Seis - Parte 2

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Despertei na manhã seguinte com o cheiro de ovos fritos, aquilo acabou comigo, levantei correndo e fui para o banheiro esvaziar meu estômago já vazio. James chegou em seguida perguntando se tudo estava bem, e xinguei ele em coreano para que ele calasse a boca e me deixasse em paz. Obviamente ele não entendeu, já que segurou meus cabelos, mesmo eu insistindo que ele fosse para o inferno.

— Está melhor agora? — Ele perguntou. — Logo tudo isso vai acabar, são apenas nos três primeiros meses que esses sintomas aparecem.

Eu não queria que ele fosse tão legal comigo, pois tudo o que eu queria era gritar com ele ainda mais. mas ele sendo tão gentil assim comigo, fez com que meus olhos ardessem. Malditos hormônios.

— Eu estou bem. — Falei com a voz rouca. — Se você me der licença, tenho que fazer minha higiene.

— Claro. — James saiu do banheiro e tranquei a porta quando ele saiu. Eu estava sempre exausta, sempre sonolenta e enjoada. Só gostaria que essa fase terminasse logo.

Despi minhas roupas e entrei debaixo do chuveiro, escovei os dentes durante o banho e logo me sentia um ser humano novamente.

Quando sai do banheiro vestindo um roupão macio, havia na mesa bolachas água e sal e chá de hortelã. Aliados fortes contra o enjoo.

— Desculpe, não sabia que fritura te causava enjoo. Estava preparando o café da manhã, mas como não encontrei bacon fritei ovos.

— Nunca como bacon no café da manhã.

— O que você costuma comer no café da manhã? — Perguntou ele.

— Arroz, Kimchi*, sopa e alguns vegetais. — Ele me encarou piscando. — Quando estou com pressa como apenas um Kimpap**.

— Arroz no café da manhã? — Ele me fez sorrir, sua expressão de estranhamento era muito engraçada.

— Arroz é o que nos dá energia para começar o dia, e desde que nasci consumo arroz no café da manhã. É parte da minha cultura, o café da manhã é muito mais importante que qualquer outra refeição. — Expliquei a ele e me senti orgulhosa.

Apesar de eu amar morar nos Estados Unidos, minha cultura oriental estava cravada em mim, eram as minhas raízes afinal de contas, faziam parte de mim. Respeitar sempre os mais velhos, o café da manhã, os gestos de respeito, eram algo que eu levaria para toda a vida e ensinaria ao meu bebê.

— Um dia eu gostaria de experimentar esse café da manhã. — Disse ele.

— Tudo bem.

— Gosto de alguns elementos da sua cultura, um deles é o fato de sempre tirar os sapatos para entrar dentro de casa.

— Sim, não trago as energias ruins da rua para dentro de casa nunca. — Ele me encarou de um jeito intenso com seus olhos azuis.

— Bem, eu vou comer alguma coisa. — Passei por ele e sentei para comer as bolachas e tomar o chá.

Aquele clima afetuoso logo acabou, lembrei-me da noite passada e encarei James séria.

— Nós ainda não conversamos sobre a sua participação na criação do nosso bebê. — Foi estranho falar 'nosso'.

— Minah, eu quero participar cem por cento da criação do nosso filho.

— Você pode ser um pai cem por cento presente na vida dele ou dela, em momento algum irei lhe privar de visitar, todos os dias se assim você quiser. — Falei.

Minah - Série Fire - Volume 3 - (Degustação - Disponível na amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora