O Demônio

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Min (S/n) estava sentada na cadeira da cafeteria, na mesa mais afastada havia pelo menos dez minutos.

 Podia sentir os olhares dos outros em si; ela era bonita demais para que não chamasse a atenção. Os seus cabelos estavam pingando devido à chuva que pegara, assim como suas vestes, totalmente encharcadas. Porém, ela não sentia frio; não sentia nada, na realidade.

Ela estava com os cotovelos apoiados em cima da mesa da cafeteria, enquanto analisava distraidamente o cardápio. Bolos, tortas, doces, salgados... Nada daquilo a atraía. Não sentia fome, além do mais. Colocou-o delicadamente sobre a mesa e observou a extensão do local.

Não era grande. Devia ter no máximo uns vinte e tantos metros quadrados, sendo eles ocupados por mesas e cadeiras que raramente estavam cheias. Havia longas vidraças enfeitadas com o nome da cafeteria com adesivos gastos, que mostravam que o tempo na rua piorara; as poças d’água começavam a ficarem maiores, e os bueiros começavam a inundar.

A porta da lanchonete tilintou. Ela rapidamente desviou os olhos até lá e encontrou um homem vestido de preto, com um sobretudo igual ao seu — só que bem maior, de fato.

 Os cabelos eram loiros e lisos, caindo aos olhos devido à umidade. Seus olhos eram igualmente negros, e ele tinha um semblante sério.

Dirigiu-se até a mesa onde (S/n) estava. Ela esboçou um sorriso debochado, que quase sempre se encontrava em seus lábios. Ele puxou a cadeira e se sentou. Pegou o cardápio no mesmo momento que uma atendente apareceu.

— Você deseja alguma coisa? — ela perguntou.

— Um expresso, por favor. — ele disse com a voz grave. A atendente anotou o pedido e saiu.

Ele abaixou o cardápio e olhou para (S/n), sem sorrir. 

— Andou espantando as atendentes?

Ela segurou uma risada.

— Eu as fiz acreditar que eu era uma ameaça para elas, ou coisa parecida. — (S/n) disse com orgulho. Ajeitou-se na cadeira, cruzando os braços sobre o peito.

— Tem que parar com os seus truques psíquicos, (S/n). Isso ainda vai lhe arranjar problemas. — ele disse com a voz baixa, para que ninguém ouvisse.

— Que tipo de problemas? — ela perguntou com um tom de deboche. — As atendentes virem com os seus bloquinhos para cima de mim? Namjoon por favor. Tenha dó.

— O que eu quero dizer — ele disse calmamente. —, é que você prometeu a Jin que não iria abusar dos seus poderes. Se ele descobrir que está usando para besteiras, (S/n), você provavelmente vai voltar para o lugar de onde veio.

Ela estremeceu.

— Tudo bem. Desembuche. — disse com rispidez.

A atendente apareceu na mesa e colocou a xícara na frente do homem. Ele agradeceu e bebeu um gole.

— Há um demônio de uma das legiões infernais de Malphas em Seul. Ele está fazendo uma bela chacina por lá. Veja isto. —Namjoon tirou de dentro do capote um jornal e jogou-o sobre a mesa. A manchete era chamativa, e ao lado tinha uma foto de uma garota em seus dezoito anos, de cabelos castanhos e olhos claros . Ela era uma adolescente realmente adorável.

— Mas que diabos...? — (S/n) murmurou ao ler a manchete.

O corpo da 18ª adolescente raptada é encontrado.Mais informações na página 8.

(S/n) rapidamente folheou o jornal até a página. Começou a ler silenciosamente.

