Nunca na minha vida me tinha imaginado a despachar-me tanto quando se tratava de me arranjar. A verdade é que, após traçar os planos para as próximas horas, corri para o pequeno balneário que me era cedido e troquei do meu uniforme para o conjunto que tinha trazido de manhã. Não queria perder nem um minuto daquela tarde, então fiz tudo o mais rápido que pude. Só espero que corra bem. Agarrando nos meus pertencentes, tranquei a porta do consultório e dirigi-me ao exterior da academia leonina. Era lá que tinha combinado encontrar-me com Francisco.
Os jogadores da equipa sénior começavam a sair nos seus carros pomposos. Cada um para o seu destino. Já eu, eu ia passar a tarde com quem menos poderiam esperar. Nada que não se viesse a saber. Aqueles rapazes eram, na verdade, pior que velhinhas num cabeleiro. Sempre a cochichar sobre a vida dos outros.
As figuras de dois rapazes surgiram através da porta de saída. Um loiro, outro moreno. Talvez os dois que mais próximos de mim estavam. Francisco aproximava-se de mim, com um sorriso de canto. Já Paulo, tomava o seu caminho até ao seu carro. Não deixou, no entanto, de me dirigir um sorriso. Bem o percebi. Com certeza teríamos tempo para pôr a conversa em dia. Apostava que devia ter imensas questões.
- Vamos? - Fui questionada pelo loiro que me tinha aberto a porta do seu carro. Apenas assenti. Era com ele que ia hoje uma vez que, como tinha sido Paulo que me trouxera naquela manhã, não tinha ali a minha viatura. Mais uma desculpa para passares mais tempo com ele, Leonor. Cala-te, sinceramente às vezes és pior que uma adolescente no pico hormonal.
As horas passavam e os dois jovens pareciam duas crianças. Quem é que diria que dias antes tinham discutido daquela forma? Isso mesmo. Ninguém. Os dois deixavam escapar sorrisos inconscientes aquando das mínimas coisas. Depois do seu almoço demorado, caminhavam lado a lado pelas ruas lisboetas que Francisco teimou em mostrar a Leonor. E ela adorava a forma como ele era tão apaixonado por tudo o que viam. Secretamente, rezavam para que aquela tarde durasse todo o tempo no mundo.
Francisco sempre fora um rapaz diferente do padrão. O culto e extremamente inteligente que nunca se deu ao trabalho de tentar ter algo certo com uma rapariga. No entanto, agora nem se reconhecia. Considerava aquilo como algo milagroso mas estava grato por isso. Já Leonor sempre fora bastante requisitada pelo sexo masculino. Não que ela gostasse disso. Era trabalhadora e sempre pusera os estudo como prioridade. O seu namoro mais sério não dera certo também por essa razão. Mas agora, pondo de lado todas as adversidades do seu próprio consciente, vivia cada minuto como se fosse o último.
O céu já estava escuro. As luzes nas laterais da estrada mostravam as suas características cores, que iluminavam a visão dos condutores durante as suas viagens. Depois de uma longa conversa sobre o que deveríamos fazer a seguir, eu e Francisco tomámos como decisão ir para a sua casa, onde podíamos descansar das longas caminhadas que juntos realizámos. E por isso ali estava eu. No largo sofá da casa do futebolista verde e branco.
- Sei que devia comer coisas saudáveis mas está a apetecer-me muito pizza, o que achas? - O rapaz murmurou completamente focado no panfleto da sua pizzaria de escolha. Entre gargalhadas harmoniosas, concordei com ele. - Só não contes ao mister, caso contrário estou feito.
- Não te preocupes, Chiquinho. Será o nosso segredo. - Sussurrei alegremente como se estivesse imensa gente ao nosso lado e aquilo fosse algo que só nós pudéssemos saber. Assim que ele se sentou ao meu lado, estiquei o meu mindinho para que consagrássemos o segredo.
- Leonor, a sério, que paneleirice. - Resmungou, com pouca vontade de completar o meu ato. Logo lhe lancei um olhar autoritário para que não discutisse mais. Os nossos olhares colaram-se enquanto os nossos dedos entrelaçaram. O silêncio reinou durante aqueles segundos em que os dois teimávamos em separar. Como se algo nos impedisse, continuamos a entreolharmo-nos mesmo quando os nossos dedos se soltaram um do outro. Já não sabia o que lhe dizer, o que fazer.
Aclarando a sua garganta, Francisco retirou o seu telemóvel do bolso bem como os seus olhos dos meus. Rapidamente fez o pedido para nós os dois e, felizmente, este não demorou muito a chegar.
Acabámos por partilhar a pizza um do outro enquanto víamos uma das séries que descobrimos ser uma das favoritas um do outro, Sherlock. O ambiente estava perfeito mas temia que este estivesse perto do seu fim. O tempo tinha passado demasiado rápido e, brevemente, teria de abandonar a casa do futebolista para ir para a minha. Provavelmente uma das últimas coisas que queria fazer naquele momento.
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therapeutic love,, sporting cp
FanfictionOnde Leonor concorre a uma vaga de trabalho no país que a viu nascer mas vê o seu destino ser atravessado por um grupo de rapazes que vão certamente mudar a sua vida.