Vida e Morte do Homem Só

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Nasceu no âmago do amor familiar.

Cresceu percebendo-se diferente. Os outros não faziam sentido. Tolos, erráticos, insensíveis, cruéis. Protegeu-se em relações superficiais. Ainda assim, laços foram rompidos bruscamente.

Desistiu. Seus vínculos estavam fadados a dolorosos desfechos. Decidiu nem começá-los. Viveu como rei absoluto de sua fortaleza interior. E, como nunca antes, feliz.

Feliz. Adorava cantar e pular no chuveiro. O chão liso, traiçoeiro, o derrubou impiedosamente certo dia. Olhos vidrados, não conseguia se mexer ou falar. Nem havia quem chamar. Seu crânio fendido tingia de vermelho a água. No fim, uma vida em paz cobrou-lhe uma morte em agonia.

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