Capítulo 1

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Hoje foi meu último dia de aula e quando estávamos indo embora a minha professora fez uma pergunta a todos os alunos. "O que vocês gostariam de ganhar esse natal?"

Fiquei pensando na pergunta da tia Jú, enquanto a vovó Ângela vem me buscar. Vovô Miguel sempre me diz que sou sua pequena, mas já tenho seis anos, sou quase grande. Aperto minha mochila quando os garotos da outra sala se aproximam de mim.

— Mia, seu gato mia? — O garoto maior pergunta e me encolho no banco.

Gosto do meu nome, foi minha mãe quem escolheu, talvez eu goste ainda mais por isso. Esses meninos são tão chatos!

Ainda bem que a minha vó chegou, porque eles não iam parar tão cedo. Entro no carro e fico calada, não quero conversar. Não hoje! Faltam quinze dias para o natal e estou orando todas as noites, não sei se o Deus está me ouvindo, minha prima, Vivi, diz que sim, se eu pedir muito e fechar os olhos bem apertadinhos ele vai me ouvir.

— Como foi a escola, Mia? — Vovó pergunta, ela é tão linda. Não queria que ela ficasse triste.

— Foi legal, vovó — dou um sorriso, talvez ela acredite.

— O que aconteceu querida? Os meninos estavam te chateando novamente?

Por que sempre é tão difícil esconder as coisas dela? As vezes, penso que a vovó consegue ler mentes, ela deve mesmo ser um anjo.

— Não foi isso, a tia perguntou hoje o que eu gostaria de ganhar de natal. A Alicia quer uma boneca, daquelas que falam e tudo. O Pedro quer uma fantasia do Homem de Ferro, a Júlia quer ir lá naquele lugar onde moram as princesas e o Mickey. Eu acho que ela pediu muito em cima, vovó. Será que o Deus vai dar isso para ela assim tão em cima da hora?

Minha vó sorri, mas eu sei que ela tá preocupada, porque os olhos dela estão tristes.

— É por isso está tristinha? O que você respondeu?

— Não, vovó! Não é isso, mas quando eu chegar em casa, vou orar e pedir para o Deus dar a viagem pra Júlia, ela é tão boazinha vovó. É só que...

Tadinha da minha vó Ângela, ela vai chorar quando eu falar, mas foi ela que perguntou e o vovô Miguel me disse que sempre tenho que obedecer aos mais velhos.

— Não chora tá vovó! — Eu tento ver o rosto dela pelo espelho do carro, mas sou pequena ainda. — É errado eu pedir para ver meu papai e minha mamãe? É que eles sentem tanta saudade de mim, tadinhos. Ficam lá longe, minha mãe tomando aquele tanto de remédio. Aqueles médicos são bem malvados, ficam só furando ela e fazendo meu pai chorar. O Deus podia deixar eles virem me ver. Só um dia, nem precisa ser muito tempo.

Sabia que ela ia chorar. Só que eu preciso saber, porque vi todo mundo pedindo brinquedos e até a Júlia pedindo para ir ver as princesas. A tia Jú ficou insistindo para dizer e eu disse que queria uma casa da Polly. Ninguém falou que queria ver os pais, mas acho que é porque estão na casa deles né?

— Minha florzinha, não é errado. Você só está com saudade. É normal, a vovó também está morrendo de saudades deles. Vamos combinar uma coisa? — Balanço a cabeça e encaro minha bolsa, quando a vovó me olha. — Vamos pedir todas as noites para o papai do céu, quem sabe ele não realiza o seu pedido hein?

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