Capítulo Seis.

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Luan narrando:

Calcei a kenner no pé e passei perfume colocando o cordão de ouro em volta do pescoço. Peguei minha bebê atravessando-a por minhas costas e peguei a chave da Kawasaki.

Fui até no quarto do meu irmão e chamei pra ele ir pra escola, depois passei lá no quarto da enjoada e ela dormia em posição fetal. Senti mó pena da patricinha e não sabia entender ela, não sabia o que era viver na área nobre e pisar os pés numa favela, até porque cresci aqui e aqui vivi.

Mas essa ideia aí dela estar grávida tinha me causado uma dor de cabeça, raiva e uma felicidade daquelas. Eu tinha uma pá de filhos por aí, de criação e biológicos mesmo, mas não queria nenhum comigo porque não queria passar pra nenhum dos meus filhos a vida que eu levava, no tráfico, queria que eles crescessem sabendo quem era o pai e de bem de vida, mas não pra ver o quanto ralava e me ver na batalha. Já bastava a preocupação no meu irmão e o medo de me perder, assim como eu tinha medo de perder a única pessoa que havia me restado. Essa novinha aí me deu uma humilhação legal e demonstrou bastante nojo de mim, e porra, ainda xingou o filho dela, mó doida mesmo né?!

Saí dali e peguei minha moto descendo meu morro e falando com todos os trabalhadores que saiam rumo à luta naquela manhã. Aqui na rocinha eu não mexo com ninguém e ninguém mexe comigo. Aqui eu sou respeitado e amado, aqui o povo é família e eu nunca deixo família minha passar nenhuma dificuldade. Nós é pobre mas somos felizes e honestos. Somos todos do gueto, favela tá no sangue.

Eu ainda não sabia distinguir essa ideia da novinha aí, mas pela primeira vez queria acompanhar aquela gravidez, nunca acompanhava a gravidez dos meus outros filhos, mas eu sentia que dessa vez eu necessitava acompanhar aquela gravidez e cuidar bastante, não iria nunca deixar aquela louca tirar meu filho, não queria nem que ela pensasse nisso, eu não mato vida inocente.

Parei na pensão e comprei meu café da manhã tomando ali mesmo na calçada tranquilo. Ativei meu rádio e ouvi os roncos na outra linha. Canela como sempre, dormindo com a porra do dedo no botão.

─ Tira o dedo do botão, filho da puta! ─ gritei pro nextel e ouvi o susto do outro lado.

─ Porra Canela, ninguém merece te ouvir roncando em plenas seis da manhã e muito menos ouvir a voz do Luan comendo ─ RL falou sonolento.

─ Sei que minha voz é sexy e linda, e que todos vocês piram ─ sorri.

─ Vão se lascar ─ Canela disse zangado e desliguei.

Peguei a moto subindo e indo pra boca conferir a mercadoria que provavelmente já havia chegado.

Cheguei na boca encontrando DG, o comandante, Canela, JJ e Luizinho por lá.

─ Fala chefe ─ cumprimentei DG que acenou com a cabeça tragando seu cigarro. Eu e DG nunca nos cheiramos, ele sempre foi o cara malvado que queria acabar com tudo por aqui e eu o que endireitava. Era pra mim ser o comandante mas era um guri, meu irmão tava pequeno demais, eu não tinha condição de ser o sucessor do meu pai então o zé cuzão pegou o meu lugar e desde daquele tempo sempre fez bastante porcaria no poder.

Cumprimentei todos com toque de bandido e acendi um cigarro normal mesmo tragando e esperando o lerdo do RL.

RL chegou depois de um tempo e fomos juntos pro depósito conferindo a mercadoria.

─ E aí mano, cadê a novinha?

─ Tá dormindo lá em casa, ainda não acredito, mó neurose, mas senti pena, ela não tem onde ficar e na rua é que não vou deixar.

─ Levou pra tua casa? ─ RL demonstrou surpresa.

─ É...

─ E o Biel?

─ Falou nadinha pô, ainda não conversei direito mas eu já assumi mesmo sem saber se é meu ou não ─ sorri rasgando as caixas com um canivete.

─ Falou o herdeiro da facção! Mas tu vai fazer como todas? Vai mandar ralar e dar dinheiro todo mês?

Ponderei um pouco e suspirei.

─ Ela não tem pra onde ir pô, e acho que não vou mandar ela vazar, gosto de desafios e ela é um desafio impossível com toda aquela marra e toda patricinha.

RL gargalhou e agachou-se puxando as caixas de madeira com armamento.

─ Só não vai se apaixonar, você é bandido e ela patricinha do olho azul... ─ ele cantarolou e repreendi no pensamento.

─ Sou casado com o perigo, tu me conhece, sem chances cara, ela não faz meu tipo e nunca vai fazer, só vou acolher ela e meu filho e aí dela se der a louca e sumir. Não tô pra brincadeira.

─ Tô ligado, chefe.

Abri as caixas olhando aquelas belezuras.

─ Barret .50, Sniper, Tommy, T.1928, Shotgun, G3, AK-47, na primeira caixa, quarenta e poucas caixa de munição, tem aqui revolver, Escopeta, Rifle, Fuzil, Granada, M-16, AR-15, Metralhadora .50 e .30, Pistola .40, .38, assim vai patrão tá ligando que Binho fez um acordo e tanto ─ RL explicava tudo mostrando as caixas e os armamentos, assobiei baixo pegando aquelas belezinhas em admiração, ninguém naquele morro entendia melhor de armas que RL.

— Tu faz a distribuição e estoca a munição, menino de ouro — falei e ele fitou-me.

— Ih tu vai pra onde mesmo, putão? — RL perguntou.

─ Vou pro escritório fazer o relatório, amanhã chega aquelas paradas e preciso arrumar a grana e agilizar isso tudo, sábado tem baile meu amor.

─ Mó pau no cu, e quanto a patrulha no asfalto? ─ ele perguntou bocejando.

─ Bota o filho da puta do Canela, o Jhon e PL no perímetro um, o zé cuzão disse que vai comandar a boca hoje ─ disse e ele assentiu, fui pro escritório e fiz foi dormir.

Acordei com a porta sendo aberta, lá estava minha puta favorita, Bia fazia um biquinho ao entrar e se deparar comigo dormindo.

─ Nem me esperou, amorzinho? ─ ela puxou seu short minúsculo revelando a calcinha de renda fio dental e sorri chamando-a com o dedo. Ela beijou meu rosto acariciando meu rosto e sentou-se sobre meu colo ficando por cima do meu membro já com a ereção marcada. 

─ O que você quer, Bia?

─ Preciso de cem reais pra comprar meu sapato novo pro baile ─ ela fez bico e apertei sua bunda com força apalpando seus seios durinhos e grandes.

─ Te dei quinhentos reais ontem, cadê essa grana?

─ Comprei meu vestido e lingeries pra mim usar com você, amor.

─ Me chupa que depois eu te dou, cadela ─ falei sentindo sua mão por dentro da minha cueca e ela levantou-se abrindo minha calça e puxando com força minha boxe vermelha. Sua boca deslizou pelo meu membro e debrucei-me fechando os olhos.
Bia era uma safada diplomada!

Onde é que tava com a cabeça?!

Apenas um TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora