Rainha da Floresta

Capítulo 8

CASTIEL

Havia deixado Ayana em casa descansando, e enquanto ela se recuperava, eu parti, logo no início da manhã para o pequeno vilarejo que ficava próximo à minha atual casa. Meu objetivo hoje era: juntar algumas informações, para começar a explicar mais afundo à respeito do Reino e do papel de Ayana dentro dele para ela.

Minha caminhada até o vilarejo de Dásoskalá fora tranquilo. Ao longo do caminho, passei por alguns comerciantes que estavam saindo do pequeno povoado, provavelmente estavam indo em viagens de negócios para outros lugarejos.

Ao chegar na entrada do lugar, podia se ver pessoas arrumando as barracas e lojas, muitos dos comerciantes acordavam antes do sol nascer para começar os preparativos, com intuito de conseguir vender o máximo de seus produtos durante o período em que seus negócios ficavam abertos.

Assim, fui seguindo pelo vilarejo até avistar a pequena biblioteca que havia ali. Na frente dela, havia um banco onde estava uma senhora sentada com uma xícara na mão, e conforme fui me aproximando, ela me viu e acenou para mim. A velha mulher, conhecida como Sra. Johnson, era dona da biblioteca e também uma velha amiga de Liana, dizem que ela foi a tutora da Rainha da Floresta anterior antes de governar, mas ela nega isso dizendo que eram apenas boas amigas. Ao chegar próximo, ela diz:

— Castiel! Há quanto tempo não nos vemos! — disse, levantando e vindo em minha direção e me abraçando.

— Faz algum tempo não é, Sra. Johnson?!

— Mas olha como está diferente! Como vai seu treinamento como guardião? — ela me perguntou com um semblante curioso.

— Muito bem, aprendi muito desde o início do treinamento — falei sorrindo.

— Ah, mas é claro, Liana sempre foi muito dedicada, e o guardião dela também, por mais que fosse mais calado, era um bom rapaz... — realmente, os dois pegavam muito pesado com o treinamento — ...é uma pena que não recebo notícias dela há algum tempo... — fiquei paralizado ao ouvir ela falar isso, a história da Sra Johnson e de Liana era longa, ela a considerava como uma neta, temo o que pode acontecer quando ela souber do verdadeiro ocorrido.

— Não se preocupe, logo terá — garanti, sem expressar muita emoção.

— Mas mudando de assunto, o que o trás aqui Castiel? — me encarou, fazendo com que eu desviasse o olhar.

— Ah bom... — passei a mão no maxilar — posso dar uma olhada em alguns livros lá dentro? — queria evitar falar de Liana, caso contrário a Sra. Johnson iria descobrir o que de fato aconteceu.

— Claro, a porta sempre está aberta pra você. E, se precisar de algo, me chame, estarei aqui fora — assim que falou, adentrei no lugar e ela voltou a sentar.

No momento em que passei da porta, vários aromas me trouxeram diversas lembranças do lugar, o cheiro de madeira meio envelhecida, junto dos odores de velhas enciclopédias organizadas em uma estante que se estendia da porta até o outro lado do local emitiam, eram simplesmente muito marcantes. Além disso, o cheiro de chá vindo do pequeno bule que encontrava-se em cima da bancada atrás da mesa da Sra. Johnson, me fazia lembrar de quando vinha com minha avó para este vilarejo fazer compras, ela passava um bom tempo falando com a Sra. Johnson e para não ficar entediado, eu lia os mais variados livros que aqui tinha, lembro que gostava muito das histórias mitológicas.

Engraçado como um lugar pode marcar tanto alguém.

Sorrio com o pensamento, minha curiosidade aumentou quando me aproximei das estantes que eram dispostas em quatro, formando corredores entre elas. E, conforme caminhava pelo pequeno estabelecimento, mais memórias apareciam. Olhei para um canto onde havia uma poltrona, ele ficava na parte de trás da biblioteca, e por incrível que parecesse, era a mesma em que eu passava as minhas manhãs lendo. Logo acima, ficava um mapa do vilarejo que estava enquadrado, me aproximei do lugar e percebi que os arranhões — chamados de vandalismo pela minha avó quando descobriu — nas bordas, ainda estavam lá.