O corpo da adolescente Kim Jennie  foi encontrado nesse último domingo no meio dos arbustos, em Seul — a cidade onde mora e de onde foi raptada. Ela fora encontrada por (inventem um nome de um cara ai)  que não mora muito longe onde encontrou o corpo da adolescente. “Foi horrível”, diz (nome do cara), “eu estava fazendo a minha caminhada matinal naquela rua, como sempre e de repente, eu vejo que tinha algo branco no meio dos arbustos. Eu fui ver o que era. E quando percebi que se tratava de Jennie, liguei na mesma hora para a polícia”. A polícia foi até o local investigar, e confirmou com a família de Jennie que se tratava do corpo da jovem desaparecida. O modus operandi é o mesmo utilizado nas outras dezessete adolescentes: estupro seguido de espancamento até a morte. Diante da impossibilidade de reconhecimento pelo rosto, que estava massacrado, a família de Jennie a sua mãe Jisso a reconheceu por sua marca de nascença, uma estrela disforme no calcanhar. A polícia está investigando o caso dos crimes na cidade que pergunta: Quem será o Monstro de Seul?

(S/n) estava perplexa diante de tanta informação. Não estava ciente daqueles assassinatos,tampouco ouvira falar,estava tão entretida em destruir demônios que acabou se esquecendo de se atualizar.

— É um demônio que está fazendo isso? — ela perguntou.

— Sim. — ele disse. — Não sabemos qual deles é. Temos palpites. Um Íncubo? Talvez. Mas eles apenas entram nos sonhos das mulheres para ter relações sexuais, não vão até elas em questões físicas. E tampouco matam.

— Nunca se sabe, Nam. — (S/n) disse, dobrando o jornal e entregando para ele novamente.

Ele o guardou dentro de seu capote. 

— Os Íncubos nunca se satisfazem com apenas sonhos.Esse, por exemplo, pode ter uma necessidade... real. - ela disse

— Você já o está tratando como se fosse mesmo um Íncubo.

— Não tenho dúvidas que seja. — ela disse firmemente. — Qual outro demônio estupraria uma garota e a espancaria até a morte? — ela perguntou com indignação, mas ao ver o que acabara de falar, estendeu o dedo na direção de Namjoon que abrira a boca para soltar um comentário maldoso.

 — Tudo bem, tudo bem. Não responda. Mas é pouco provável. A parte do espancamento é aceitável que seja um demônio. Mas o estupro? Nem todos têm necessidade sexual.

— Você disse bem — Namjoon bebericou o seu expresso. —, nem todos.

— Ora essa, há milhões de demônios no Inferno, Nam. — (S/n) sibilou. — Quer que eu investigue a vida sexual de todos?

— Não. — ele disse simplesmente. — Apenas quero que você pegue esse desgraçado e o torne em pedacinhos. — ele levantou os olhos para ela. — Estraçalhe-o. Pegue a sua cabeça como troféu. O que ele fez é completamente imperdoável.

— Tudo o que os demônios fazem é imperdoável, Nam.

— A maioria dos demônios mata crianças? — ele perguntou. — Porque, em minha percepção, adolescentes ainda são crianças. E eu pensando que Lilith(CL) era um verdadeiro demônio por matá-las. 

 (S/n) se remexeu na cadeira com a menção do nome daquela mulher.

 — E agora me aparece este! Maldito seja! — ele grunhiu.

(S/n) olhou para ele, curiosa. Era a primeira vez que ele tinha uma reação dessas quando se tratava de um demônio; geralmente era coisa simples, rápida. Mate esse e pronto. Sem surtos, sem estresse. O que está acontecendo dessa vez?,ela se perguntou.

— O que você tem Nam? — ela perguntou com a voz baixa. — Não é normal que você aja dessa maneira. — ela parou. — O que ele fez para você?

Os olhos negros de Namjoon contorceram-se de dor. Aparentemente, ele tinha ressentimentos em relação àquele demônio em especial. Ele tomou um gole do café e colocou a xícara sobre a mesa. Levantou os olhos até (S/n), e disse, com a voz retorcida de dor:

— Ele matou Jennie — ele disse. —, e Jennie era minha filha.

Continua...

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⏰ Última atualização: Dec 09, 2017 ⏰

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