia em silêncio para seu Deus pai.
- Brianna...
- O que foi?
Carmen aponta o dedo para frente, um homem estava parado em frente ao beco.
- Ora, ora, ora... vejamos quem eu encontrei. - O homem diz ao tirar um chicote elétrico de sua cinta. - As loucas... - Disse ao ativar o chicote.

-

- Elas correm perigo? - Hanyel pergunta ao sair da cafeteria.
Ruth e Lilian fecham a porta do café  e vão pela calçada.
- Kerdoff, ele está atrás das minhas meninas. - Ruth fala ao sair correndo.
Lilian e Hanyel vão atrás. Apesar da chuva, não foram impedidos de irem salvar as duas irmãs Alto Vallerianas.

Ruth sente a presença das irmãs dentro de um beco, vê um homem parado na frente de costas para a avenida vazia.
- Agora Ruth! - Disse Lilian.
Ruth põe a mão na cabeça e lança uma bola negra de energia em direção ao homem. O poder bate em Kardoff e se dissipa, não causando nenhuma lesão nele.
- O que houve? - Hanyel pergunta.
- Ele foi protegido da magia Alto Valleriana. Não temos chance contra ele.
- Mas ele é só um homem!
- Hanyel... a bruxa sabe com quem está lidando.
Kardoff se vira lentamente.
- Boa noite, senhoritas! - Disse ao erguer o chapéu. - Quem é você? - Falou ao ver Hanyel. - Maldito! Não deveria estar aqui!
- Você também não, general!
- Ora, vejamos que já sabe quem sou, não é? Mas tenho uma coisa que você não conhece... - Ele vira-se em direção a Brianna e Carmen. - ... MEU CHICOTE!!!
Kardoff estala o chicote elétrico, laçando no pescoço de Brianna e a lançando contra a parede da loja de ferramentas do outro lado da avenida.
- Brianna!!! - As irmãs gritam.
- FILHO DA PUTA! - Hanyel grita e vai em direção do general.
- Hanyel, não! - Lilian grita ao lançar uma faixa de energia escura no ar.
Kardoff joga o chapéu no chão e estala o chicote novamente, fazendo faíscas enormes estourarem nas poças de água. Hanyel corre, fazendo um movimento com a mão e arrebentando uma placa na rua, e a faz virar uma lança. Ele tenta atingir Kardoff que chicoteia a lança, se envolvendo e dando uma descarga elétrica em Hanyel.
- Maldito! - Gemeu de dor ao cair ao chão.
- Sente falta dos choques de outrora? - Kardoff ri.
Hanyel faz um movimento com as mãos fazendo pedras estourarem do asfalto, lança contra Kardoff, ele desvia, uma pega em sua perna. Cambaleando, o general gira e estala o chicote mais uma vez, quase atingindo o pescoço de Hanyel que faz um pequeno tremor de terra fazendo ele cair ao chão.
- Cheio de truques, rapaz!
Ruth tenta se aproximar, mas Lilian a impede. O general se levanta e chicoteia a perna de Hanyel, abrindo-lhe a carne. Seu grito de dor ecoou pelo quarteirão.
A chuva ainda caía, os cabelos molhados de Hanyel, escorriam sobre o rosto de expressão raivosa. Ele se põe em pé, apoiando o ferimento em sua coxa.
Hanyel estica suas mãos, raízes surgem do boeiro segurando a perna do general.
- Hahaha, boa! - Ele estala o chicote, cortando as raízes e se livrando delas. - Não sabia que tinha tantas habilidades.
- A terra tem muito poder! - Hanyel fala. - Temos as pedras!
Ele bate o pé no chão, criando uma linha de estacas de pedra que perfuram o pé de Kardoff que grita de dor, mas escapa de ser mais atingido.
O general corre mancando até Hanyel e tenta chicotea-lo.
- Temos a própria terra! - Ele ergue um muro de terra, o protegendo da chicoteada, que faz faíscas voarem ao ar.
Ele lança o muro em direção a Kardoff  que em uma manobra evasiva, escapa e chicoteia Hanyel na perna novamente, o segurando desta vez, dando-lhe uma enorme descarga elétrica.
- Temos os minérios! - Hanyel diz fazendo o poste de luz retorcer e envolver o corpo de Kardoff. - E por fim, temos as plantas! - Ele então bate com o pé ao chão, plantas estouram do boeiro e das rachaduras da calçada e perfuram os braços do general que solta o chicote.
- Seu pedaço de merda! - Gritou Kardoff. - Não é só você que tem cartas na manga. - Disse ele sorrindo. - Eu também te... aaaaah! - Solta um grito de dor.
Um som estranho soa, uma luz se espande e Hanyel vê Kardoff parado em sua frente com os olhos bem abertos. Logo Brianna tira uma faca das costas do general que sai cambaleando para o lado.
- Brianna... - Hanyel diz confuso.
- Batalha mental! - Disse Ruth ao abraçar a irmã.
- Desgraçado... - Kardoff sai cospindo sangue. - Como a maldita conseguiu?
- Os loucos tem muitoa segredos, general! - Ruth se aproxima de Kardoff. - E você também! - Ela vai com a mão na direção da cabeça de Kardoff quando um som estranho soa no ar.
Atrás de Kardoff, um aspiral de energia negra surge e mãos de sombra começam a puxa-lo.
- Como você disse, vadia... eu também tenho segredos! - As mãos o puxam e o aspiral o engole produzindo um som assustador.

O silêncio toma conta da avenida, Hanyel não sabia o que era real ou não.
- Calma, amigo. - Carmen põe a mão no ombro de Hanyel.  - A sensação ruim logo passa.
Ele estava ofegante, a chuva ainda caia, ele anda até o local onde Kardoff havia sumido. Ruth, Brianna, Lilian e Carmen também se aproximam. No asfalto, havia uma pena.
Ruth olha para Lilian, que faz a pena levitar e entrar no bolso de seu casaco todo enxarcado.
- Ele é protegido pelo corvo! - Disse Ruth.

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