Divina perfídia

14 0 0
                                    

    No congelante e aconchegante universo, o negro e solitário firmamento parecia uma espetacular pintura aos mais leigos olhos, misturadas a existência estelar, a poeira espacial coloria-se, entre tons de roxo, azul, vermelho e rosa, as cores pareciam dançar, em uma dança infinita e poderosa em sua existência e entre as divinas cores, brilhos pequenos, porem fortes como a estocada de uma adaga no tecido celeste se manifestavam, declarando a vida nas estrelas e iluminando a infindável escuridão.

   E entre todo aquela cor e sentimento, uma construção surgia imersa no sideral espaço, flutuando na imensidão negra, dois colossais pilares brancos erguiam-se sobre uma base circular de metal que mantinha-se sustentada através de uma gravidade própria, gerada através de um um mecanismo que partia de um núcleo circular, que dobrava o espaço tempo. Entre os dois pilares haviam duas grandes estátuas , que encenavam o assassinato de Thoroland um personagem de uma peça muito famosa entre as raças civilizadas, e atrás delas o magnífico teatro que carregava o mesmo nome do personagem, fundado a milênios pelos Tailoon. 

   Erguendo-se acima da base circular o teatro era completamente branco, e lançava as luzes refletidas no negro universo, além de possuir janelões colossais de algo semelhante a vidro porem mais enegrecido e refratando a imagem exterior. Diversos cruzadores intergaláticos assim como naves independentes começam a atravessar o portal de dobra espacial, um anel gigantesco e metálico amarronzado que regulava sua posição constantemente funcionando como catalizadores do que nós humanos conhecemos como buracos de minhoca, que após emitir uma grande concentração de luz e matéria roxa lançava os transportes em pulos no espaço tempo.

   As naves aportavam nas pistas de pouso, e de dentro das naves as elites extragaláticas desembarcavam e iam de encontro a seus acentos para regojizar-se do espetáculo já tão próximo, Marakians, Solnaras, Irilas, Tailoons, Duskans, entre outras diversas raças, viajaram anos luz para contemplar o evento, uma peça que traduzindo do Tailoon antigo para Kanegar a língua oficial da assembléia celeste, e depois para o nativo humano, intitulava-se  a divina perfídia.

   Um tapete vermelho ia desde a borda do circulo metálico até a entrada do teatro.O lugar por dentro parecia muito maior do que por fora, interiormente era completamente ornamentado pelas mãos de escultores, em tons dourados que retorciam-se formando molduras, imagens estátuas e símbolos, de deuses e criaturas onde no centro a deusa mãe mostrava-se misericordiosa de braços abertos. Acompanhadas eram as formas por tecidos e pinturas vermelho vivo que faziam a luz do dourado parecer mais forte, quente e aconchegante. E finalmente na sala de apresentação, a plateia posicionava-se de forma circular em volta do palco, onde os acentos vinham subindo de baixo para cima em uma espaçosa espiral, e no teto um circulo atravessado por barras douradas de algo como um cristal dourado que funcionava como lustre rodeado de pinturas, era algo simplesmente inacreditável e impossível a uma primeira vista, toda essa circunferência era composta de um azul que misturava-se ainda com o dourado esculpido. Nos lugares mais altos haviam algo que assemelhava-se a um binóculo, porém muito mais avançado que através de lentes permitia o espectador se sentir mais próximo dos atores.

   Após a chegada de todos, um ser não muito alto subiu ao palco através de um elevador no chão, utilizando de uma túnica azul com detalhes em dourado, ele mostrava um rosto praticamente humano a não ser pelos seus olhos acinzentados e suas orelhas pontudas, que saltavam entre os fios de cabelo negro, ele pediu por silêncio, e assim foi feito, as luzes se apagaram e o espetáculo teve início.

   Sentados não muito no fim, mas também não muito no começo uma figura começou a falar discretamente com a outra sentada ao seu lado.

   - A deusa mãe Iathgar após dar a luz ao universo, criou seus dois filhos primogênitos os precursores das raças atuais, e os dois príncipes gêmeos trairam um ao outro pelo privilégio de tornar-se o santo rei, e arauto da luz... - Ele é interrompido pelo companheiro.

BlueShift - A cidadela NegraWhere stories live. Discover now